sexta-feira, 1 de outubro de 2010

BNDES cria área para empresas de petróleo e gás


O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) começa a olhar com mais atenção a cadeia de petróleo e gás. Há cerca de um mês, o banco criou o Departamento da Cadeia Produtiva de Petróleo e Gás, dirigido por Caio Brito de Azevedo, que já começou a conversar com empresários do setor para poder alinhavar quais são as principais demandas.

De acordo com Azevedo, a previsão é de que ainda no primeiro trimestre de 2011 o banco tenha um plano montado para as empresas do setor. Segundo ele, 65% das empresas ligadas ao setor de petróleo e gás faturam até R$ 25 milhões por ano. E o banco terá de se adequar a esse perfil com linhas especiais de crédito. "São empresas que sofrem com o custo elevado do capital. Queremos ter questões como esta equacionadas e com um programa em condições de operar até março do ano que vem."

Azevedo foi um dos palestrantes do evento sobre os desafios do pré-sal no Instituto Fernand Braudel, em São Paulo, na noite de segunda-feira.

A consultoria Booz&Company apresentou um estudo encomendado pela Organização Nacional da Indústria de Petróleo (Onip) que aponta para a urgência de o Brasil investir na formação de mão de obra e na cadeia de fornecedores, principalmente, quando se leva em conta um horizonte até 2020.
Neste ano, a previsão é que a atividade de petróleo e gás no País receba entre US$ 25 bilhões e US$ 30 bilhões. No acumulado até 2020, a estimativa é que se chegue a US$ 400 bilhões.

Segundo Rodrigo Sousa, coordenador do levantamento da Booz&Company, apesar da exploração do pré-sal só começar de fato daqui a dez anos, os desafios já existem. Sem planejamento, aponta o estudo, a indústria brasileira ligada à atividade de exploração de gás e petróleo não terá condições de competir.

O estudo aponta para a necessidade de coordenação do governo para que a indústria nacional consiga ganhar escala. "Só assim para não depender no futuro da ajuda externa", pondera Sousa.
Prova de que a indústria nacional não tem escala e não é globalizada está no fato de apenas uma em cada quatro empresas exportar a produção. E, para metade das exportadoras, os pedidos internacionais representam menos de 5% do faturamento. O principal destino é a América do Sul, com 50% das encomendas.
O setor de offshore é responsável por cerca de 400 mil empregos, entre diretos e indiretos. Apesar da alta empregabilidade, a falta de mão de obra especializada é uma ameaça.

(Fonte: Estadão / O Estado de S. Paulo, 2010-09-29).

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