A Petrobras terá que acelerar as atividades de exploração nos próximos três anos para conseguir delimitar a tempo as reservas de petróleo e gás nos blocos onde fez descobertas no pré-sal na Bacia de Santos e não ter de devolver áreas. A corrida contra o tempo será necessária porque a Agência Nacional do Petróleo (ANP) confirmou ontem uma decisão tomada no dia 12: negar à Petrobras a prorrogação por mais quatro anos do contrato de concessão de cinco blocos do pré-sal. Os contratos vencem entre 2010 e 2012.
A Petrobras poderá ficar com a parte desses blocos onde já descobriu petróleo, como Tupi — pois deve conseguir fazer a delimitação no prazo. Mas corre o risco de ter de devolver outras áreas dos blocos. Na hipótese de essas áreas serem leiloadas pela ANP, a Petrobras pode entrar na disputa. Mas o ágio no leilão deverá ser bastante elevado.
O gerente executivo de Pré-sal da Petrobras, José Formigle, garantiu que não existe risco de a estatal ter que devolver áreas onde descobriu petróleo. A estatal vai se esforçar para realocar sondas de outras áreas — inclusive do próprio pré-sal — ou contratar equipamentos para delimitar as reservas.
— Nós vamos deslocar sondas que estão operando em outras áreas. A Petrobras não vai ficar devolvendo áreas se achar que tem boas oportunidades. Pode ter certeza disso — garantiu Formigle.
O primeiro vencimento, em dezembro de 2010, é da concessão do bloco B-MS-11, onde a Petrobras descobriu as reservas gigantes de Tupi e Iara, com estimativas de extrair até 12 bilhões de barris. A Petrobras também não conseguiu a prorrogação nos blocos B-MS-9, BMS10 e B-M-S-21. No BM-S-8, onde foi descoberta a reserva de Bem-te-vi, houve só uma pequena mudança: o prazo para avaliação foi adiado para agosto de 2010 e o de complementação de serviços, para 2012.
Segundo Formigle, o pedido de prorrogação dos prazos se deveu a duas questões: a escassez de sondas com capacidade para perfurar poços em grandes profundidades e o fato de os blocos terem apresentado um grande potencial de reservas, que exige mais tempo para sua delimitação: — Na época da assinatura dos contratos não se imaginava a magnitude das reservas existentes no pré-sal.
A Petrobras tem 12 sondas de perfuração em atividade, sendo que quatro podem perfurar em águas profundas no pré-sal.
Para o analista do Banco Modal Eduardo Roche, a Petrobras ainda dispõe de tempo hábil para cumprir o cronograma: — A empresa pode ter avaliado que precisaria de mais tempo. Há problemas de infraestrutura e falta de equipamentos.
O professor do Grupo de Economia da Energia da UFRJ, Helder Queiroz, diz que a agência deveria ter alguma flexibilidade, pois a indústria fornecedora de equipamentos está aquecida: — A agência não tem que olhar apenas a lei, mas as condições de base da indústria. A lei é feita para que uma concessionária não fique sentada em um bloco ou campo, sem um programa de exploração. Não é esse o caso da Petrobras, que tem um programa definido.
Para Queiroz, sem a prorrogação pela ANP, será necessário à estatal intensificar investimentos e buscar os equipamentos de que necessita pagando ágio.
Temores de desabastecimento continuaram pressionando ontem os preços do petróleo.
Em Nova York, o barril do tipo leve americano fechou a US$ 62,04, alta de 3,4%, mas chegou a ser negociado a US$ 62,26. Em Londres, o Brent subiu 2,8%, para US$ 60,59 (Fonte: Gas Brasil / O Globo, 2009-05-21).
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