Vanessa Jurgenfeld
Uma empresa indiana da área de fertilizantes está iniciando pesquisas com xisto betuminoso no Brasil. A Oswal Chemicals and Fertilizers, com sede em Nova Déli, já foi autorizada a fazer pesquisas no estados do Paraná e de Santa Catarina, sendo que também poderá iniciar estudos em São Paulo. A intenção da empresa, focada principalmente em fertilizantes, é diversificar a atuação e extrair óleo a partir do processamento do xisto no Brasil - um combustível similar ao petróleo de poço. Os executivos ligados à empresa no Brasil não estão autorizados a dar entrevista. No entanto, as informações sobre a chegada da Oswal já começaram a circular nos órgãos dos governos estaduais e municipais, que foram procurados pela companhia. A Oswal se estabeleceu em Curitiba (PR) há cerca de seis meses com a denominação de Oswal Brasil Refinaria de Petróleo. E seu objetivo era fazer pesquisas na formação Irati, a principal reserva de xisto do Brasil. Formações como essas ocorrem nos estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul, com cerca de 2 mil quilômetros de extensão,
sendo que a principal área de exploração dessa reserva fica no estado do Paraná, em São Mateus do Sul, onde a Petrobras mantém atividades. Contudo, a Oswal quer começar suas pesquisas por Santa Catarina, em cidades vizinhas à São Mateus do Sul. A empresa pretende realizar estudos na região do Planalto Norte catarinense, em
cidades como Três Barras e Papanduvas, próximas a Canoinhas, em uma área de 16 mil hectares. Com isso, poderá saber a real capacidade das reservas de xisto por ali. Agora, caso não encontre viabilidade econômica em Santa Catarina, a empresa pretende realizar pesquisas no Paraná e em São Paulo. Mas o mapa geológico da
região que já começou a ser pesquisada em Santa Catarina deverá estar concluído em 15 dias, e depois terá início a perfuração para análise do mineral. A previsão é de que as pesquisas estejam concluídas até julho.
O estudo da empresa indiana chama a atenção. A exploração do xisto betuminoso é mais antiga do que o conhecimento do petróleo de poço, com os Estados Unidos, por exemplo, fazendo as primeiras tentativas de exploração comercial do xisto no século 18. Mas quando foi perfurado o primeiro poço de petróleo, o xisto, cujos processos de extração são mais custosos, perdeu competitividade para o novo combustível, que chegava mais barato. Nos anos 70, com a crise do petróleo, o xisto voltou a um lugar de destaque, como uma importante fonte alternativa, mas os investimentos não foram fortes suficientes e nem constantes, já que o petróleo de poço ainda se mostrou economicamente mais viável. Por enquanto, a Oswal ainda está na fase inicial de pesquisa, e conforme os resultados encontrados, fará um estudo de viabilidade econômica para construir uma refinaria. O interesse da empresa está relacionado à crescente demanda mundial por combustível e a necessidade de se buscar alternativas ao petróleo de poço, dada sua limitação natural. Da exploração do xisto, também se pode retirar o gás liqüefeito de petróleo (GLP ou gás de cozinha), enxofre e águas amoniacais. A legislação brasileira permite que estrangeiros pesquisem e explorem o xisto. Mas após as pesquisas, caso a Oswal opte pelo processamento e criação de uma refinaria, ela ainda terá que pedir uma concessão de lavra junto ao governo federal, além de licença ambiental e um plano de recuperação da área. O grupo indiano também terá que se adaptar à legislação brasileira. Segundo o vice-governador de Santa Catarina, Leonel Pavan, que recebeu os empresários no estado, nos primeiros dois anos poderão ser investidos US$ 1,7 bilhão pela empresa. Com a possibilidade de construção de uma refinaria, esses recursos seriam ainda maiores, podendo chegar a US$ 8 bilhões. De acordo com Pavan, os empresários procuraram o governo para uma parceria, mas caso de fato invistam em uma refinaria, pedem acesso à energia para o empreendimento. A Oswal Chemicals and Fertilizers faz parte do grupo Oswal, criado em 1981, sendo hoje um dos 20 maiores grupos da Índia em patrimônio líquido, que somou cerca de US$ 350 milhões (2003), segundo informações disponíveis no site da empresa. O executivo que está no Brasil coordenando os possíveis novos negócios do grupo é Rajnish Julka, um indiano que será um dos diretores principais, caso as prospecções no Brasil se mostrem economicamente viáveis. No Brasil hoje, somente a Petrobras produz óleo de xisto, por meio da unidade de São Mateus do Sul, no Paraná, onde desenvolveu uma tecnologia de processamento chamada Petrosix. O país possui a segunda maior reserva de xisto, atrás somente dos Estados Unidos. Além da formação Irati, a formação do Vale do Paraíba (SP) também é uma das principais reservas do Brasil. O xisto é uma rocha sedimentar na qual há disseminado um complexo orgânico sólido chamado querogênio. Seu óleo geralmente dá os mesmos derivados do petróleo de poço como nafta, querosene, gasolina, óleo combustível e coque. (Valor Online)
sendo que a principal área de exploração dessa reserva fica no estado do Paraná, em São Mateus do Sul, onde a Petrobras mantém atividades. Contudo, a Oswal quer começar suas pesquisas por Santa Catarina, em cidades vizinhas à São Mateus do Sul. A empresa pretende realizar estudos na região do Planalto Norte catarinense, em
cidades como Três Barras e Papanduvas, próximas a Canoinhas, em uma área de 16 mil hectares. Com isso, poderá saber a real capacidade das reservas de xisto por ali. Agora, caso não encontre viabilidade econômica em Santa Catarina, a empresa pretende realizar pesquisas no Paraná e em São Paulo. Mas o mapa geológico da
região que já começou a ser pesquisada em Santa Catarina deverá estar concluído em 15 dias, e depois terá início a perfuração para análise do mineral. A previsão é de que as pesquisas estejam concluídas até julho.
O estudo da empresa indiana chama a atenção. A exploração do xisto betuminoso é mais antiga do que o conhecimento do petróleo de poço, com os Estados Unidos, por exemplo, fazendo as primeiras tentativas de exploração comercial do xisto no século 18. Mas quando foi perfurado o primeiro poço de petróleo, o xisto, cujos processos de extração são mais custosos, perdeu competitividade para o novo combustível, que chegava mais barato. Nos anos 70, com a crise do petróleo, o xisto voltou a um lugar de destaque, como uma importante fonte alternativa, mas os investimentos não foram fortes suficientes e nem constantes, já que o petróleo de poço ainda se mostrou economicamente mais viável. Por enquanto, a Oswal ainda está na fase inicial de pesquisa, e conforme os resultados encontrados, fará um estudo de viabilidade econômica para construir uma refinaria. O interesse da empresa está relacionado à crescente demanda mundial por combustível e a necessidade de se buscar alternativas ao petróleo de poço, dada sua limitação natural. Da exploração do xisto, também se pode retirar o gás liqüefeito de petróleo (GLP ou gás de cozinha), enxofre e águas amoniacais. A legislação brasileira permite que estrangeiros pesquisem e explorem o xisto. Mas após as pesquisas, caso a Oswal opte pelo processamento e criação de uma refinaria, ela ainda terá que pedir uma concessão de lavra junto ao governo federal, além de licença ambiental e um plano de recuperação da área. O grupo indiano também terá que se adaptar à legislação brasileira. Segundo o vice-governador de Santa Catarina, Leonel Pavan, que recebeu os empresários no estado, nos primeiros dois anos poderão ser investidos US$ 1,7 bilhão pela empresa. Com a possibilidade de construção de uma refinaria, esses recursos seriam ainda maiores, podendo chegar a US$ 8 bilhões. De acordo com Pavan, os empresários procuraram o governo para uma parceria, mas caso de fato invistam em uma refinaria, pedem acesso à energia para o empreendimento. A Oswal Chemicals and Fertilizers faz parte do grupo Oswal, criado em 1981, sendo hoje um dos 20 maiores grupos da Índia em patrimônio líquido, que somou cerca de US$ 350 milhões (2003), segundo informações disponíveis no site da empresa. O executivo que está no Brasil coordenando os possíveis novos negócios do grupo é Rajnish Julka, um indiano que será um dos diretores principais, caso as prospecções no Brasil se mostrem economicamente viáveis. No Brasil hoje, somente a Petrobras produz óleo de xisto, por meio da unidade de São Mateus do Sul, no Paraná, onde desenvolveu uma tecnologia de processamento chamada Petrosix. O país possui a segunda maior reserva de xisto, atrás somente dos Estados Unidos. Além da formação Irati, a formação do Vale do Paraíba (SP) também é uma das principais reservas do Brasil. O xisto é uma rocha sedimentar na qual há disseminado um complexo orgânico sólido chamado querogênio. Seu óleo geralmente dá os mesmos derivados do petróleo de poço como nafta, querosene, gasolina, óleo combustível e coque. (Valor Online)
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