"A confirmação do primeiro poço seco perfurado na região de pré-sal da Bacia de Santos mostrou que as explorações na área não são o bilhete premiado que vinha sugerindo a Petrobras desde os primeiros estágios de discussões sobre a nova regulamentação na área."
O texto, extraído de relatório distribuído a clientes do Banco Credit Suisse, reflete a opinião quase unânime de analistas e especialistas desde o anúncio oficial de que o BM-S-22, na área de Guarani, não apresentou descobertas. O bloco, operado pela Exxon (40%) em parceria com a Hess Corporation (40%) e a Petrobras(20%), foi o único de um total de 16 poços perfurados no complexo de Tupi, em Santos, a não revelar a existência de jazida.
Até então, o índice de sucesso de 100% nas perfurações - fato raro numa atividade onde o normal é que cerca de 30% dos poços tenham resultado positivo - elevou a exploração no pré-sal brasileiro à categoria de risco praticamente zero.
Todos os especialistas ressaltam, entretanto, que este primeiro resultado negativo é insuficiente para arrefecer os ânimos com relação ao pré-sal. "Nós não estamos sugerindo que o potencial do pré-sal seja questionável, mas que os riscos existem e que as expectativas precisam ser moderadas", acrescenta relatório do Credit Suisse, que já havia revisado de 15 bilhões de barris para 5 bilhões as estimativas de reservas para o BM-S-22. Esse total ainda deve cair um pouco.
A frustração de expectativas chegou a ser apontada como uma das causas para o fraco desempenho das ações da Petrobras no fim do pregão de terça-feira e ontem. O diretor financeiro, Almir Barbassa, rechaçou a hipótese. "As ações caíram acompanhando os preços do barril de petróleo", disse. Já o presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, afirmou que não há risco de encontrar poços vazios nos campos de exploração de petróleo na camada pré-sal, operados pela companhia. "Nós temos seis áreas e estamos com todos os dados constatando as nossas informações iniciais", afirmou.
Para Eduardo Roche, chefe de análise da Modal Asset, a descoberta de um poço seco só gerou frustração por conta da elevada expectativa que todos tinham com relação ao pré-sal. "Um fato como este é um alerta suficiente para o governo baixar a bola e reavaliar o que fazer".
Explorar petróleo no pré-sal brasileiro custará caro justamente pelo baixo risco dos investimentos, é o que vem demonstrando o governo.
Esta tese já havia encontrado resistência entre representantes da indústria privada e por várias vezes o presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), João Carlos De Lucca, chegou a ressaltar em público os altos custos e a dificuldade de extração do petróleo em profundidade tão elevada.
Os baixos riscos foram balizadores da proposta de aumento nos royalties sobre a exploração na área e validaram a ideia de um novo tipo de contrato no País, de partilha das reservas.
Para o geólogo e consultor John Forman, ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o novo marco regulatório começou a ser discutido num momento de euforia. Para ele, o fato de haver apenas um poço sem descobertas, entre todos os perfurados seria "perfeitamente normal, caso não tivessem sido levantadas tantas expectativas elevadas antecipadamente" (Fonte: Ultimo Segundo - IG / Agência Estado, 2009-07-09).
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