Logo depois de anunciar um lucro anual recorde de R$ 33 bilhões, a Petrobras não teve um grande desempenho das suas ações na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). As ações preferenciais subiram apenas 0,11%, enquanto as ordinárias (com direito a voto) apresentaram valorização de 0,25%. No ano, as ações preferenciais têm alta de 12,47%, mas nos últimos 12 meses a perda chega a 32,48%. O Ibovespa, principal indicador da Bolsa paulista, encerrou o dia com retração de 0,98%, aos 36.741 pontos.
Para George Sanders, estrategista de renda variável da Infinity Asset Management, alguns fatores fizeram com que as ações apresentassem este desempenho. "Primeiro, foram as bolsas lá fora, que estão em queda. Depois, tem a questão do petróleo, que está com um valor muito baixo. E, por fim, o balanço da companhia que veio dividido e os investidores não gostaram do alto preço na produção e de o resultado ter sido ajudado pelo movimento cambial", explica Sanders.
Luiz Otávio Broad Nunes, analista do setor petrolífero da Ágora Corretora, creditou o desempenho apagado das ações da companhia ao desempenho do Ibovespa. "A Bolsa caiu quase 1%, este foi o principal fator de a Petrobras não conseguir um bom dia no mercado", afirma o analista.
O volume financeiro da Bolsa foi de R$ 2,7 bilhões, com 221.870 contratos negociados no dia. As ações PN da Petrobras foram as mais negociadas no pregão desta segunda-feira, com volume financeiro de R$ 692 milhões. As ON ficaram com a terceira maior negociação, com montante de apenas R$ 165,7 milhões.
O plano de investimentos da Petrobras para o período de 2009 a 2013 será de US$ 174,4 bilhões, e este também é um dos pontos que preocupam alguns investidores, principalmente os de curto e médio prazo. "Na minha opinião, a Petrobras esta caminhando na contramão do mercado, realizando investimentos enquanto o mundo passa por um período de desaceleração e recessão", acredita Sanders.
Quanto ao audacioso plano de investimentos, Broad é mais confiante e afirma que esta não é a principal preocupação do investidor no momento. "Com este plano, fica claro que a companhia vai ter mais despesas, mas, pensando no longo prazo, a Petrobras poderá se beneficiar de um aumento de produção vindo dos investimentos realizados", diz ele.
Para fazer uma análise de o que o mercado pode querer com as ações da Petrobras, Sanders prefere esperar porque ainda faltam divulgações que podem mudar o destino de alguns investidores. "A cautela deve continuar até a companhia divulgar seus resultados no mercado externo, acho que isso deve ocorrer até dez dias após a divulgação do Brasil. Como lá fora a regra contábil é mais exigente, é mais correto esperar para ver o que vai acontecer", disse ele.
Neste mês a WinTrade, home broker da Alpes Corretora, colocou em sua carteira recomendada as ações preferenciais da estatal. "A petrolífera reagiu bem tanto às declarações de seu presidente - de que não pretende, por enquanto, ajustar para baixo os preços da gasolina - quanto ao comportamento do preço do petróleo, que pelo terceiro mês consecutivo conseguiu se sustentar acima dos US$ 45,00 o barril", explicou a corretora, em sua carteira recomendada, que segue a mesma recomendação do mês de fevereiro. Não só a estatal fez parte da continuidade, como as demais companhias brasileiras.
Mercado externo
Ontem a Petrobras começou a explorar o campo de petróleo de Akpo, localizado em águas profundas da Nigéria. A estatal detém 16% de participação, em parceria com a francesa Total (operadora do bloco), as nigerianas Nigerian National Petroleum Corporation (NNPC) e South Atlantic Petroleum (Sapetro), além de uma petrolífera chinesa. O início da produção estava previsto para abril, mas a operadora conseguiu antecipar o cronograma em um mês.
Outro ponto que pode ser positivo para os investidores brasileiros e estrangeiros, e será aguardado no mercado de hoje, foi a publicação em um jornal espanhol de que o presidente dos EUA, Barack Obama, tem interesse em mais petróleo brasileiro.
Possível acordo para aumentar fluxo de venda de petróleo brasileiro para os Estados Unidos impediram que as ações da Petrobras fechassem em queda ontem, mesmo com baixa da Bolsa de Valores (Fonte: DCI, 2009-03-10).
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