sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Angola sem aplicações em “produtos de risco”


O ministro das Finanças, Severim de Morais, garantiu que o país não tem aplicações em produtos de risco no mercado financeiro internacional e que a maior preocupação reside na queda dos preços do petróleo.“É evidente que temos boa parte dos nossos depósitos em bancos correspondentes no exterior, mas não estão aplicados em produtos de risco”, garantiu o ministro, acrescentando que “pode haver uma ligação indirecta com a crise, mas no preço do petróleo”.


O principal produto de exportação de Angola, responsável por mais de 90 por cento das exportações do país e 80 por cento das receitas do Estado, já desvalorizou-se 53 por cento, desde Julho, altura em que atingiu 147, 27 dólares em Nova Iorque. Ontem, o preço caiu para 69,95 dólares em Nova Iorque, o valor mais baixo desde Maio de 2007. “O nosso Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2008 foi elaborado com o preço do barril a 55 dólares e para 2009 temos um preço de 65 dólares. Por isso, ainda não é preocupante, mas estamos a seguir os acontecimentos com muita atenção, para podermos tomar as medidas correctivas necessárias”, garantiu o ministro.


Severim de Morais esclarece que o OGE para 2009 é bastante equilibrado, em termos de receitas e despesas, e visa dar corpo financeiro aos objectivos do programa de médio e longo prazo (2009-2013). O ministro desdramatizou os receios quanto à relação entre os bancos angolanos e a crise internacional. Explicou que o sector financeiro angolano é ainda bastante insípido, com uma bancarização da economia na ordem dos 6,5 por cento. “Isto, até certo ponto, funciona como uma certa protecção contra possíveis crises que surjam no mercado financeiro”, afirmou Severim de Morais, sublinhando que o Banco Nacional de Angola tem exercido forte intervenção no mercado interbancário, através de acções do Departamento de Supervisão Bancária.


Igual posição foi defendida pelo antigo ministro da Indústria e do Trabalho de Portugal, Luís Mira Amaral, durante uma conferência sobre o Acordo de Basileia e a Crise Financeira que decorreu, no princípio da semana, em Luanda, numa organização do Banco Bic. Mira Amaral, que tem o master em Economia e é actualmente presidente do Banco Bic português, disse que os efeitos da crise podem ser sentidos na economia real, com a redução das receitas provenientes do petróleo. Ainda assim, salientou que a queda dos preços das matérias-primas é uma questão conjuntural e que podem subir tão logo a economia aqueça e a procura aumente.


Especialistas afirmam que os preços das principais matérias-primas, incluindo o petróleo, seguem o mesmo movimento de sobe e desce das bolsas, desde que a crise de hipotecas nos Estados Unidos (subprime) atingiu o pico, em Setembro, arrasando os maiores bancos de investimento norte-americanos e espalha agora os seus efeitos ao consumo das famílias e à economia real.


O Banco Mundial prevê que os preços ainda vão subir e se vão manter em alta pelo menos nos próximos três anos, recuando a partir daí por acção das forças do mercado (Fonte: Jornal de Angola, 2008-10).

Petrobras diz ainda não ter comprovado comercialidade do BM-S-12


A Petrobras informou nesta quarta-feira que ainda não é possível confirmar a comercialidade da descoberta feita no bloco BM-S-12, na bacia de Santos, uma parceria da empresa com a Queiroz Galvão, que tem 30 por cento do bloco.


A Petrobras, operadora do bloco com os 70 por cento restantes, informou à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis na segunda-feira que tinha encontrado indícios de hidrocarbonetos (petróleo e gás natural) no poço 1-SCS-13 (1-BRSA-617-SCS) do bloco BM-S-12.


Uma fonte da agência disse à Reuters que a Petrobras havia descoberto boa quantidade de óleo, após uma perfuração mais profunda no mesmo poço onde já havia descoberto pequena quantidade de gás no passado.


Segundo a empresa, no entanto, por problemas operacionais a sonda não terminou o trabalho e voltará para o local a fim de continuar as perfurações. "Embora a notificação de indícios de hidrocarbonetos seja um dado positivo, ela não implica em descoberta comercial de óleo ou gás. Isto só poderá ser avaliado com a conclusão do poço e a continuidade das operações no bloco BM-S-12", afirmou a companhia em um comunicado à Comissão de Valores Mobiliários.

"Após a conclusão da perfuração do poço e caso as avaliações subsequentes demonstrem relevância técnico-econômica, a Petrobras fará tempestivamente a divulgação simultânea à ANP e ao mercado", concluiu a nota (Fonte: O Globo, 2008-10-15).

Mais uma vítima da crise, petróleo deve continuar pressionado no curto prazo


A deterioração das condições econômicas nos últimos meses e a perspectiva de desaceleração de importantes centros consumidores deve pressionar ainda mais as cotações do petróleo no curto prazo. Basicamente, é essa a leitura que o Unibanco faz em seu relatório mensal sobre a commodity.


Segundo os analistas da instituição, desde a última publicação do release há cerca de um mês, as condições dos mercados pioraram de forma significativa em decorrência dos preocupantes desdobramentos da crise financeira internacional no período.

Em conseqüência, os temores de uma recessão em importantes economias, como a norte-americana, se ampliaram e exerceram forte pressão nas cotações das matérias-primas, principalmente tendo em vista os prováveis impactos de tal cenário na demanda pelo produto.

Dentro deste contexto, os contratos futuros de petróleo acumulam em 2008 expressiva desvalorização nos mercados internacionais. Em Nova York, o barril registra queda próxima a 23% no ano e é cotado a menos de US$ 75, menor patamar desde setembro do ano passado. Em Londres, a baixa no período é de quase 25%.

Volatilidade deve seguir no curto prazo
O Unibanco também cita o relatório publicado recentemente pelo FMI (Fundo Monetário Internacional), no qual foram reduzidas as estimativas para o crescimento da economia global neste e no próximo ano. Frente aos novos números, a AIE (Agência Internacional de Energia) revisou para baixo suas projeções para o mercado do petróleo, lembra o banco.

No caso da demanda global pela commodity, por exemplo, a agência - que reúne os principais países consumidores de energia membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) - reduziu suas projeções para o crescimento em 2008 e 2009, piorando ainda mais as perspectivas para o já deteriorado cenário do setor petrolífero.

Desta forma, os analistas do Unibanco acreditam que a retomada da trajetória de ganhos para o petróleo está relacionada a uma melhora nas condições econômicas das nações consumidoras. No curto prazo, a expectativa é de que as cotações continuem apresentando forte volatilidade.

Ainda há espaço para correção
Outra instituição que divulgou as perspectivas de seus analistas para o barril do petróleo foi a Itaú Corretora, mostrando uma visão semelhante à do Unibanco para o rumo dos preços da commodity nos próximos meses.

A equipe da Itaú acredita que, apesar da queda de mais de 50% das cotações do produto desde que atingiram seus picos em meados de junho, ainda existe espaço para alguma correção adicional justamente em função do enfraquecimento da demanda por combustível.

Á exemplo do Unibanco, a corretora também afirma que os preços devem continuar marcados pela forte volatilidade no curto prazo. No entanto, espera que o barril volte à casa dos US$ 80 até o fim do ano e permaneça neste patamar durante os próximos meses (Fonte: Yahoo Noticias, 2008-10-16).

Roc Oil anuncia descoberta de petróleo em Cabinda


A empresa petrolífera australiana Roc Oil anunciou a descoberta de pteróleo no onshore de Cabinda, norte de Angloa, adiantando que novas perfurações serão necessárias para determinar se o achado tem valor comercial.


Em comunicado ao mercado de capitais, a Roc Oil, principal accionista e operadora da sociedade responsável pelos trabalhos de exploração, aponta que a descoberta, feita no poço "Massambala-1", consiste numa coluna de petróleo com 9,5 metros.


A empresa afirma que está prevista a ralização de um segundo furo, antes da sus´penão dos trabalhos devido à época das chuvas.


O petróleo de Massambalala é do tipo pesado e viscoso, em vez do valioso e mais "leve", característico dos países ocidentais africanos.


Em Massambalala, os dados disponíveis indicam a presença potencial de 170 milhoões de barris de petróleo "pesado".


Iniciados há um ano, os trablahos conduziram à identificação de duas reservas potenciais de pteróleo "pesado" ("Massambala-1" e "Côco-1"), cuja viabilidade comercial será testada entre o final deste ano e início de 2009.


Outro poço, "Sésamo-1", foi recentemente dado como "seco".


O consórcio operado pela Roc Oil Cabinda (paerticpação de 60%) integra ainda a Force Petroleum e a Sonangol, petrolífera estatal angolana, cada uma com 20% da sociedade (Fonte: Angonoticias/Lusa, 2008-10-09).

sábado, 20 de setembro de 2008

Angola: Avaria no campo Plutónio faz cair exportação de petróleo angolano


Uma avaria no campo Plutónio vai fazer com que as exportações de petróleo de Angola caiam 10 por cento em Novembro para o valor mais baixo dos últimos nove meses, informou a agência noticiosa Bloomberg.


A agência cita petrolíferas como a BP, Total, Chevron e outras que prevêem exportar um total de 1,76 milhões de barris diários em Novembro, abaixo do recorde de 1,96 milhões de barris previstos para Outubro.


A agência adianta que a previsão é a mais baixa desde Fevereiro deste ano, em que Angola tem exportado uma média de 1,9 milhões de barris diários, a quota atribuída pela Organização de Países Exportadores de Petróleo.


Angola afirmou-se este ano como o maior produtor petrolífero da África sub-saariana, ultrapassando a Nigéria, cuja produção tem sido afectada por ataques armados contra as infra-estruturas produtivas, nomeadamente da Royal Dutch Shell.


Para o aumento deste ano contribuem principalmente a subida das exportações dos campos Mondo (mais 93,6 por cento, para 122,6 mil barris diários) e Cabinda (mais 29 por cento, para 245,16 mil barris).


Segundo estatísticas da BP, no ano passado Angola produziu 1,72 milhões de barris de petróleo, atrás dos 2,36 milhões de barris diários da Nigéria (Macauhub, 2008-09-18).

São Tomé deve mudar lei para aceitar Galp, diz presidente


A entrada da Galp Energia na exploração de petróleo em São Tomé e Príncipe exige que se "dê um jeito" na lei do setor, que o atual governo está em condições de fazer, disse o presidente do arquipélago, Fradique de Menezes.


As declarações de Menezes foram feitas em Lisboa, durante a apresentação do Guia do Investidor para São Tomé e Príncipe, elaborado pelo Instituto da Terra da Universidade de Columbia, dos EUA.


A instituição também participou da elaboração da lei são-tomense do petróleo, afirmou que o objetivo "não é alterar" a legislação, mas apenas permitir "o tipo de negócios" pretendido pela petrolífera portuguesa, que pode passar por um ajuste direto, contornando a obrigação de licitações públicas.


Além da Galp, o consórcio poderá ainda integrar as petrolíferas estatais do Brasil e de Angola."Com a atual maioria parlamentar de que dispõe o primeiro-ministro, Rafael Branco, estão reunidas as condições para dar um jeito à lei. Não para alterar, não é isso que se pretende. (...) Espero que [o projeto da Galp] possa ir avante", afirmou o presidente são-tomense, sem adiantar que tipo de modificações podem ser introduzidas.



Propostas

Fradique de Menezes reclamou ter "batalhado" desde o início pela criação de um consórcio lusófono que incluísse também a Petrobras e a Sonangol, além da petrolífera são-tomense, mas lembrou que a obrigatoriedade de licitações públicas visa aumentar a transparência na adjudicação de licenças de exploração."Fomos muito rápidos, fizemos uma lei que ultrapassa as nossas possibilidades", afirmou o presidente de São Tomé e Príncipe.


O penúltimo governo são-tomense, chefiado por Tomé Vera Cruz, chegou a apresentar no Parlamento uma proposta de alteração da lei de receitas petrolíferas, que regula a atribuição de licenças na zona econômica exclusiva são-tomense.


A medida criaria um mecanismo de ajuste direto em casos excepcionais, tendo contado então com oposição de forças políticas como o Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe/Partido Social Democrata (MLSTP-PSD), do premiê Rafael Branco.


Branco contestava a forma como o processo foi conduzido, por um governo que considerava ter "os dias contados", e afirmava não ver "razões legítimas" para a alteração. Na apresentação do Guia do Investidor para São Tomé e Príncipe, o presidente do Conselho de Administração da Galp, Francisco Murteira Nabo, afirmou que o projeto está nas mãos da administração da petrolífera."Estamos disponíveis para fortalecer relações, [o projeto] é do interesse do governo português", afirmou Murteira Nabo, também represente do governo luso na petrolífera (Fonte: Agência Lusa, 2008-09-19).

Lula promete fortalecer Petrobras e critica privatização parcial


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou hoje a privatização parcial da Petrobras e prometeu fortalecê-la e prepará-la para a nova era energética do país. "Temos 62% das ações vendidas. O Governo só tem 38% das ações. Menos mal que não tiraram do Presidente da República o direito de designar o presidente da Petrobras e sua direção", disse Lula.


A companhia foi parcialmente vendida nos anos 90, durante o Governo de Fernando Henrique Cardoso (1994-2002), em meio a uma onda de privatizações na América Latina, que vivia uma crise econômica.


Segundo Lula, foi um erro se desfazer do patrimônio público em momentos em que o Brasil tinha problemas de balanço de pagamentos. "Em uma crise, não se deve vender nada porque vai vender mais barato. Nunca aceitei a idéia de que para resolver um problema seria preciso criar outro problema", disse o presidente durante um ato oficial em uma nova plataforma petrolífera da companhia.


O tema da propriedade acionária da Petrobras ganhou maior relevância nos últimos meses, quando a empresa anunciou descobertas de enormes jazidas de petróleo e gás natural na camada pré-sal.


Essas reservas poderiam chegar a entre 50 bilhões e 80 bilhões de barris, o que colocaria o Brasil entre as dez maiores potências petrolíferas do mundo na próxima década, segundo o Governo.


Duas destas jazidas, com até cerca de 12 bilhões de barris, foram descobertas por um consórcio formado pela Petrobras (40%), a portuguesa Galp e a britânica BG. "Não tenho nada contra a Petrobras ter ações na bolsa, mas a verdade é que é uma empresa estratégica para a construção da soberania de um país", ressaltou Lula.


O presidente ainda destacou que agora o país terá que fazer altos investimentos para extrair o óleo e o gás encontrados e transformá-los em mais emprego, saúde, ciência e educação. "Necessitamos fazer com que o resultado seja partilhado entre todos. Se não, uns ficam mais ricos e outros mais pobres", acrescentou o presidente, ao afirmar que as novas descobertas são uma oportunidade para corrigir erros históricos na distribuição da riqueza no Brasil. "Estamos só começando, mas vamos transformar este país. Vamos fortalecer a Petrobras e ter uma indústria petrolífera muito forte no mundo", prometeu o chefe de Estado.


Lula liderou a cerimônia oficial de lançamento da plataforma P-53, com capacidade para produzir 180 mil barris de petróleo por dia, armazenar dois milhões de barris e comprimir seis milhões de metros cúbicos de gás natural.


A gigantesca estrutura foi construída durante mais de dois anos no estado do Rio Grande do Sul, a um custo de US$ 1,3 bilhão.


Ela será instalada no campo Marlim Leste, na Bacia de Campos, a 120 quilômetros do litoral do estado do Rio de Janeiro, a principal província petrolífera do país.

Sua capacidade instalada equivale a 10% da produção atual de todo o Brasil e, segundo a Petrobras, será fundamental para manter a auto-suficiência do petróleo e deve começar a operar ainda em 2008, após ser gradualmente conectada a 13 poços produtores de petróleo e gás em águas de 1.080 metros de profundidade (Fonte: Globo, 2008-09-18).

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Brasil: Programa de capacitação para indústria de petróleo seleciona 42 mil em novembro


O Plano Nacional de Qualificação Profissional do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp) vai abrir, em novembro, seleção pública para capacitação de 42.402 pessoas para o mercado de petróleo e gás.


Os selecionados serão capacitados ainda este ano. O objetivo do Prominp, programa coordenado pelo Ministério de Minas e Energia, é capacitar cerca de 112 mil profissionais nos próximos três anos.


A próxima seleção será em julho de 2009, quando serão abertas 22.545 vagas. As informações são do coordenador-executivo do Prominp, José Renato Ferreira de Almeida, que participou nesta quinta-feira (18) da Rio Oil & Gas, feira e conferência sobre petróleo e gás natural.


Almeida ressaltou que a capacitação é importante em função do crescimento do mercado de petróleo. Ele lembrou que, para o desenvolvimento das atividades do setor petróleo, no país, serão feitos investimentos de US$ 128 bilhões nos próximos quatro anos - US$ 97,4 bilhões da Petrobras e US$ 30,6 bilhões das demais operadoras.


O Prominp projeta que haverá um pico de demanda de 110 mil profissionais no mercado, até 2012, com as novas encomendas na área de petróleo e gás. "As indústrias brasileiras atendem 75% de nossas demandas. O que queremos é garantir que, com o aumento da procura, este percentual seja mantido", justificou.


Mesmo sem levar em conta as demandas do pré-sal, houve um crescimento de 42,8% na expectativa inicialmente prevista da demanda por mão-de-obra especializada. Inicialmente, esta expectativa de pico de demanda de profissionais era de 77 mil.


O coordenador apresentou um mapa geral de competitividade da indústria, onde o Prominp avalia que as indústrias de alta competitividade devem aumentar sua infra-estrutura e capacidade fabril, enquanto as de média competitividade - além de ampliar a infra-estrutura – precisarão investir no avanço tecnológico.


Almeida recomendou, ainda, que, para os bens que não são produzidos no Brasil - a exemplo de motores e turbinas a gás – hajam iniciativas no sentido de atrair indústrias estrangeiras ou de desenvolver fornecedores locais (Fonte: JC Online / Agência Brasil, 2008-09-18).

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Exploração do pré-sal se viabiliza com petróleo a US$ 70, diz estudo


A exploração do petróleo existente sob a camada de sal no Brasil, que exigirá pesados investimentos das companhias envolvidas, será viabilizada mesmo que a cotação do barril caia para o menor patamar de uma projeção de longo prazo, até 2035, feita pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).


Segundo o estudo da EPE, o piso para o barril nas próximas décadas, previsto entre US$ 70 e US$ 75, foi estabelecido considerando o custo do atual produtor marginal - ou daquele último que entra no mercado para equilibrar a oferta e demanda - e está acima do valor que permitiria a extração no pré-sal. "As informações que a gente tem da Petrobras é que (este piso) viabiliza. A Petrobras andou declarando que mesmo um preço de US$ 35 ou US$ 40 o barril deixa viável o pré-sal", declarou nesta quinta-feira (18) Giovani Machado, um dos autores da pesquisa, após palestra na Rio Oil & Gas.


Ele acrescentou ainda que toda companhia do setor trabalha com a visão do preço futuro. "Ela faz uma análise a um preço muito mais baixo, justamente para o caso de eventuais mudanças em todas as condições."


De acordo com Machado, as projeções de preços levam em consideração o tamanho da demanda, a estratégia da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e as restrições futuras para atender aquela demanda.


Projeções

A projeção da EPE indica que o petróleo fecharia na média anual em US$ 102 o barril, mas cairia nos próximos anos, especialmente com uma queda na demanda no principal mercado consumidor, os Estados Unidos, e também com uma mudança de estratégia da Arábia Saudita, que elevaria a sua produção.

O especialista afirmou que alguns documentos indicam que a Arábia Saudita, o maior produtor, tem 268 bilhões de barris no subsolo e não vai querer "morrer com petróleo na mão", na medida em que os preços estratosféricos registrados em julho passaram a impactar negativamente na demanda, ao mesmo tempo viabilizando o desenvolvimento de combustíveis alternativos e renováveis.

Os preços do petróleo atingiram em julho um pico próximo de US$ 150 por barril na bolsa de Nova York, mas perderam quase um terço de seu valor devido à contaminação da crise financeira nos mercados de commodites.

A turbulência, iniciada no setor hipotecário dos EUA, levou muitos especuladores do mercado de commodities, especialmente os bancos e os fundos de investimento, que apostavam numa alta de preços, a liquidarem suas posições para perder menos nos futuros (Fonte: Globo, 2009-09-19).

Portugal: Ministro quer ver preços dos combustíveis a reflectirem baixa das cotações do petróleo


O Ministro da Economia, Manuel Pinho, defendeu hoje que os preços dos combustíveis devem reflectir a redução das cotações do petróleo nos mercados internacionais.


Em declarações aos jornalistas à margem da Conferência sobre Energias Renováveis, na Fundação Oriente, Manuel Pinho considerou "positiva" a descida dos preços do petróleo, mas defendeu que ela deve ser reflectida nos preços dos combustíveis.


O ministro afirmou que "há alguma carga especulativa feita pelas petrolíferas internacionais" que tem impedido a redução dos preços dos combustíveis, apesar da baixa dos preços do petróleo.


O petróleo Brent, de referência para Portugal, abriu hoje em queda acentuada no mercado de futuros de Londres, com o barril para entrega em Novembro a perder 3,56 dólares. A descida, a mais importante dos últimos quatro anos, colocou o barril de Brent a 90,68 dólares.


Desde a semana de 08 de Julho, quando atingiu o máximo de 133,18 dólares (84,45 euros), que os preços do petróleo têm estado a cair nos mercados internacionais. Os preços dos cumbustiveis chegaram, em Julho, aos 1,51875 euros por litro a gasolina sem chumbo 95 e a 1,42225 o gasóleo [preços médios do mês de acordo com dados da Direcção Geral de Energia] e desdes então têm vindo a descer, mas mais lentamente que o preço do petroleo.

Os preços de referência na semana passada estavam em torno dos 1,38 euros por litro de gasóleo e 1,456 euros o litro da gasolina sem chumbo 95, que eram sensivelmente os mesmos de Maio, quando o preço do barril de crude estavam entre os 110 e os 120 dólares o barril [70 a 78 euros], segundo os dados da Direcção-Geral de Energia (Fonte: Sapo/Lusa, 2008-09-16).

Brasil: Campo de Iara pode ultrapassar concessão


O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, afirmou ontem que há indícios de que as reservas do campo de Iara, na bacia de Santos, ultrapassam os limites do bloco concedido à empresa. Nesse caso, disse, seria necessário fazer a unitização das áreas. "Dadas as informações que temos hoje, achamos que provavelmente em Tupi estaremos contidos dentro do bloco, e em Iara provavelmente estaremos fora do bloco", afirmou ele, no encerramento da feira Rio Oil & Gas, no Riocentro, na zona oeste do Rio.


Gabrielli não explicou, porém, se os limites do reservatório se estenderiam sobre áreas da União ou sobre outros blocos já concedidos. Nas proximidades de Iara estão os poços de Pirapitanga, Icarapiá, Tambaú, Uruguá e Tambuatá, operados pela Petrobras, e Atlanta e Oliva, operados pela Shell. A legislação brasileira prevê que, nesses casos, é preciso fazer a unitização das áreas. A ANP (Agência Nacional de Petróleo) ficaria responsável por determinar a participação de cada empresa no bloco.


Segundo Gabrielli, porém, os indícios mostram que o projeto piloto de Tupi, o primeiro que vai entrar em operação, não ultrapassa a área concedida. Ele disse que até agora foram concedidos 41 mil dos 112 mil quilômetros quadrados da área com características geológicas do pré-sal. Isso corresponde a 38% do total. "A nação precisa decidir o que fazer, porque 62% de área não concedida permite ao país aumentar a apropriação da renda petrolífera." Ele defendeu, porém, que as empresas que já arremataram blocos na região não sejam prejudicadas com as mudanças. "Elas assumiram riscos importantes e devem ser remuneradas pelos riscos que correram", afirmou o presidente da Petrobras (Fonte: InvestNews/ Folha de Sao Paulo, 2008-09-19)

Para Gabrielli, presidente da Petrobras, não faltará dinheiro para pré-sal


A crise mundial no mercado financeiro poderá trazer um "pouco de trabalho" para a Petrobrás captar recursos para seus projetos no médio prazo, disse ontem o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, em entrevista após participar do encerramento da Rio Oil & Gas. Segundo ele, porém, a crise não deve se estender ao ponto de prejudicar o financiamento dos projetos do pré-sal, cujos desembolsos devem ser mais intensos na próxima década.


No curto prazo, disse o executivo, os investimentos já estão administrados e não há problemas. "É claro que ninguém é louco de captar recursos no momento", afirmou. Já no médio prazo, poderá haver necessidade de acessar o mercado. "Mas nossos projetos são bons e o mercado sempre está disposto a financiar bons projetos", frisou o executivo.


Em sua palestra na Rio Oil & Gas, Gabrielli traçou um cenário do mercado de petróleo e disse não apostar em mais nenhuma grande queda ou grande alta no preço no mercado internacional. "Os fundamentos são de aperto entre oferta e demanda, que é o principal componente dos preços altos que vivemos nos últimos tempos", analisou. Ele destacou que os contratos não comerciais de petróleo tiveram papel preponderante nas grandes oscilações do mercado nos últimos anos. "A especulação tem seu sentido porque os fundamentos não podem explicar como nesses três meses o preço do petróleo vai para US$ 147 e chega a US$ 91", comentou.


Na opinião do executivo, porém, não há mais espaço para que os preços caiam para níveis do início dos anos 2000, quando oscilavam abaixo dos US$ 30 por barril, por conta do crescimento da demanda maior do que a oferta e dos altos custos de insumos para o setor. O planejamento estratégico da companhia - que está sendo revisto e deve superar os US$ 112 bilhões previstos até 2012 - indica que os projetos são robustos com o preço do petróleo em US$ 35 por barril, valor que deve ser alterado na nova versão do plano, que será divulgada em outubro. Para o futuro, ele destacou o aperto entre oferta e demanda e as dúvidas a respeito do comportamento do mercado, que hoje é mais influenciado por países em desenvolvimento e de fora da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) do que no passado. Ele também citou a capacidade de expansão dos países tradicionalmente não produtores e os biocombustíveis. "Estamos entrando em um momento em que o futuro vai depender muito mais do desconhecido. A dinâmica de formação de preços e do mercado tenderá a se modificar."Além da pouca distância entre oferta e demanda, disse ele, a variação ocorre pela entrada e saída rápida de capital de outros mercados nas compras de petróleo.


Outros componentes nesse cenário serão as dúvidas a respeito do comportamento do mercado, que hoje é mais influenciado por países em desenvolvimento e de fora da Opep do que no passado, bem como a capacidade de expansão dos países não tradicionalmente produtores, de alternativas não convencionais ao petróleo e ao gás. Pela manhã, em cerimônia de batismo da plataforma P-53, no Rio Grande do Sul, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, José Sérgio Gabrielli destacou que a crise financeira internacional ainda não chegou a afetar a estatal diretamente. Ele observou que o mercado de crédito está se contraindo, mas avaliou que os projetos "que têm sustentabilidade sempre encontrarão financiamento". Mesmo que a oferta de crédito fique menor, o executivo avaliou que os projetos da Petrobrás são "bons e poderemos conseguir financiamento" (Fonte: Estadão, 2008-09-19).

Petrobras: preço do petróleo ainda não afeta, mas crise pode ameaçar investimentos


Os desdobramentos da crise de crédito que vem derrubando os mercados acionários começam a afetar as perspectivas operacionais das companhias. Vislumbrando um horizonte de grande volume de investimentos para a exploração das reservas do pré-sal, a Petrobras ( PETR4 , PETR3 ) já considera repensar seu plano de investimentos para a região.


No evento Rio Oil & Gas, em que a estatal expõe diversas opiniões a respeito de suas atividades, seus executivos comentaram a atual conjuntura econômica internacional de um ponto de vista cauteloso. Pedro Bonésio, gerente-executivo de Finanças da companhia, admitiu que a crise deve impactar as captações de recurso.


Ainda assim, deixou claro que o plano de investimentos da Petrobras não será afetado no curto prazo. Mas tendo em vista o horizonte estipulado para estes investimentos, o médio e longo prazo pode demandar uma alteração da estratégia.


Outra vertente que preocupa diz respeito à cotação do petróleo. O cenário de redução dos patamares de consumo em nível global tem acarretado expressivas desvalorizações aos contratos da commodity, fonte de receitas da estatal.


Petróleo ainda não incomoda


Após bater na casa de US$ 145 por barril em Nova York, o petróleo já opera abaixo de US$ 100 no mercado internacional. Segundo comentários de Bonésio à imprensa, os projetos da companhia suportam as variação no preço e os atuais patamares da cotação ainda não prejudicam os futuros investimentos previstos.


Comentários anteriores do presidente da companhia, José Sergio Gabrielli, já apontavam para a mesma direção. Gabrielli ressaltou que novas captações não serão necessárias no curto prazo, mas podem virar problema se a crise se estender, o que viria a limitar a capacidade de financiamento da estatal (Fonte: Yahoo Notícias, 2008-09-17).

Importação de gás da Bolívia continua importante


O superintendente de Gás e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Gelson Serva, considera que, mesmo com a elevação da produção de gás no Brasil a partir da exploração no pré-sal, a importação de gás da Bolívia continuará sendo importante para o país. Isso porque a produção de gás no caso do pré-sal ocorrerá associada à produção de petróleo, ficando sujeita à variação da exploração do óleo e a problemas técnicos de compressão, tratamento e separação do petróleo. Mas é certo, segundo Serva, que a dependência em relação à produção boliviana vai diminuir, até porque ela deixará de representar metade do consumo nacional, e passará a equivaler a menos de um quarto em 2017, quando a demanda interna (excluindo a região norte) deve chegar a cerca de 140 milhões de metros cúbicos de gás por dia.
- Proporcionalmente, a dependência da Bolívia vai ser reduzida. Mas quando nós tivermos uma ampliação da oferta de gás do pré-sal, que é um gás associado à produção de petróleo, o gás da Bolívia vai ser fundamental para poder fazer o equilíbrio da oferta, pois existe uma variação natural no sistema de produção de petróleo. Então, nos próximos 20 anos, a importância do que é importado vai ser menor, mas será um elemento relevante para a estabilidade de mercado, garantindo os níveis de oferta, que foi o que efetivamente fez o mercado do Sudeste deslanchar - afirmou nesta terça-feira na Rio Oil & Gas.


O sócio diretor da consultoria Gás Energy Marco Tavares, que participou da mesma mesa de debates que Serva, criticou o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, que na semana passada disse que o país terá 60 usinas nucleares em 50 anos. Segundo ele, essa idéia contraria o planejamento desenvolvido pela EPE para os próximos anos e afasta ainda mais os investimentos para a construção de termelétricas a gás. Tavares criticou a visão de que as termelétricas devem ser acionadas apenas nos momentos de seca, para compensar a queda de geração de energia nas hidrelétricas.


- A concepção de que as termelétricas devem funcionar complementarmente às hidrelétricas não atrai investidores. O volume de gás que eu vamos ter no futuro é tão grande que temos que desenvolver um modelo para o gás. Não é para ele ser complementar à energia elétrica. Isso afasta investimentos e, assim, vamos continuar importando carvão, vamos construir 60 usinas nucleares - disse (Fonte: O Globo Online, 2008-09-16).

Pré-sal mais que dobrará demanda por aço e pessoal


A demanda por profissionais qualificados e por aço, importante matéria-prima para a construção de navios, refinarias e sondas de exploração petrolífera, mais que dobrará com o pré-sal, em relação ao atual plano de negócios da Petrobras, afirmou um especialista da estatal.
José Renato de Almeida, coordenador-executivo do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp), chegou a essa conclusão fazendo uma simulação do impacto que os projetos já anunciados pela Petrobras terão para a demanda, em vistas das descobertas de petróleo sob a camada de sal.
"A necessidade passa de 1 milhão de toneladas de aço ao ano para 2,6 milhões de toneladas. A demanda de pessoas, como você tem projetos em lugares diferentes, é cumulativa. Então, a necessidade de qualificação, que era de 112 mil pessoas, tem um novo pico sinalizando cerca de 260 mil pessoas", disse Almeida a jornalistas, após sua conferência na Rio Oil & Gas.
De acordo com ele, essa demanda não inclui a necessidade que será gerada com a produção do petróleo na camada pré-sal e considera apenas atividades de exploração e refino já previstas.
A Petrobras já anunciou a construção de 40 sondas de perfuração (12 serão feitas no exterior), de 146 barcos de apoio, além de cinco refinarias - as duas premium (uma no Ceará e outra no Maranhão); a da Comperj, no Rio; a de Abreu e Lima, de Recife; e a ampliação da refinaria no Rio Grande do Norte.
De acordo com o coordenador do Prominp, a definição exata da demanda de equipamentos e profissionais poderá ser feita após o anúncio da revisão do plano estratégico da Petrobras, esperado para outubro deste ano.
"Quando a gente fala de pré-sal, envolve todo um plano de desenvolvimento da produção, o que estamos falando não tem plataforma", destacou ele, referindo-se aos cálculos feitos pelo Prominp.
Segundo ele, como a Petrobras precisa perfurar poços para delimitar os campos, ela já tomou a decisão de contratar a construção das 40 sondas.
A demanda por pessoal poderá variar dependendo da escolha dos locais para a construção de estaleiros, por exemplo.
"Os barcos de apoio, se forem feitos no Rio, já tem uma margem de pessoas, se for feito no Nordeste, tem que preparar gente nova", afirmou, lembrando que o tempo de construção também influenciará nos números.
"Temos uma infra-estrutura de formação profissional robusta. Na verdade, o nosso problema hoje é escala. Os trabalhadores que vamos precisar são os mesmos que a gente já tem, os equipamentos que vamos usar nas instalações, salvo algumas exceções, também... Mas o pré-sal significa aumento de escala."


INDÚSTRIA PEDE PLANEJAMENTO

A indústria de máquinas do Brasil diz ser capaz de atender boa parte das demandas para o pré-sal, mas avalia que há necessidade de um planejamento e de um estreitamento de relação entre a operadora petrolífera e as empresas produtoras de equipamentos.
"O que precisamos quando falamos do desafio de trabalhar em conjunto, e isso já está ocorrendo, é ter a informação antes da hora (sobre a necessidade de equipamentos)", afirmou José Velloso Cardoso, vice-presidente da Abimaq.
Cardoso disse ainda que a indústria de máquinas não teria problemas para ampliar a sua capacidade de produção, mas seria importante contar com mecanismos que permitam um maior capital de giro para as empresas. "A capacidade a gente resolve."
Ele concordou com a forte capacidade de geração de empregos traçada por Almeida, mas destacou que isso poderia ser ainda maior se o mercado de trabalho crescesse em atividades qualificadas como a de engenharia, e não apenas na indústria de cascos de navios.
Ricardo Pessôa, conselheiro da Abemi (entidade que reúne fornecedores), ressaltou que o setor nunca esteve tão "demandado", uma situação que supera a vivida na década de 70, em que o crescimento esteve acelerado.
"A indústria sempre antecipou as suas necessidades, mas jamais imaginou que iríamos chegar nesse ponto", declarou ele, reforçando que o governo tem que dar atenção especial para o desenvolvimento de tecnologias para o pré-sal. "Não temos engenharia para competir, isso tem que ser incentivado" (Fonte: O Globo Online, 2008-09-17).

Feira de tecnologias e serviços do setor de petróleo e gás é encerrada no Rio


O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, encerra hoje (18), às 16h, no auditório do Centro de Conferências do Riocentro, a 14ª edição da Rio Oil & Gas, feira de tecnologias e serviços do setor de petróleo e gás. Antes, às 14h30, o gerente executivo da Área de Negócios Internacionais da empresa, Samir Awad, fala no painel A Questão de Acesso de Reservas: Cooperação entre Companhias Nacionais e Internacionais de óleo. No mesmo horário, o secretário de Petróleo, Gás e Biocombustível do Ministério de Minas e Energia, José Lima de Andrade Neto, fala no painel Evolução da Regulação do Gás Natural: Impactos e Tendências (Fonte: Agência Brasil, 2008-09-18).

Os produtores africanos e seu melhor cliente*


A Indústria do Petróleo africana, que figura a cada dia mais importante geopoliticamente, caminha hoje entre o tênue fio que separa o potencial desenvolvimento de um país da submissão econômica. Seus produtores mais significativos são Líbia e Argélia (países do norte africano) e Nigéria e Angola (situados na costa oeste da África Subsaariana).

Altamente dependentes do petróleo, esses quatro produtores africanos respondem por estimadamente 9% da produção mundial, com uma produção diária de 8 milhões de barris. No que se refere às reservas, os quatro representam cerca de 8% das reservas mundiais, uma vez que estas totalizam 100 bilhões de barris. Dos quatro, somente Angola possui um R/P baixo. No quesito “consumo”, o quadro muda, pois quase todo o petróleo é para exportação. O consumo diário dos quatro produtores não totaliza sequer 1 milhão de barris/dia ( 876 mil por dia) – ou seja, cerca de 10% de sua produção. Entretanto, cabe ressaltar que este quadro poderá se modificar através das mudanças que certamente virão com as novas perspectivas econômicas e políticas.

Os caminhos de saída do continente africano favorecem os principais produtores. Enquanto Líbia e Argélia se beneficiam do Mar Mediterrâneo para atingir o mercado europeu, Nigéria e Angola têm à sua disposição o Oceano Atlântico, o qual lhes possibilita exportar com tranqüilidade também para as Américas (em 2007, as exportações de Angola para o Brasil praticamente duplicaram graças ao petróleo). O Egito, apesar de possuir reservas bem mais modestas, é largamente compensado por seu potencial logístico. Seu grande trunfo é o Canal de Suez, principal passagem africana para o mercado asiático. O canal detém tanto valor que chegou a ser o estopim para a segunda crise do petróleo (quando, em 1956, Gamal Nasser decidiu nacionalizar o Canal de Suez).

A situação dos dois principais “pares” de produtores é bastante distinta. Enquanto Líbia e Argélia estão posicionados entre os melhores IDHs do continente, Nigéria e Angola apresentam níveis baixos e sofrem com sérios conflitos internos (Angola vive em estado de paz nos últimos anos, o que torna as previsões mais otimistas). O único fio que realmente une estes países é a forte competição econômica envolvendo China e EUA, ambos investidores pesados do continente (a Índia, outro país em desenvolvimento, também investe, no entanto de maneira menos expressiva).

Dependendo das circunstâncias, esta competição pode ser saudável para a África. Na Líbia, país onde o nível de pobreza é baixo em comparação a países vizinhos, a força do Estado e a relativa consistência da economia impedem que os fortes investimentos americanos (e agora chineses) coloquem o país sob jugo estrangeiro e ao mesmo tempo garantem que os contratos internacionais sejam cumpridos. Na Argélia, onde a China ainda tem dificuldades para penetrar, a situação é semelhante, ainda que os EUA tenham bases militares instaladas no país.

Para os países subsaarianos, a situação é mais complexa. A Nigéria é um exemplo bastante ilustrativo: envolvida em conflitos internos, marcada pela pobreza e pela fragilidade da economia nacional, pode vir a tornar-se um alvo fácil para o domínio estrangeiro. Por ora, tanto a Nigéria quanto outros países subsaarianos vêm aproximando-se da China, aproveitando-se da postura chinesa de auxiliar na reconstrução do continente (ao mesmo tempo em que ocupa seu espaço no mercado africano). Em 2004, o crescimento do comércio entre China e África foi de impressionantes 50%, o que prova não ser por acaso a recente decisão dos chineses de injetar dois bilhões de dólares em Angola para a construção de infraestrutura offshore.

Apesar da expressiva produção, o consumo de petróleo dos países africanos é quase insignificante. Há poucas refinarias na África e a distribuição de combustíveis é limitada. Tomemos como exemplo a indústria automobilística: somando os quatro maiores produtores (Líbia, Argélia, Nigéria e Angola), não chegamos nem a quatro milhões de automóveis; com o mesmo número de habitantes (192 milhões de habitantes), a frota do Brasil é de quase 50 milhões de veículos.

É importante lembrar que a China, que tanto ambiciona o petróleo africano para atender sua demanda crescente (contribuindo para uma preocupante disparada nas cotações), também olha com atenção para o mercado consumidor africano. A China investe pesadamente em sua Indústria Automobilística e – com seus preços “tradicionalmente” baixos – poderá, em um futuro não muito distante, revolucionar a frota de automóveis africana. Isso sem contar com os investimentos destinados ao downstream, a ampliação da malha rodoviária, a geração de empregos e o aumento de renda (ou seja, tudo que é necessário para estimular o aumento da frota e, conseqüentemente, do consumo de derivados).

O aumento da frota mundial de veículos tende a crescer, e esta é apenas uma das ramificações de mercado a serem exploradas a partir do petróleo africano. Uma tendência que se pode apontar a partir da questão africana é a manutenção das elevadas cotações do petróleo. Esta tendência poderia ser freada se a produção mundial e o descobrimento de novas reservas viessem a aumentar consideravelmente, mas essas são situações que não dependem somente de questões técnicas e objetivas. Tudo dependerá de fato da geopolítica intercontinental, a cada dia mais complexa.


Mauro Kahn & Pedro Nobrega - Clube do Petróleo - Leia outros artigos e os primeiros desta série acessando o site
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Na próxima semana abordaremos as questões que envolvem a exploração e produção do petróleo na América do Norte, comentando particularmente os casos do Alasca (EUA) e do Canadá. Demonstraremos como, mesmo em uma região de grande tranqüilidade internacional, o petróleo ainda encontra obstáculos dentro da própria organização política, econômica e social do país produtor.


* Publicação e divulgação integral deste artigo estão autorizadas desde que sejam preservados os créditos de autoria e mantido inalterado o conteúdo.

(Fonte: Clube do Petróleo).

Exploração e Produção no Hemisfério Norte*

Em 1956, o geólogo da Shell M. King Hubbert previu durante uma conferência o auge e posterior declínio das reservas americanas a partir do final dos anos 60 e início dos anos 70. Com o passar das décadas, sua teoria comprovou-se na prática e os EUA passaram a temer o fim de suas reservas. Hubbert, no entanto, desconhecia o petróleo do Alasca, estado que hoje é a grande promessa dos EUA em termos de reservas. Embora a quantidade precisa de barris a serem explorados na região seja nebulosa e pouco divulgada por órgãos americanos, é provável que seja o suficiente para manter o nível de produção do país por mais algum bom tempo (os americanos permanecem como os terceiros maiores produtores do mundo). Apenas na National Petroleum Reserve a estimativa é de mais de 10 bilhões de barris.

No entanto, alguns obstáculos para que esse petróleo passe de fato a assumir um papel de destaque na produção nacional colocam-se no caminho. O principal deles diz respeito a questões ambientais. Cercada por reservas, a região já sofreu com o grave derramamento da Exxon Valdez em 1989 (até hoje considerado um dos mais traumáticos da História) e com mais um derramamento em 2006 (de menores proporções, mas suficiente para despertar a atenção dos órgãos de proteção ambiental). A pressão vem sendo muito forte por parte dos ambientalistas e – ainda que não impeçam o avanço nos projetos de coligação entre os dutos do Alasca e do Canadá – fazem com que investidores e políticos re-avaliem os benefícios de seguir por este caminho.

A pressão recai especialmente sobre os republicanos, acusados de querer aumentar a produção americana a qualquer custo. A escolha da governadora do Alasca Sarah Palin para integrar a chapa de John McCain é um indício das intenções republicanas, embora o atual governo esteja optando por investir no Golfo do México e fortalecer relações com o Canadá. Uma alternativa capitaneada pelos democratas para atenuar a demanda americana concerne o investimento em bioenergia. Por outro lado, apesar da capacidade americana de produzir o etanol a partir do milho, a quantidade de grãos necessária para produzir combustível de qualidade satisfatória é alta, o que leva a um aumento de preços preocupante para os criadores de gado e ativa os protestos de quem clama ser absurdo plantar energia no lugar de comida.

O Canadá vive uma situação semelhante ao Alasca em relação à questão ambiental. Extraído do arenito betuminoso, o mais promissor petróleo canadense (com reservas estimadas em 175 bilhões de barris) produz pelo menos cinco vezes mais dióxido de carbono, dentre outros danos relacionados ao ar, ao solo, às florestas e à água (a organização não-governamental Greenpeace posiciona-se como um dos mais ferrenhos adversários deste método de produção do petróleo). O gasto com gás natural também é extremamente alto; vale lembrar que os dispêndios atuais seriam o suficiente para alimentar 3,2 milhões de casas (isto se formos nos basear em dados atuais, desconsiderando o futuro aumento de produção).

Outra dificuldade para a extração do petróleo canadense é o custo de produção (o arenito betuminoso é mais caro de refinar e o aproveitamento do material bruto costuma ser menor). Durante muito tempo, devido à falta de tecnologia apropriada, a produção foi barrada por não gerar lucro. Mesmo hoje – quando o custo de extração baixou consideravelmente e o índice de recuperação saltou de 10% para 25% - existe a preocupação com a queda no preço do barril e com os altos investimentos necessários para habilitar uma infraestrutura capaz de suportar a produção em larga escala. O projeto canadense é produzir 4.8 milhões de barris/dia em 2020, o que lhes colocaria entre os 5 maiores produtores de petróleo do mundo.

Logisticamente, o Canadá não tem do que reclamar. Próximo de seu principal consumidor, os EUA, o país pode exportar facilmente seu petróleo através do Atlântico para a União Européia e, em um futuro próximo, poderá também transportá-lo até a China (falta ainda uma rede de dutos que leve o petróleo até o Pacífico). Hoje uma das principais discussões que envolvem o petróleo canadense é exatamente acerca do destino desse petróleo: enquanto alguns defendem que o Canadá se torne um exportador praticamente exclusivo dos EUA, apoiando-se na longa e fértil relação entre ambos os países, outros enxergam nas “areias oleosas” uma oportunidade de reforçar a independência econômica do Estado em relação aos vizinhos.

Como podemos constatar, o problema do petróleo no Hemisfério Norte – ao contrário da maior parte dos produtores – já não é a disputa com vizinhos ou as dificuldades de transporte (embora tais questões sempre existam). Daqui a algum tempo, com novos avanços tecnológicos, talvez nem mesmo a infraestrutura seja mais tão cara. E então o problema continuará sendo, acima de tudo, a responsabilidade internacional de dois países de primeiro mundo em buscar soluções para atender às suas necessidades e interesses, sempre de grande dimensão, sem causar um grande prejuízo ao planeta.


Mauro Kahn & Pedro Nobrega - Clube do Petróleo - Leia outros artigos e os primeiros desta série acessando o site
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* Publicação e divulgação integral deste artigo estão autorizadas desde que sejam preservados os créditos de autoria e mantido inalterado o conteúdo.
(Fonte: Clube do Petróleo)

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Moçambique quer reiniciar exportação de carvão em 2010


Entre cinco e nove milhões de toneladas de carvão mineral poderão ser exportadas em 2010, marcando o reinício da exploração moçambicana de carvão, com contribuições de produções de duas empresas licenciadas para operar no sector, designadamente a Minas de Moatize e a brasileira Companhia Vale do Rio Doce (CVRD).


A directora nacional de Minas, Fátima Momade, disse que apesar de a área de mineração do carvão estar no seu reinício, o Executivo conta com ela para um incremento das exportações e do Produto Interno Bruto (PIB), informa nesta quarta-feira (20) o jornal Notícias.


Estão actualmente licenciadas no sector 42 empresas, das quais 95 por cento baseadas na província de Tete e as restantes no Niassa, disse a directora nacional de Minas. Falando a jornalistas à margem da 3ª reunião do Governo com as empresas licenciadas para exercer actividades no sector do carvão, Fátima Momade referiu-se ainda aos esforços em curso para acelerar a implementação de infra-estruturas que facilitem a exportação de carvão, em particular, e a actividade do sector mineiro, em geral. “O governo discutiu essa matéria e já existe um plano-director para colmatar o problema das infra-estrutura. Penso que dentro em breve teremos as soluções. Sabido também que a primeira exportação está prevista para 2010, temos tempo para solucionar o problema, particularmente no que respeita à linha férrea de Sena e o Porto da Beira, bem como relativamente às estradas. São projectos que já estão em curso”, disse.


Entretanto, a ministra dos Recursos Minerais e Energia, Esperança Bias, disse que as reuniões que o governo tem mantido com as empresas titulares de licenças mineiras visam identificar soluções para os diferentes problemas que afectam o sector. “Queremos que este fórum seja um interlocutor válido no diálogo com o governo em matérias relacionadas com a logística, prestação de serviços, projectos sociais e reassentamento das populações nas áreas onde serão desenvolvidos projectos e gestão ambiental”, disse Esperança Bias. A ministra apelou às empresas licenciadas a definirem projectos “que visem a adição de valor aos nossos minerais e que possam levar a que a utilização do carvão seja maximizado internamente, por exemplo, na produção de coque, extracção de metano e sua utilização, bem como na produção de diesel ou outros combustíveis”.


Esperança Bias manifestou a apreensão do Governo relativamente ao facto de algumas empresas titulares de licenças de carvão estarem a veicular publicamente dados sobre o sector com base em informações não fiáveis. “Referimo-nos a informações sobre o início da produção e sobre as capacidades dos jazigos. Isto acontece mesmo sem que estas empresas possuam as devidas licenças ou tenham realizado trabalho suficiente que garanta a publicação deste tipo de informação. Todos nós, actores deste sector, temos que ter a mesma linguagem”, disse a ministra (Fonte: Africa 21 Digital, 2008-08-20).

Petrobras: produção de petróleo ficou estável em julho


O volume de produção de óleo pelo Petrobras em julho foi de 1,867 milhão de barris por dia, exatamente igual ao do mês anterior. A produção ainda está 133 mil barris por dia menor do que a meta de 2 milhões de barris diários prevista para ser a média anual da estatal no fim do ano. No acumulado dos sete primeiros meses do ano, a média diária está em 1,839 milhão, 2,6% maior do que a registrada em 2007.


No mês de julho, a Petrobras registrou queda de cerca de 1 milhão de metros cúbicos por dia de gás natural, o que equivale a 2,1% de redução na produção diária em relação ao mês de junho. A estatal produziu em julho uma média de 52,254 milhões de metros cúbicos diários de gás natural no País. No acumulado dos sete primeiros meses do ano a produção diária de gás natural foi de 50,051 milhões, volume 15,5% maior do que na média de 2007.


No total, considerando também a sua produção de gás e óleo no exterior, a Petrobras teve um aumento de 3,2% na média dos sete primeiros meses sobre o volume total em 2007. Na média acumulada, o volume é de 2,375 milhões de barris por dia. Em julho, a produção média total foi de 2,42 milhões de barris por dia, volume estável em relação em relação a junho (Fonte: A Tarde, 2008-08-19).

Planalto dá como certa criação de nova estatal


Mesmo sem dados conclusivos sobre o montante de investimento necessário para a exploração do petróleo pré-sal, já é praticamente consenso no Palácio do Planalto que a Petrobras deve ficar de fora da gestão dos megacampos de petróleo descobertos pela empresa. Ganhou força no governo a idéia de uma reformulação profunda da lei do petróleo, com a criação de uma estatal para administrar as novas bacias do combustível.


Na esteira da nova empresa deve vir ainda a reformulação dos critérios de distribuição dos royalties derivados da exploração desses novos volumes. Uma das possibilidades aventadas pelo governo é a criação de um fundo soberano alimentado pelos lucros da exploração do combustível, a exemplo de modelo usado com freqüência em países produtores de petróleo. "Quase todos os países criaram um fundo soberano em que todos os lucros do petróleo são enviados a esse fundo. Nesse modelo, o País passa a atuar sem déficit com o seu fundo soberano aplicado no exterior" – disse ontem o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, depois de três horas de reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


Lobão, que relatou ao presidente as discussões na esfera do grupo interministerial criado para debater as possíveis mudanças nas regras de exploração do petróleo pré-sal, informou ainda que os recursos vindos da atividade devem ser aplicados parte no fundo, parte na área de educação. A principal preocupação do presidente é manter no Brasil os recursos originados da exploração das bacias localizadas na região entre o norte de Santa Catarina e o centro do Espírito Santo, que pode totalizar 50 bilhões de barris de acordo com projeções extra-oficiais – algo como quatro vezes o volume de petróleo já explorado em território nacional. Em discursos e reuniões no gabinete presidencial, Lula tem defendido à exaustão a idéia de não deixar que os lucros do combustível pré-sal fiquem nas mãos de investidores estrangeiros, o que fatalmente acontecerá caso os megacampos sejam explorados pela Petrobras, da qual o governo é sócio majoritário (Fonte: Gazeta Mercantil, 2008-08-20).

Lula quer distribuir melhor royalties do Pré-Sal


Em reunião do Conselho Político hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a regulamentação da exploração do petróleo da camada pré-sal deve alterar o pagamento de royalties para beneficiar regiões que não são produtoras de petróleo e destinar recursos para a área social, segundo contaram líderes partidários que estiveram no encontro hoje no Palácio do Planalto.


"Vai ser estudada uma forma de os royalties chegarem aos outros Estados. Os royalties terão de ser distribuídos de uma maneira melhor", afirmou o líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO), depois da reunião. "O presidente disse que o regulamento da exploração do petróleo vai destinar recursos para a área social", disse o líder do PP na Câmara, deputado Mário Negromonte (BA). "O presidente quer fazer da melhor forma possível para atender as questões sociais", acrescentou Negromonte (Fonte: G1-Globo, 2008-08-19).

Segundo ANP, Brasil fecha primeiro semestre como importador de petróleo


Dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) indicam que o Brasil fechou o primeiro semestre de 2008 como importador líquido de petróleo e derivados, o que confirma a dificuldade que a Petrobrás enfrenta para sustentar a auto-suficiência nacional na produção de petróleo.


Segundo a ANP, o País importou uma média de 97,9 mil barris por dia a mais do que exportou nos primeiros seis meses do ano. Trata-se da primeira vez, desde a conquista da auto-suficiência, em 2005, que o País fecha um semestre com saldo negativo no volume de importações. As estatísticas da agência, que usa como base números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), divergem dos dados divulgados pela estatal na semana passada. Segundo a empresa, a auto-suficiência teria sido retomada com o crescimento da produção no segundo trimestre.


A balança comercial da companhia, disse o diretor financeiro, Almir Barbassa, fechou o semestre positiva em 27 mil barris por dia.


Diferenças

Há basicamente duas principais diferenças entre os dados. A primeira refere-se ao fato de a Petrobrás não contabilizar importações de petróleo e derivados por terceiros - o setor petroquímico, por exemplo, importa grande parte da nafta que utiliza. A segunda, diz a Petrobrás, é que a Secex contabiliza apenas operações contabilizadas pela Receita Federal, procedimento que pode demorar até 60 dias.


Segundo os dados da Secex, o Brasil importou um total de 129,779 milhões de barris no primeiro semestre (sendo 73,989 milhões de barris de petróleo e 55,790 milhões de barris de derivados). Já as exportações no período somaram 111,864 milhões de barris (59,104 milhões de barris de petróleo e 52,760 milhões de barris de derivados). Juntando petróleo e derivados, o déficit totaliza 17,915 milhões de barris. Do ponto de vista financeiro, os déficits são recorrentes, uma vez que os produtos importados são mais caros do que aqueles que o Brasil vende ao exterior. Este ano, o mercado estima que o déficit chegue a até US$ 8 bilhões.


As dificuldades para o fechamento positivo da balança devem-se ao forte ritmo de crescimento do consumo, que chegou perto dos 10% no primeiro semestre. Só as vendas de diesel cresceram 10,7% no período - o Brasil sempre foi importador de diesel, uma vez que o petróleo nacional costuma produzir derivados mais pesados. A produção de petróleo, porém, cresceu apenas 2,7% nos primeiros seis meses do ano, atingindo 1,794 milhão de barris por dia (Fonte: A Tarde, 2008-08-19).

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Brasil: A Política do Petróleo


O governo deixou para 2009 a definição do marco regulatório de exploração do petróleo na camada pré-sal, segundo o jornal Valor (10/7). Terá de decidir se cria uma nova estatal ou se adota regras novas apenas para a camada pré-sal. Como a decisão é essencial para os investimentos nos novos campos, os grupos privados terão de adiar seus planos até que o presidente Lula saiba se a Petrobrás descobriu ''vários lagos ou um mar contínuo de petróleo'', como se referiu às descobertas.

A ação do Planalto deverá interromper a disputa pública entre a Petrobrás e o Ministério de Minas e Energia sobre o modelo regulatório. O embate indica a falta de uma política de governo para a exploração e produção de hidrocarbonetos na área mais promissora da plataforma continental.

O ministro Edison Lobão defendeu a criação da nova estatal para o petróleo. O presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, por sua vez, propôs um sistema misto, com a adoção do regime de partilha da produção para os campos da camada pré-sal, considerados de baixo risco, aplicando-se aos demais os mecanismos de concessão em vigor.

Sem pôr em dúvida o potencial das novas fronteiras petrolíferas, o ex-diretor de Exploração e Produção da Petrobrás Wagner Freire prevê que poderá transcorrer uma década até a comercialização da produção. ''Os concessionários nem sequer declararam a comercialidade (ou seja, a viabilidade de exploração) dessas descobertas e é preciso perfurar mais para fazer uma avaliação mais precisa e saber exatamente a dimensão dos campos'', disse ele à jornalista Míriam Leitão, da Globo News e do jornal O Globo. ''Não há um mar de petróleo de Santa Catarina ao Espírito Santo'', completou Freire.

O governo Lula age contraditoriamente. Até a semana passada, fazia planos para gastar um dinheiro que só estará disponível dentro de alguns anos. Agora, decidiu protelar a definição do marco regulatório. Mas contradições caracterizam o jeito lulista de governar. Há dois anos, o governo comemorava a auto-suficiência em petróleo - agora desmentida até por um dos principais quadros oficiais, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, em entrevista ao Estado. Indagado se o País deixará de ser auto-suficiente em 2008, Tolmasquim afirmou: ''Este ano, sim. Tudo depende do crescimento da demanda, mas pode ser que o Brasil feche o ano como importador líquido.''

Como notou o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro Helder Queiroz, citado por Míriam Leitão em sua coluna (5/7), a falta de uma política bem definida para o petróleo contrasta com o ambiente favorável que prevaleceu desde a abertura do setor, em 1997, e que permitiu atrair dezenas de investidores, entre eles as maiores companhias do mundo, nas rodadas da Agência Nacional do Petróleo (ANP). E, sem uma política consistente, será difícil atrair novos investidores agora.

Mesmo a necessidade de alterar a Lei do Petróleo para adotar o modelo misto de exploração é contestada por Wagner Freire. Segundo ele, o aumento da participação estatal na exploração de petróleo pode ser definido por decreto. Quanto à criação de uma nova companhia estatal, o ex-diretor da Petrobrás teme que isto poderia até afetar negativamente a produção.

A confusão nas esferas federais não se limita à questão do marco regulatório. A ANP anunciou que, no primeiro quadrimestre, o Brasil importou, em média, 647 mil barris de petróleo por dia e exportou 461 mil barris, mas a informação foi desmentida pelo diretor de Abastecimento da Petrobrás, Paulo Roberto Costa.

O que a Petrobrás não pode negar é o atraso no cumprimento das metas de produção de petróleo e na entrada em funcionamento das plataformas submarinas. Segundo Freire, o Campo de Roncador, o maior na área da Bacia de Campos, poderia estar produzindo 500 mil barris/dia, mas produz apenas 180 mil barris/dia porque ainda se discute onde será instalada a segunda plataforma encomendada pela Petrobrás.

Num momento de turbulências no mercado do petróleo, o Brasil poderia atrair investidores privados para arcar com parte dos enormes custos de exploração da plataforma continental, definindo logo o marco regulatório. Ao adiar a decisão, o governo perde tempo precioso (Fonte: Estadão, 2008-07-13).

Lobão pedirá à ANP retomada do 8o leilão de blocos de petróleo


O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou que vai encaminhar no mês que vem uma recomendação à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para que retome a oitava rodada e realize, ainda este ano, a 10a licitação de blocos de exploração de petróleo e gás natural. "Mês que vem encaminharei uma portaria à ANP recomendando a oitava rodada e outros leilões no território de fora do pré-sal", disse Lobão em entrevista a jornalistas na sede do Operador Nacional do Sistema (ONS), menos de um mês depois de ter afirmado que nenhuma das duas seria realizada [ID:nN16469423].

A oitava rodada foi paralisada em 2006 pela Justiça, que acatou ações de investidores que não aceitaram a mudança promovida pela ANP limitando o número de áreas que poderiam ser compradas por cada empresa.

Na oitava rodada, realizada antes da descoberta de petróleo na área do cobiçado pré-sal, havia a previsão de serem leiloados dez blocos dessa região, que se estende por 800 quilômetros nas águas ultra-profundas do Espírito Santo à Santa Catarina abaixo de uma grossa camada de sal, onde a Petrobras estima ter reservatórios com grande potencial de hidrocarbonetos.

A Justiça já revogou a liminar que suspendeu a oitava rodada e a ANP voltou atrás na mudança que levou à suspensão do leilão.
Depois da oitava rodada, o governo ainda realizou com sucesso a nona licitação, em 2007. No entanto, segundo o ministro, se for realizada, a décima rodada, esta não incluiria blocos da camada pré-sal. "Vamos promover leilões para o território e para as franjas do pré-sal. No pré-sal, só depois do marco regulatório", completou Lobão, que acredita que ainda haverá tempo hábil para a ANP retomar a oitava rodada e realizar a décima neste ano. "Ainda dá tempo, se não der, faz o edital neste ano e realiza no início de 2009", disse.
No entanto, integrantes do próprio governo admitem que um leilão de blocos que não inclua o pré-sal, como sugeriu o ministro, pode não ter interessados. [ID:nN09353716]
O ministro defendeu também que a atualização do marco regulatório inclua mudanças no sistema de pagamento de royalties. "Essa riqueza pertence a todo o povo, não pode ficar circunscrita a alguns Estados ou municípios. Não queremos prejudicar Rio, Espírito Santo, Rio Grande do Norte ou outros Estados mexendo na configuração da cobrança e na distribuição dos royalties", disse (Fonte: O Globo, 2008-07-10).

Italiana ENI optimista quanto à descoberta de petróleo em Moçambique


O grupo petrolífero italiano ENI está optimista quanto à descoberta de grandes quantidades de petróleo na bacia do Rovuma, norte de Moçambique, afirmou terça-feira em Maputo o vice-ministro italiano para o Desenvolvimento Económico, Adolfo Urso.

Em declarações a jornalistas, Urso adiantou que as prospecções da ENI desde 2007 confirmaram o seu optimismo quanto à possibilidade de descobrir petróleo, particularmente no segmento marítimo da bacia do Rovuma."É muito provável que se venha a descobrir grandes quantidades de petróleo nas águas profundas da bacia", frisou o vice-ministro.

Os estudos sísmicos e a perfuração começaram e 2007 depois de o governo de Moçambique ter atribuído concessões à ENI e a três outras empresas - Artumas, da Noruega, a norte-americana Anadarko e a Petronas da Malásia.

Estas empresas já investiram uma soma próxima de 300 milhões de dólares na perfuração de oito poços de exploração.

A bacia do Rovuma, com 400 por 160 quilómetros, situa-se no delta do rio Rovuma, na fronteira entre Moçambique e a Tanzânia. A bacia fica tanto em terra como no mar, de acordo com o Instituto Nacional do Petróleo de Moçambique, e cobre 64 mil quilómetros quadrados nas províncias de Nampula e Cabo Delgado.

O vice-ministro italiano para o Desenvolvimento Económico esteve em Moçambique à frente de um grupo de investidores em busca de oportunidades de negócio naquele país africano (Fonte: Macauhub, 2008-07-11).

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Angola e o petróleo


Um destes dias, observando o parque automóvel de Luanda dei por mim a questionar-me sobre a racionalidade económica da política de combustíveis de Angola.

O parque automóvel da capital angolana é de extremos. Se são os carros velhos que predominam, os que mais impressionam são os jipes de luxo, de preferência último modelo americano com consumos que chegam a ultrapassar os 20 litros aos 100 km.

Mas em Angola um carro que gaste muito não constitui problema. Apesar dos sucessivos recordes do preço do petróleo, há muito que o preço oficial da gasolina está “congelado” nos 40 kwanzas por litro, cerca de 33 cêntimos de euro, enquanto o do gasóleo não sai dos 29 kwanzas, pouco mais de 24 cêntimos de euro. A título comparativo, na Europa o preço sem impostos é cerca do dobro do de Angola, o que indicia que os preços angolanos são fortemente subsidiados.

Em Angola, o que custa não é o dinheiro que se gasta a atestar o depósito, é o tempo que se demora a abastecer. Na capital escasseiam os postos de combustíveis sendo frequentes as filas nas bombas. Quem não quer esperar pode recorrer ao mercado “negro”, onde, além de correr o risco do produto ser adulterado, paga mais caro – em Maio a gasolina ultrapassou os 200 kwanzas, cinco vezes o preço oficial, devido a problemas de abastecimento da Sonangol.

Resumindo para concluir, a análise do mercado de combustíveis angolano sugere alguma irracionalidade económica. As autoridades fixam preços demasiado baixos para os combustíveis. Os preços demasiado baixos promovem um consumo desenfreado. O consumo desenfreado é controlado através de barreiras administrativas, que se traduzem, por exemplo, na enorme escassez de postos de combustíveis.

Esta política é errada. Estamos em pleno choque petrolífero. Ainda que venham a descer face aos níveis actuais, os preços do crude deverão permanecer em patamares elevados. Isto é bom para os países produtores, como é o caso de Angola. Mas as autoridades de Luanda não podem esquecer-se que o país também é consumidor de petróleo e que os novos preços deveriam ser passados para os agentes económicos locais, obrigando-os a um consumo mais eficiente, a começar pelos jipes que escolhem. O contrário do que está a ser feito. A subsidiação dos preços dos combustíveis é no mínimo perigosa, porque ilude os agentes económicos angolanos sobre a nova realidade energética (Fonte: Diario Economico / Sapo).

Angola é o maior produtor de petróleo em África, segundo a OPEP


Angola ultrapassou a Nigéria como o maior produtor africano de petróleo, de acordo com o mais recente Oil Mining Report (OMR) divulgado pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).

No seu OMR para o mês de Maio, a OPEP afirma que a produção angolana em Abril foi de 1,87 milhões de barris por dia ao passo que a produção da Nigéria caiu para 1,81 milhões de barris, contra um pico de 2,5 milhões de barris três anos antes.

De acordo com a OPEP, a produção diária da Nigéria tem vindo a cair com 2,235 milhões de barris em 2006 e 2,125 milhões de barris em 2007. Durante o mesmo período, a produção de Angola passou de 1,385 milhões de barris por dia em 2006 para 1,66 milhões em 2007.

O cartel petrolífero atribuiu o aumento da produção de Angola a novos projectos "offshore" na região rica em petróleo junto à costa da província de Cabinda (Fonte: Macauhub, 2008-06-11).