A aquisição pela Petrobras dos postos da Ipiranga no Norte, Nordeste e Centro-Oeste foi considerada "preocupante" pelo colombiano Maurício Nicholls, presidente da Chevron, gigante que no Brasil utiliza a marca Texaco após a fusão das duas empresas, em 2000. Nicholls calcula, que nas regiões onde a BR comprou os postos da Ipiranga, a participação de mercado da concorrente, braço de distribuição da Petrobras, crescerá significativamente. Ela chegará a 62% do segmento total de combustíveis, caso da região Norte. No Nordeste, a estatal terá uma fatia de 50%. Já no Centro-Oeste cresce para quase 59%. "Isso preocupa porque o tamanho da BR naquelas regiões do país é várias vezes o tamanho do segundo colocado no mercado. Então, há uma forte concentração, o que significa que o consumidor tem menos escolha", diz Nicholls. Segundo dados do Sindicom, sindicato que reúne os distribuidores de combustíveis, relativos a 2006, a BR tinha a maior participação no mercado brasileiro de combustíveis, seguida pela Ipiranga, Shell, Texaco e Esso, só para citar as maiores. Com a compra da Ipiranga no Sul e Sudeste, o Ultra faz sua estréia como comercializador de combustíveis líquidos - já que opera no mercado de GLP desde a compra da Shell Gás - como vice-líder do mercado. E chega à frente de companhias que atuam no país há várias décadas. Nicholls afirma que a Texaco ainda está analisando a nova configuração e diz que ainda não é possível saber como será ter o que ele chama de "nova Ipiranga" como concorrente. "Não sabemos realmente como a Ipiranga vai vir para o mercado no futuro", diz o executivo, que confirmou que a Texaco também analisou a compra da gaúcha em 2000. Em uma análise sobre o mercado brasileiro de combustíveis, Nicholls, que assumiu o posto no ano passado depois de passagens pela presidência da Chevron no Chile, Guatemala e Colômbia, vê melhoras substanciais no setor. Entre elas, as que resultaram em aumento do número de postos que preferem o abrigo das grandes marcas, ao invés de atuarem livremente no mercado, ou com a chamada "bandeira branca". A própria Texaco sentiu isso no ano passado quando aumentou sua rede com mais 70 postos. Segundo Nicholls, essa recuperação de pontos de venda é fruto de uma mudança no mercado, em que os donos de postos estão preferindo voltar a se associar a uma bandeira conhecida. Em parte ele atribuiu essa mudança ao fato de ter se tornado mais difícil a operação de postos de "bandeira branca" com os aperfeiçoamentos da legislação que coibiu práticas anti-concorrenciais. Maurício Borges Campos, diretor de suporte de marketing da Texaco, salienta também que após a desregulamentação do mercado, a partir de 1997, o consumidor que no início se orientou pelo preço, notou que "o barato saiu caro", em referência às vendas de combustível adulterado. Mesmo assim, o presidente da Chevron acha que alguns problemas persistem, como a venda direta das usinas de álcool para os postos de combustíveis, sem passar pela distribuidora, o que não gera o pagamento de imposto. "O que mais nos preocupa é que ainda existem algumas possibilidades de sonegar e adulterar produtos. Hoje as autoridades podem fiscalizar muito melhor do que antes. Essa área melhorou bastante nos últimos anos, com regras bem mais claras e fiscalização muito mais efetiva", afirma. A Texaco está investindo US$ 11 milhões este ano para lançar no mercado sua gasolina aditivada com Techron, um produto desenvolvido pela empresa em 1995 que ajuda a limpar peças do motor. O valor não inclui os investimentos de US$ 40 milhões previstos para 2007, valor 14% acima do orçamento do ano passado, de US$ 35 milhões. Nicholls ressalta que a diferença da sua empresa para as concorrentes que já lançaram gasolina aditivada no mercado é que a Texaco não oferecerá mais gasolina comum em seus postos. Ressaltando que os preços no Brasil são livres, ele disse que a recomendação é para que o produto seja vendido pelo mesmo preço da antiga gasolina comum. (Valor Econômico)
quarta-feira, 11 de abril de 2007
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