A Petrobras prepara-se para fazer um dos maiores aumentos de capital da história mundial. A gigante do petróleo, controlada pelo governo federal brasileiro, pretende recapitalizar-se em até 25 mil milhões de dólares, numa operação que deverá estar concluída até ao final do mês de Setembro.
O objectivo é ajudar a financiar a exploração na camada pré-sal nos poços ultra-profundos na Bacia de Santos, como o Tupi, onde a Galp Energia também está presente. O Tupi foi a descoberta "offshore" mais promissora no continente americano desde o Cantarell do México, em 1976.
A Petrobras tem um plano de investimentos de 224 mil milhões de dólares até 2014, cerca de um terço dos quais serão aplicados ao longo deste ano. No âmbito do aumento de capital, a empresa está também a adquirir ao Estado os direitos de exploração em sete novos campos petrolíferos na Bacia de Santos. Em troca, o Estado, que já controla cerca de 32% do capital, recebe mais acções da petrolífera. O aumento de capital foi adiado em Junho, porque a empresa e o governo preferiram esperar para obter avaliações independentes acerca do potencial das reservas de exploração. Em causa estava o preço médio dos direitos à exploração de petróleo a ser usado no processo de capitalização da Petrobras.
E a decisão chegou na quarta-feira, ao fim de várias semanas de negociações entre a Petrobras e a Agência Nacional do Petróleo (ANP). A gigante vai entregar ao governo federal 42,5 mil milhões de dólares em acções em troca dos direitos de exploração de reservas que podem conter o equivalente a 5 mil milhões de barris de petróleo. Os 8,51 dólares por barril acordados entre as partes ficaram em linha com o intervalo previsto pelo mercado. E também em Portugal foi acompanhado de perto, já que o valor serve de referência para a avaliação dos activos da Galp no Brasil, que estão geograficamente próximos dos campos petrolíferos cujas licenças estão agora a ser negociadas.
As acções da Petrobras não têm tido vida fácil na bolsa desde o início do ano, acumulando uma queda de 22,7%. Mas o mercado aposta numa recuperação do título, agora que está a reduzir-se a incerteza em torno da recapitalização."Neste momento, acredito que a Petrobras conseguirá ter uma boa evolução dos lucros, principalmente com a tendência de alta nos preços do petróleo nos mercados internacionais", comentou Alcides Leite, um professor de economia da Trevisan Escola de Negócios, citado pela agência IN.
Ainda assim, nos últimos meses, grandes investidores internacionais, como George Soros e o "private-equity" Blackrock despejaram acções da Petrobras. Entre os 17 analistas consultados pela Bloomberg, dez recomendam a entrada nas acções e sete aconselham manter os títulos. Nenhuma casa de investimento recomenda a venda. Os analistas estão, neste momento, inibidos pelo "período de silêncio" relacionado com o aumento de capital. (Fonte: Jornal de Negócios, 2010-09-07).
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