As petrolíferas chinesas continuam "famintas" por petróleo angolano, competindo mesmo entre si. Contudo, Pequim prepara-se para diminuir a dependência do "ouro negro" angolano, segundo um relatório divulgado nesta segunda-feira pela Chatham House.
"A China tem estado a modernizar as suas refinarias para reduzir as necessidades de petróleo da África. É de esperar que se torne menos dependente nos próximos anos", indica o relatório do centro de estudos estratégicos britânico.
De acordo com a Chatham House, a petrolífera Sinopec "continua faminta por novas aquisições em Angola", estando pré-qualificada para a próximo leilão de blocos petrolíferos (adiado devido à conjuntura depressiva do mercado), através da SIG e da SSI, um parceria com a estatal angolana Sonangol.
A recente aquisição da norte-americana Marathon Oil pela Sinopec de uma participação de 20% no Bloco 32 em Angola, negócio que contou com o interesse paralelo da também chinesa CNPC, demonstra uma nova tendência de disputa entre as petrolíferas de Pequim, defende.
"Pela primeira vez, as petrolíferas chinesas estão a concorrer abertamente entre elas por concessões angolanas", aponta o estudo.
O documento destaca também que são "altamente exagerados" os medos de que o setor petrolífero de Angola e Nigéria sejam apropriados por petrolíferas asiáticas, uma vez que são as grandes petrolíferas norte-americanas ou europeias que reclamam uma maioria das reservas.
"Nem Nigéria nem Angola encaixam no estereótipo dos frágeis estados africanos explorados implacavelmente por tigres asiáticos famintos de recursos", diz.
Abordagem
Os pesquisadores destacam ainda a abordagem mais pragmática da China em relação a Angola, em contraste com a de outros países asiáticos, sobretudo a Índia.
"Os laços entre negócios privados e estatais são um fator chave no sucesso das estratégias petrolíferas chinesas em Angola, face às de outros países asiáticos. As profundas relações políticas e empresariais entre China e Angola contrastam fortemente com a abordagem da Índia", frisa.
Angola é o maior fornecedor petrolífero africano da China - 599 milhões de barris em 2008, no valor de US$ 59,9 bilhões, segundo dados da Agência Internacional de Energia. Além disso, os empréstimos da China, que tem o petróleo como garantia, têm financiado a reconstrução do país africano.
A assistência chinesa permitiu o início de cerca de 120 projetos desde 2004, e até março deste ano o volume de ajuda financeira estava estimado em US$ 15 bilhões.
Atualmente, destaca o relatório, os empréstimos já não são exclusivamente garantidos por petróleo e o último empréstimo chinês ( de US$ 1 bilhão, em março) está direcionado para o desenvolvimento da agricultura (Fonte: TN Petróleo / Agência Lusa, 2009-08-10).
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