quarta-feira, 9 de maio de 2007

Postado por Melquisedec Nascimento

NOVAS SETE IRMÃS E A PARCERIA PARA AS AMÉRICAS

Matéria do Financial Times de 11 de março de 2007, intitulada, As novas Sete Irmãs, analisadas em conjunto com o artigo do Almirante James Stavridis, Comandante do Comando Militar Sul dos EUA, publicado no Jornal do Brasil, em 06 de maio de 2007, faz-nos entender o porquê de tanta oposição dos EUA ao governo do presidente Hugo Chávez da Venezuela, bem como acende uma luz de alerta para os brasileiros sobre a inevitável oposição futura do governo estadunidense aos interesses do Brasil.

Segundo o periódico londrino, nos últimos quatro anos, um grupo de empresas estatais de países que não pertencem ao mundo das grandes potências, surgiu no cenário econômico internacional, desbancando os maiores grupos de energia com ações na bolsa do mundo. As novas sete irmãs são Aramco, da Arábia Saudita;Gazprom,da Rússia;CNPC, da China;NIOC, do Irã;PDVSA, da Venezuela;Petrobrás, do Brasil e Petronas, da Malásia.Essas empresas controlam um terço da produção mundial de petróleo e gás e mais de um terço das reservas totais de petróleo e gás, enquanto que as velhas sete irmãs, controlam apenas 3% das reservas. A Aramco era tolerada pelas companhias internacionais e pelas grandes potências, porém a recente mudança na influência internacional de companhias petrolíferas nacionais menores tem sido mais difícil de aceitar.No final de 2006, a BP e a Shell perderam o segundo e o terceiro lugar entre as empresas do setor para a Gazprom e a PetroChina(88% controlada pela CNPC).

Ocorreu uma forte mudança estratégica, pois os estados nacionais passaram a ter mais poder de decisão nos investimentos dos lucros obtidos com a indústria petrolífera. Fatih Birol,economista-chefe da AIE(Agência Internacional de Energia)afirmou que "a falta de disposição dos governos em permitir que as suas companhias petrolíferas nacionais reinvistam os seus recentes grandes lucros na própria indústria petrolífera, está na raiz de muitos dos temores sobre oferta futura." Birol acrescenta ainda:" Em vez de investir em mais energia, esses governos usam o dinheiro para empreendimentos sociais, ou ele é desperdiçado", portanto eles não querem que os países emergentes invistam no social, em saúde, educação e segurança, querem investimentos em energia para garantir petróleo e gás para eles. Pronto, aqui está o alerta para o Brasil( a Venezuela já está de olho), haja vista que a China e Rússia possuem armas de destruição em massa, a Malásia está muito distante e a Arábia Saudita já está sob controle, concluímos que as bolas da vez, por ordem, são o Irã, a Venezuela e o Brasil. Os EUA e as grandes potências necessitam de energia para suas indústrias e não irão aceitar que governos de países emergentes, mediante as novas sete irmãs, ditem o controle de suas economias, razão pela qual os estadunidenses passaram a ficar de olho nos biocombustíveis brasileiros e querem ser nossos parceiros.

O alusivo artigo do Almirante James Stavridis, intitulado com o lema do Comando Militar Sul dos EUA, Parceria para as Américas, demonstra que os EUA estão interessados em parceria inclusive na segurança. Diz o Almirante:" Nossa meta é adotar uma série de programas para promover segurança, estabilidade e boa vontade na região,permitindo assim a disseminação da verdadeira prosperidade a 450 milhões de habitantes dessa parte das Américas". Ora, se os estadunidenses estivessem interessados em disseminar prosperidade na região, já deveriam ter aberto seus mercados aos produtos primários exportados pelos países da América latina, inclusive para o etanol brasileiro. Tudo não passa de retórica, devendo os brasileiros ficarem alerta para mais um canto da sereia.

O Almirante torna a utilizar os mesmos argumentos que fundamentam a intervenção estadunidense no mundo, bem como deixam patente serem os líderes do processo de globalização contra os estados nacionais, portanto contra as Forças Armadas e Empresas Estatais, pois entende-se nas entrelinhas que não há razão de termos FFAA nacionais, se vivemos em um mundo globalizado, quanto mais estatais petrolíferas, por isso estão atacando a PEMEX(Petróleos Mexicanos), quase obrigando sua privatização.Eis o argumento do porta-voz militar estadunidense para a Ibero-América: "Quando se analisam os desafios comuns enfrentados na região, percebe-se rapidamente que nenhuma ação isolada,pequena ou grande,pode superá-los.Tráfico de drogas,lavagem de dinheiro,financiamento e recrutamento de terroristas, contrabando de pessoas, desastres naturais, nada disso se detem nas fronteiras dos países.Esses desafios exigem soluções cooperativas;exigem parcerias."

A política externa brasileira precisa cumprir a constituição federal, que em seu parágrafo único, do artigo 4º, estabelece:" A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América latina, visando à formação de uma comunidade Latino-americana de nações ."

REAGE BRASIL!

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