A Geocapital, “holding” dos empresários Stanley Ho e Ferro Ribeiro para investimentos nos países de língua portuguesa, quer afirmar-se como um dos principais produtores mundiais de biocombustíveis até 2018, baseando a operação em Angola, Moçambique e Guiné-Bissau.
Ambrose So, um dos principais colaboradores de Stanley Ho, afirmou na semana passada em entrevista à agência noticiosa portuguesa Lusa que o projecto implica um investimento de até 40 mil milhões de dólares e que “os estudos de viabilidade e desenvolvimento do produto estão concluídos”.
Segundo noticiava recentemente a “newsletter” Africa Monitor, um dos projectos em fase de estudo de viabilidade técnico-económica envolve a plantação de jatrofa (pinhão-manso, na terminologia brasileira), numa área de grande dimensão no Leste da Guiné-Bissau.
O projecto seria entregue à subsidiária Geogolfo e envolverá também a construção de uma unidade de refinação, se for considerado satisfatório o volume de produção da matéria-prima, considerada uma das de maior potencial para produção de combustíveis “verdes”.
Está previsto que a plantação de jatrofa seja feita em duas modalidades: directamente pela Geogolfo, em superfícies cedidas pelo Estado, e também pelas próprias populações, com base em entendimentos com a empresa.
A Geocapital é actualmente dos investidores estrangeiros que demonstram maior interesse na Guiné-Bissau, onde no final do ano passado comprou 60 por cento do Banco da África Ocidental (BAO) aos portugueses do Montepio Geral e Banco Efisa.
Chegou também a acalentar projectos turísticos, nomeadamente um complexo hoteleiro com casino na ilha Caravela, arquipélago dos Bijagós, considerado Reserva Ecológica Biosférica pela UNESCO.
Na entrevista à agência noticiosa portuguesa, Ambrose So afirmou que o projecto dos biocombustíveis envolve a plantação de “dezenas de milhares” de quilómetros quadrados nos três países de língua portuguesa.
A produção deverá começar dentro de dois ou três anos, atingindo dentro de 10 a 15 anos 14 milhões de toneladas anuais, o equivalente a 10 por cento da produção mundial.
O projecto irá envolver parceiros que estão identificados e o financiamento será assegurado em regime de “project finance”.Baseada em Macau, a Geocapital tem vindo nos últimos anos a reforçar a sua presença nos países de língua portuguesa, notoriamente no sector financeiro.
Em Moçambique, onde já tinha tentado várias abordagens, anunciou que vai criar um banco de raiz, o Moza Banco, onde terá 49 por cento, cabendo os restantes 51 por cento a centena e meia de investidores, entre pessoas individuais e colectivas.Os planos para este país do Índico passam também por investimentos, através da subsidiária Mozacorp, na região do vale do Zambeze, considerada de grande potencial para projectos agrícolas, mineiros e hidroeléctricos.
Recentemente, a "newsletter" Africa Monitor noticiou que a Geocapital e a Sonangol chegaram a acordo para criar uma "holding" financeira denominada Geopactum, que tem por objectivo o investimento nos sectores financeiro, energético e geológico-mineiro em Angola.
Jorge Ferro Ribeiro afirma pretender nos biocombustíveis “projectos integrados, contemplando a existência de uma fileira industrial em cada um dos países, abastecida em matéria-prima por produção agrícola local que será assegurada conjuntamente pela Geocapital e, também, por grupos de agricultores independentes”.
Estes últimos “terão acesso a um quadro global de apoio financeiro e assistência técnica e tecnológica destinado a assegurar condições de produção quantitativa e qualitativa optimizadas, que possam dar o melhor aproveitamento útil às terras afectas ao projecto” disse à Lusa o empresário (Fonte: Macauhub, 2008-06-08).