O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou ontem que o Brasil tem interesse em ampliar as exportações de petróleo para os Estados Unidos e admitiu que o tema pode ser tratado na viagem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva inicia esta semana àquele país.
Com a perspectiva de descobertas gigantes no pré-sal, o Brasil atraiu o interesse de grandes consumidores do combustível, como a China, que acena com financiamento à Petrobrás em troca de garantia de fornecimento de petróleo.
O tema vem provocando especulações na imprensa internacional. Ontem, o jornal espanhol El País publicou reportagem afirmando que já há conversas informais sobre um acordo comercial bilateral que aumente o fluxo de petróleo entre Brasil e EUA. Segundo o texto, o interesse pela compra de petróleo brasileiro já foi anunciado pela administração Barack Obama que, assim, reduziria sua dependência da Venezuela, de Hugo Chávez.
Petrobrás e Itamaraty dizem desconhecer tratativas sobre o tema, mas Lobão diz que há um interesse mútuo que poderia se transformar em acordo comercial. "O mundo inteiro quer comprar nosso petróleo. Há uma fila para comprar nosso petróleo", disse o ministro, explicando que o Brasil tem excesso de petróleo pesado e os países precisam fazer "um mix" dos óleos pesados e leves. Ele lembra que, com a exploração da camada do pré-sal, o Brasil também terá elevada produção de óleo leve."Eventualmente, pode ocorrer uma negociação na viagem (de Lula aos EUA), comentou Lobão. A agenda, porém, não prevê o fechamento de nenhum acordo durante o primeiro encontro entre Lula e Obama. No mês passado, a Petrobrás firmou um acordo de cooperação com empresas chinesas, segundo o qual garantiu um financiamento de US$ 10 bilhões em troca do fornecimento de petróleo. Os detalhes sobre volume ou preços de exportação do óleo brasileiro ainda não foram definidos.
Lobão disse que um eventual acordo com os Estados Unidos não deve provocar atritos com Hugo Chávez. "Ele é quem mais vende petróleo. Vende 2 milhões de barris por dia, mais do que consumimos no Brasil", afirmou. "O Chávez é amigo do Brasil", contemporizou, dizendo que os EUA não deixarão de comprar da Venezuela.
A Petrobrás exportou, em 2008, a média de 439 mil barris de petróleo por dia, e a tendência é que o número cresça à medida que novos campos entrem em operação. Segundo os planos da empresa, o pré-sal estará produzindo, em 2020, 1,8 milhão de barris, o equivalente a todo o consumo atual do País.
Para o consultor político Thiago de Aragão, da Arko Advice, porém, as possibilidades de um acordo com os EUA no curto prazo para venda de petróleo são remotas. Ele acredita que a agenda americana com o Brasil está hoje mais voltada para o etanol. O tema, no entanto, foi retirado da pauta do encontro presidencial, informou Lobão. "O Palácio achou melhor deixar o tema para outro momento", disse o ministro, sem dar mais detalhes. "O que não impede Lula de falar sobre o assunto", acrescentou.
NÚMEROS
US% 10 bi é quanto a Petrobrás vai obter em financiamento do governo chinës em troca defornecimento de petróleo
439 mil barris de petróleo por dia foi quanto o Brasil exportou no ano passado
2 milhões de barris de petróleo por dia é quanto a Venezuela exporta
1,8 milhão de barris de petróleo por dia será quanto o País vai produzir em 2020 no pré-sal, o equivalente a todo o consumo atual do País
(Fonte: Porto Gente / O Estado de S.Paulo, 2009-03-10).
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