sábado, 4 de abril de 2009

Crescem relações económicas e diplomáticas entre Timor Leste e China


As relações económicas e diplomáticas de Timor-Leste com a China estão em crescendo, apesar de recente polémica, e o potencial energético e as infra-estruturas projectadas no país lusófono oferecem oportunidades para as empresas chinesas, de acordo com a Fundação Jamestown.


Em relatório divulgado este mês, os investigadores da fundação norte-americana definem o acesso às reservas de petróleo e gás timorenses como “um dos principais interesses” da China no país lusófono, embora até agora “sem grandes sucessos”, nomeadamente no “on-shore”, que foi prospectado pela PetroChina em 2005. “O maior prémio para a China seria aceder às reservas de gás natural liquefeito (GNL) de Timor-Leste”, nomeadamente do campo “Greater Sunrise” avaliadas em 8,3 triliões de pés cúbicos, além de 300 milhões de barris de petróleo em rama, referem.


Em cima da mesa está a construção de um gasoduto para uma central de processamento em território timorense, projecto que estará a ser seguido muito de perto pelas energéticas públicas chinesas, interessadas na construção e na compra do gás. “A Coreia do Sul e a Tailândia mostraram-se muito interessadas em comprar GNL de Timor-Leste, embora o seu entusiasmo tenha arrefecido devido à crise financeira global e preços energéticos em quebra. Pequim, apostando num aumento do preço dos hidrocarbonetos assim que se desencadeie a inevitável recuperação económica, deverá ter uma perspectiva mais de longo prazo”, refere o relatório. “Desde a independência de Timor-Leste, a China estabeleceu-se como um importante actor nos assuntos diplomáticos e políticos do país. Mas o seu papel tem sido ampliado, sobretudo quando comparado com os da Austrália, Portugal, Indonésia e Estados Unidos”, refere o relatório do “think tank” norte-americano.


A China foi o primeiro país a estabelecer relações diplomáticas com Timor-Leste, em 2002.


A ajuda oficial tem vindo a crescer continuamente, embora esteja ainda aquém da prestada pelos parceiros tradicionais e pelas Nações Unidas.Tem sido empregue sobretudo na construção de edifícios públicos, nomeadamente os que albergam o Ministério dos Negócios Estrangeiros (entregue no início de 2008 com um custo de sete milhões de dólares), mas também o Palácio Presidencial e o Quartel-General das Forças Armadas timorenses (seis milhões de dólares cada), em construção.


Ao nível dos recursos humanos, nos últimos sete anos mais de 400 funcionários públicos e técnicos timorenses receberam formação na China, nas áreas de administração pública, planeamento económico, turismo, saúde, construção e tecnologia.“Duas áreas de apoio chinês que têm sido particularmente úteis são a Saúde Pública e a Agricultura”, através, respectivamente, do envio de médicos e de um plano de plantio de arroz híbrido, sublinha a Fundação Jamestown.


A comunidade chinesa no país está estimada em até 3 mil pessoas.


O “think tank” norte-americano salienta ainda a continuidade da ajuda e a “manifestação de confiança nas perspectivas económicas”, mesmo nos períodos de instabilidade que o país tem vivido, o que tem contribuído para cativar o governo.


As trocas comerciais expandiram-se de 1,7 milhões de dólares em 2005 para 9,4 milhões, tornando a China no quarto maior parceiro comercial timorense.


Perspectiva-se este ano o lançamento de importantes projectos de infra-estruturas, como a construção do aeroporto, novas estradas, barragens e instalações portuárias, e espera-se a participação de construtoras chinesas, embora com “forte concorrência” de congéneres coreanas, indonésias e malaias (Fonte: Macauhub, 2009-03-31).

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