Maior visibilidade internacional e mais responsabilidade interna são as consequências imediatas da participação do presidente angolano, José Eduardo dos Santos, na cúpula do G-8, que acontece na quarta-feira na Itália, segundo analistas angolanos ouvidos pela Agência Lusa.
O convite feito pelo primeiro-ministro italiano, Sílvio Berlusconi, para estar em L'Aquila, deve-se ao crescente papel de Luanda na política mundial graças à sua condição de grande produtor de petróleo e o seu papel decisivo no jogo diplomático africano, especialmente na África Austral.
Segundo Justino Pinto de Andrade, professor universitário, sendo Angola atualmente “um parceiro internacional interessante” no que diz respeito ao petróleo, detendo a atual presidência rotativa da Organização de Países Produtores de Petróleo (OPEP), sua importância se torna ainda maior.
“Angola não pode ficar de fora na discussão de problemas internacionais, como a crise econômica e financeira mundial, por onde passam também os problemas energéticos”, disse Andrade. Porém, ele destaca que o convite não pode ser visto na perspectiva pessoal, mas sim “no que ele representa”.
Além de Angola, foram convidados a participar da reunião outros países africanos, como África do Sul, Argélia, Egito, Nigéria e Senegal.
Responsabilidade interna
Por outro lado, Alcides Sakala, dirigente do partido de oposição angolano Unita, acredita que a participação vai requerer “maior responsabilidade na política interna, no que diz respeito aos direitos humanos, a necessidade de combate à corrupção, maior transparência nos atos de gestão dos recursos do país, combate à pobreza”. Já o analista político Sebastião Isata, antigo vice-ministro das Relações Exteriores, também é da opinião que o papel importante de Angola na geopolítica africana, a presidência da OPEP e a consolidação da democracia angolana, ampliada no ano passado com a realização de eleições, constituíram pontos essenciais para o convite.
“O convite constitui um reconhecimento do papel importante que Angola vem desempenhando na região Austral de África, bem como do seu crescimento econômico registrado nos últimos tempos”, afirmou.
Importância
Para o ministro angolano da Economia, Manuel Nunes Júnior, o convite surge porque o país possuiu “uma das economias que mais crescem em África” e é, por isso, um importante pólo de atração para os grandes investidores internacionais.
“É um reconhecimento internacional de vigor do nosso crescimento econômico, das transformações que têm sido introduzidas e das várias reformas que também têm sido implementadas e que nos devem orgulhar e aumentar a nossa auto-estima como angolanos”, disse.
O ministro considerou ainda que se trata de uma oportunidade para Angola manifestar as suas preocupações.
“Sempre que se está a conversar com as economias mais fortes do mundo, está-se perante uma oportunidade em que se podem colocar as nossas preocupações, inquietações, sempre no sentido de fazer com que as nossas economias sejam cada vez mais equilibradas e consigam resolver os problemas sociais e outros que afetam as suas populações”, concluiu (Fonte: Agência Lusa, 2009-07-07).
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