quinta-feira, 29 de maio de 2008

Crise do crude vai acabar?


Depois de uma sessão de meditação colectiva e de alguns discursos, os presentes organizaram-se em grupos para discutir um pouco de tudo, dos transportes que não usam petróleo como combustível à estratégia a adoptar para persuadir os políticos locais a aderir ao mote do movimento das ‘Transition Towns’: reduzir a pegada de carbono em resposta às preocupações em torno do decréscimo das reservas de hidrocarbonetos e do aquecimento global.

Estes encontros foram, durante anos, considerados manifestações excêntricas. Grande parte dos executivos que trabalha na indústria petrolífera, dos governos, dos analistas e dos consultores rejeitou a teoria do “pico do petróleo”, que se baseia no trabalho desenvolvido pelo geofísico Marion King Hubbert nos anos 50, quando se encontrava ao serviço da Shell, e que defende que a produção de crude vai, em breve, entrar numa fase de declínio terminal. Os seus críticos alegam que descura aspectos como as reservas remanescentes, subestima o contributo dos desenvolvimentos tecnológicos e ignora o papel das forças de mercado, cuja influência pode determinar as futuras reservas.

Mas numa altura em que o preço do petróleo atingiu novo máximo histórico, 135 dólares por barril, isto é, mais mil por cento do que há uma década, os receios de que a era dos hidrocarbonetos está a chegar ao fim começa a contagiar todas as áreas do mercado. Muitos profissionais da indústria petrolífera aceitam hoje que os preços não se devem apenas ao forte aumento da procura, mas também às restrições da oferta. Os apelos a novos investimentos são cada vez mais uma constante e estiveram no topo da agenda dos ministros da Energia dos principais países consumidores e produtores de petróleo, na reunião que teve lugar o mês passado em Roma. Poucas semanas depois, os analistas da Goldman Sachs e de outras empresas de referência, bem como os ministros dos países da OPEP, chegavam a uma conclusão: os preços do petróleo podem atingir os 200 dólares/barril dentro de dois anos.

O facto de a produção petrolífera da Rússia ter decrescido perto de meio ponto percentual em Abril – a primeira quebra em dez anos – foi suficientemente alarmante para o mundo em geral e para a indústria em particular. Porquê? Porque até há cinco anos o segundo maior produtor mundial mantinha uma taxa de produção anual na ordem dos 12%. Mas há mais: alguns executivos da indústria petrolífera, como Leonid Fedun, vice-presidente da Lukoil, declararam entretanto que a produção russa já atingiu o pico.

Dias depois de Fedun ter feito esta declaração, a Arábia Saudita, o maior produtor e exportador mundial de petróleo, anunciou que suspendera os planos que visavam aumentar a capacidade de produção. O ministro saudita da Energia, Ali Naimi, realçou que as previsões para a procura não permitem expandir a produção além dos 12,5 milhões de barris/dia, limite a atingir no próximo ano, apesar de o reino saudita ter investido nos últimos anos mais de 12,9 mil milhões de euros no aumento da capacidade.

O problema é que ninguém sabe o que se passa no seio da indústria petrolífera saudita. Riad é um “segredo bem guardado”. Tão bem guardado que os analistas da Sanford Berstein, uma empresa de serviços financeiros, optaram por espiar via satélite as actividades de perfuração e extracção na maior jazida petrolífera do mundo, Ghawar, ao longo dos últimos nove meses, para confirmarem se houve, ou não, alguma alteração no padrão de exploração. E qual foi a sua conclusão? A Arábia Saudita terá de se esforçar mais do que aquilo que os seus engenheiros e geólogos haviam previsto em 2004, e explorar ao máximo a vertente norte de Ghawar.

Matthew Simmons, banqueiro de investimento na área das energias, mostra-se mais pessimista quanto à “saúde” de Ghawar. Por uma razão muito simples: se a Arábia Saudita não tenciona expandir a sua produção para 15 milhões de barris/dia, isso significa que está a fazer tudo para evitar o colapso das suas jazidas. Mas o mais dramático, na opinião de Simmons, é o mundo depender de um “punhado” de jazidas que hoje se encontram em acentuado declínio. Mais: desde a década de 70 que não se descobrem novas jazidas com igual capacidade. Um em cinco barris consumidos diariamente provém de uma jazida com mais de 40 anos. Nenhuma das jazidas descobertas nos últimos 30 anos tem capacidade para produzir mais de 1 milhão de barris/dia. Pior: a sua dimensão tem vindo a diminuir drasticamente.

As preocupações em torno da oferta alastraram à maioria dos gabinetes das petrolíferas internacionais. James Mulva, CEO da norte-americana ConocoPhillips, e Christophe de Margerie, seu homólogo na francesa Total, manifestaram recentemente o seu pessimismo ao reconhecerem que a produção petrolífera mundial nunca irá ultrapassar a fasquia dos 100 milhões de barris/dia. É este o volume que a Agência Internacional de Energia estima ser necessário para satisfazer a procura mundial dentro de sete anos, a qual deverá disparar para os 16 milhões de barris/dia em 2030.

Mulva e Margerie, tal como um número crescente de executivos do sector e de ministros, estão cientes de que a era do “petróleo fácil” tem os dias contados e de que as barreiras políticas – como a instabilidade na Nigéria, o processo de nacionalização das empresas energéticas na Rússia e as tensões internacionais que, desde há duas décadas, vêm a mitigar o potencial energético do Iraque – têm impedido as empresas de explorar em pleno os 2.400-4.400 milhares de milhões de barris remanescentes.

As petrolíferas, em vez de se prepararem para o dia do “Juízo Final”, têm usado a tecnologia para extrair o crude que ainda existe nas suas velhas jazidas e procurado novas reservas em terrenos mais remotos e hostis. Mas sublinham que seria importante que os consumidores, habituados a depender do crude para tudo, não desperdiçassem este valioso recurso.

Os executivos da indústria reconhecem que as jazidas nos países desenvolvidos, como as do Mar do Norte e do Alasca, estão prestes a atingir o “pico”. (Segundo a Sanford Bernstein, a produção exterior à OPEP deverá atingir o pico já este ano). No entanto, lembram que a capacidade das jazidas não convencionais, como Alberta, no Canadá, ou a Faixa do Orinoco, na Venezuela, já ultrapassaram o número de barris de petróleo produzidos pela Arábia Saudita. Acontece que estas duas alternativas têm grandes desvantagens: a primeira por se tratar de uma exploração que obriga ao uso intensivo de água e energia, e a segunda por estar sob a alçada do Governo populista de Hugo Chávez, facto que leva muitas empresas a recear investir na Faixa do Orinoco.

Guy Caruso, presidente da Administração da Informação Energética (AIE) do Departamento de Energia dos EUA, acredita que o mercado tem poder suficiente para influir nas políticas dos governos e no comportamento dos consumidores e das petrolíferas. A AIE estima que as importações norte-americanas de petróleo irão diminuir ligeiramente nos próximos 22 anos. Ora, isto quer dizer que a dependência das importações de petróleo do maior consumidor mundial vai decrescer entre 60% a 50% até 2015, antes de voltar a crescer para os 54% até 2030. As razões para esta descida são a crescente eficiência energética nos automóveis, a redução da procura, o aumento do consumo de biocombustíveis e o crescimento da produção dos EUA em um milhão de barris/dia no Golfo do México até 2012. “Hubbert nunca poderia ter previsto que a tecnologia ia evoluir desta maneira. Que hoje se usaria a perfuração horizontal e se poderia extrair petróleo do oceano a 3.600 metros de profundidade”, sublinha Caruso.

Uma versão mais pessimista deveria incluir um declínio ainda mais acentuado e generalizado à medida que os países em desenvolvimento vergam sob o peso dos subsídios que são obrigados a pagar para suprir as necessidades energéticas e de alimentação da sua população. As opiniões de Jeremy Leggett, um geólogo convertido em empresário e autor de “Half Gone: Oil, Gas, Hot Air and the Global Energy Crisis”, vai ainda mais longe na sua parábola para o pior cenário: “Os preços da habitação colapsaram. Os mercados de acções entraram em ruptura… As empresas foram à falência… Primeiro centenas de milhar, depois milhões, de trabalhadores foram atirados para o desemprego. Onde antes havia cidades prósperas com cafés e esplanadas vêem-se hoje filas de pessoas na chamada ‘sopa dos pobres’ e um exército de pedintes nas ruas”.

Os executivos da indústria petrolífera rejeitam este cenário quase apocalíptico que, de tão corrosivo, tem o poder de deturpar políticas e decisões de investimento. Mas são visões como esta que levam as pessoas a agir e a usar a energia de uma forma mais eficiente. Os tocadores de gaita-de-foles e inseridos nas ‘Transition Towns’ são parte – ainda que pequena – da solução para as incertezas do futuro. Mesmo que o mundo nunca venha a viver a catástrofe que eles prevêem (Fonte: Diário Ecónomico/Financial Times, 2008-05-26).

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Combustíveis aumentam menos em Portugal do que na Zona Euro


Os constantes aumentos dos preços dos combustíveis desde o início do ano têm gerado muita polémica, com muitos intervenientes a questionarem as práticas das petrolíferas no mercado nacional, mas a verdade é que os portugueses não estão a ser mais fustigados nos orçamentos mensais com o gasóleo e a gasolina do que os seus parceiros europeus.

Pelo contrário, Portugal tem mesmo sido entre os países da Zona Euro um dos que menores aumentos dos combustíveis regista desde o início deste ano, ainda que cobre aos seus automobilistas o quarto preço mais elevado entre os Quinze na gasolina e o oitavo mais alto no gasóleo - e neste caso abaixo da média.

Em média, na Zona Euro o litro da gasolina aumentou 5,44% enquanto em Portugal a subida foi de 4,52%, de acordo com os dados divulgados pela Direcção-Geral de Energia e Geologia. E, se compararmos com o país vizinho, esta diferença aumenta. Em Espanha, os preços médios mensais da gasolina cresceram 10,34%.

Uma das razões para a diferença de preços entre Portugal e Espanha reside na taxa do IVA, que no mercado nacional se encontra nos 21% e ao lado nos 16%. Em Portugal regista-se ainda uma dupla tributação nos combustíveis, com o IVA a incidir sobre o preço base, que incorpora o imposto sobre os produtos petrolíferos (ISP).

No gasóleo, a evolução é semelhante. O preço médio mensal deste combustível aumentou 9,14% em Portugal, enquanto na Zona Euro o acréscimo foi em média de 10,34% e em Espanha foi de 11,8%.

Mas se o confronto com a evolução dos preços na Zona Euros desde o início do ano é favorável aos portugueses, o mercado nacional compara ainda melhor com os mercados internacionais.

Considerando os preços médios semanais praticados em Portugal, os consumidores estão a gastar mais 9,50 euros para encherem um depósito com 50 litros de gasóleo do que no início deste ano. O que dá um aumento de 16%, menos de metade da escalada nos mercados internacionais. O contrato de gasóleo nestes mercados subiu 33,6%, e isto se considerado o impacto da valorização do euro face ao dólar (7%), já que o aumento em dólares foi de 42%.

No que respeita à gasolina, o aumento é menor, mas ainda assim os consumidores estão a pagar mais seis euros para atestar o seu veículo com 50 litros deste combustível desde o início do ano. Este combustível aumentou 8,9% para um preço médio semanal de 1,479 euros. Nos mercados internacionais, o contrato de gasolina encareceu 18,4% em euros (Fonte: Jornal de Negócios Online, 2008-05-21).

Portugal/Venezuela: EDP assina acordos nas energias eólica, geração térmica e gás


A EDP assinou hoje três acordos com a petrolífera venezuelana (PDVSA) nas áreas da energia eólica, geração térmica e gás, numa cerimónia que decorreu na Faixa de Orinoco, cerca de 500 quilómetros a sul de Caracas.

Na Faixa de Orinoco, considerada uma das zonas com capacidade para maior expansão ao nível da produção petrolífera, estiveram presentes o presidente venezuelano, Hugo Chavez, e o primeiro-ministro, José Sócrates.

Na área da energia eólica, a EDP vai dar apoio do ponto de vista técnico e de transferência de energia aos trabalhos que a PDVSA tem nas Caraíbas.

A EDP fará uma avaliação do projecto e, se a análise for positiva, a empresa portuguesa terá um direito de opção ao nível do investimento.

Já com o acordo para a liquefacção e posterior comercialização de gás, a EDP passará a ter um dos três trens da PDVSA (nos outros dois a GALP está presente), entrando na exploração com uma percentagem entre 12 e 15 por cento.

Em relação à geração térmica, a eléctrica nacional tem em vista a construção a prazo de uma central de ciclo combinado em conjunto com a PDVSA e vai apoiar esta empresa venezuelana num projecto para a destilação de um subproduto do petróleo.

Em declarações à agência Lusa, o administrador da EDP Jorge Cruz Morais considerou que os acordos assinados vão ajudar a preencher as capacidades da empresa, sobretudo ao nível do gás (Fonte: RTP/Lusa, 2008-05-14).

Angola deve diminuir dependência do petróleo, defende banco


O economista-chefe do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Louis Austin Kasekende, afirmou nesta quarta-feira, em Maputo, que os países como Angola precisam se libertar da elevada dependência em relação ao petróleo. "A sustentabilidade do crescimento é uma grande questão para a África, sobretudo para os países exportadores de petróleo, como Angola. Até agora, o preço das mercadorias tem sido a mola propulsora do crescimento nos últimos cinco anos", disse Kasekende à Agência Lusa.

Segundo o dirigente do BAD, "se houver uma desaceleração na economia dos países desenvolvidos e a procura por estas mercadorias diminuir, o risco de uma desaceleração é muito elevado".

O economista participa em Maputo na 43ª reunião anual do Banco Africano de Desenvolvimento, que acontece até quinta-feira.Confirmando as previsões de crescimento no relatório do BAD, Kasekende defendeu que Angola e outros países africanos produtores de petróleo devem aproveitar com urgência a "janela de oportunidade" proporcionada pela alta do preço das matérias-primas."Estes países estão muito, muito dependentes do petróleo. A Nigéria, por exemplo, tem uma dependência de 93%. Mas têm agora uma janela de oportunidade para garantirem a sustentabilidade do seu crescimento e desenvolvimento", disse."É preciso que tomem agora um conjunto de decisões, relativas à diversificação das suas economias, educação, infra-estruturas, saúde. É isso que vai mudar estas economias", disse (Fonte: Agencia Lusa, 2008-05-14).

Angola ultrapassou Nigéria como maior produtor de petróleo no continente africano


A produção petrolífera de Angola foi a maior do continente africano no mês de Abril, superando a da Nigéria, afectada por ataques a instalações petrolíferas, segundo dados hoje divulgados pela Organização de Países Exportadores d Petróleo (OPEP).

A OPEP indica que em Abril, Angola produziu em média 1,873 milhões de barris de petróleo, mais 55 mil do que a Nigéria.

No final de Abril, a produção petrolífera da Nigéria estava nos 1,36 milhões de barris, 40 por cento da capacidade instalada no país, que é anualmente o maior produtor de petróleo em África desde 1978, e no ano passado atingiu um débito de perto de 2,4 milhões de barris diários.

A redução deve-se aos constantes ataques por parte de rebeldes no Delta do Níger, "coração" da produção de petróleo no país, que reclamam contra a poluição causada pela indústria petrolífera e exigem parte da riqueza produzida na região.

A produção na Nigéria foi entretanto regularizada, mas a situação no terreno continua a ser instável, e a generalidade dos analistas admitem a ocorrência de novos ataques a plataformas petrolíferas ou oleodutos.

Angola aderiu à OPEP no início deste ano, e tem uma quota de produção de 1,9 milhões de barris.

Entre os três maiores produtores africanos está ainda a Líbia, com 1,72 milhões de barris (Fonte: RTP/Lusa, 2008-05-15).

Produção de biocombustíveis em Angola não prejudica cultivo de alimentos


A produção de biocombustíveis em Angola não é prejudicial ao cultivo e oferta de alimentos, assegurou quinta-feira, em Nova Iorque, o vice-ministro do Urbanismo e Ambiente, Mota Liz, durante um discurso na 16ª Sessão da Comissão da ONU para o Desenvolvimento Sustentável.

O governante argumentou que em Angola se pode alocar à produção de biocombustíveis aproximadamente 500 mil hectares, que representam menos de 2 por cento, dos cerca de 35 milhões de hectares de terras potencialmente aráveis que o país possui, sem prejudicar as terras destinadas à produção de alimentos. Afirmando compreender a actual polémica decorrente da produção de biocombustiveis, explicou que o Governo angolano entende que ela poderá contribuir significativamente na redução do desemprego, proporcionando a criação de centenas de milhares de empregos directos e indirectos, com reflexos na melhoria da renda das populações rurais.

Reconheceu que apesar dos progressos alcançados nas áreas de desenvolvimento sustentável as questões relacionadas com as mudanças climáticas, a seca e desertificação em África continuam a ser factores que dificultam o desenvolvimento, e, como consequência, impedem a expansão agrícola e a melhoria da qualidade de vida das populações.

Relativamente a Angola, disse que após a restauração da paz o Governo tem implementado uma série de reformas económicas e legislativas, visando a estabilização macroeconómica, com resultados satisfatórios e que se podem constatar na actual taxa de crescimento do país. A esse respeito, enumerou um conjunto de programas que o Governo está a implementar, tais como a extensão dos serviços de educação, saúde, da promoção da habitação condigna, água potável, electricidade e saneamento básico às zonas rurais, com vista a erradicação da pobreza.Outras acções estão viradas para o combate à desertificação, à desflorestação, questões relativas às alterações climáticas, à reabilitação e expansão dos sistemas de fornecimento de água potável, entre outros projectos.

Por outro lado, referiu que o Governo continuará a aperfeiçoar mecanismos de responsabilização dos operadores económicos, e não só, que causam danos ao ambiente e promovem uma exploração irracional dos recursos naturais.

Assegurou que o Governo de Angola continuará a pautar a sua actuação nos princípios da boa governação, devendo prosseguir com reforço dos mecanismos institucionais e organizativos que assegurem a transparência e eficácia da acção governativa.Mota Liz concluiu a sua intervenção com um apelo para que se reverta o actual quadro mundial, através de programas concretos, que vão ao encontro das necessidades dos países mais afectados, a fim de se caminhar seguramente rumo aos Objectivos do Desenvolvimento do Milénio.

A 16ª Sessão da Comissão de Desenvolvimento Sustentável iniciou no dia 5 de Maio e terminou sexta-feira. Está a analisar assuntos relativos à agricultura, desenvolvimento rural, terra, seca, desertificação, mudanças climáticas, entre outros assuntos. Integraram a delegação angolana responsáveis e técnicos dos ministérios das Relações Exteriores, do Urbanismo e Ambiente, da Agricultura e do Desenvolvimento Rural e da Energia e Águas (Fonte: Angola Press, 2008-05-17).

terça-feira, 27 de maio de 2008

Portugal: Quadro regulatório do mercado energético dificulta trabalho de empresas estrangeiras


O mercado energético português continua a não ter resolvidas as questões regulamentares necessárias para que seja verdadeiramente aberto, o que não permite a empresas estrangeiras trabalhar com normalidade, afirmou o conselheiro-delegado da Gás Natural. "Portugal é um dos mercados onde queremos operar, onde queremos investir na comercialização de gás e electricidade. Mas temos que ressaltar que, apesar de formalmente o mercado português estar aberto, continuam por resolver temas regulatórios necessários", afirmou Rafael Villaseca. "É difícil operar e é necessária essa abertura", sustentou.

Em declarações em Barcelona, antes da Junta de Accionistas, Villaseca comparou a situação nos dois países ibéricos, referindo que empresas portugueses como a EDP e a Galp "actuam com normalidade" em Espanha enquanto a Gás Natural "não pode actuar em Portugal".

Considerando "certa" a ideia do desenvolvimento do MIBEL e do MIBGás, Villaseca sustentou porém que é necessário "melhorias" que "permitam comercializar", especialmente no mercado gasista. "Portugal está a abrir, como fez Espanha, para permitir que mercados sejam integrados, mas em Portugal até hoje, por não ter feito todas as mudanças necessárias, isso ainda não é possível. Estamos confiantes que num prazo breve isso não será um obstáculo", sublinhou.

Questionado sobre projectos concretos para Portugal, Villaseca notou que em termos gerais a Gás Natural quer ampliar a sua quota de mercado em Itália, França e Portugal - "países alvo" - para cinco por cento, não havendo um "objectivo concreto de quota" para o mercado português.
Notou ainda que além do projecto de Angola em que está envolvida e onde participa a Galp, não se antecipam mais projectos com a empresa portuguesa nem está prevista qualquer participação na EDP ou EDP Renováveis.
Ao mesmo tempo reiterou que a Gás Natural continua interessada no projecto de um ciclo combinado em Portugal mas que, pelos problemas regulatórios, isso "ainda não foi possível".
"O objectivo em Portugal é muito claro: Queremos poder começar a trabalhar", disse (Fonte: Sapo/Lusa, 2008-05-21).

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Importações portuguesas de petróleo atingirão quatro milhões de barris em 2009


A GALP assinou hoje com a Petróleos da Venezuela (PDVSA) cinco acordos, prevendo importações de petróleo de quatro milhões de barris em 2009, a liquefacção e comercialização conjunta de gás e a construção de quatro parques eólicos.

Os acordos foram assinados pelos presidentes da GALP e da PVSA na presença do chefe de Estado venezuelano, Hogo Chavez, e do primeiro-ministro, José Sócrates.

Além de ter começado com cerca de uma hora de atraso, a cerimónia foi longa e insólita, com o presidente Chavez a falar mais de uma hora (com Sócrates quase sempre em silêncio ao seu lado) e a interpelar por várias vezes o presidente da GALP, Ferreira de Oliveira, ou empresários portugueses que estão envolvidos em negócios com a Venezuela.

Chavez resolveu apresentar os 14 acordos celebrados entre Portugal e a Venezuela um a um, deixando muitas piadas pelo meio.

Alternando ataques violentos a adversários com notas de humor, Chavez fez críticas aos Estados Unidos, elogiou as massas portuguesas, referiu-se ao socialismo de Sócrates, às padarias da comunidade portuguesa e pediu palmas para o presidente da GALP, ou para o chefe de Estado brasileiro, Lula da Silva.

"Que o nosso primeiro petroleiro chegue a Lisboa antes de Sócrates", disse, numa referência à visita oficial de três dias do primeiro-ministro português.
No domínio da energia, PDVSA e Galp assinaram um acordo quadro para o desenvolvimento de projectos de liquefacção de gás natural.

Este acordo prevê a constituição de duas empresas mistas (uma para cada projecto), em que a GALP terá uma participação de 15 por cento.

O compromisso prevê ainda que a GALP poderá vir a adquirir uma quantidade equivalente a dois mil milhões de metros cúbicos/ano de gás natural - algo que o Executivo de Lisboa define como "fundamental" para a segurança de abastecimento.

PDVSA e GALP assinaram um memorando para avaliação de um terceiro projecto de gás liquefeito, um acordo para o estudo conjunto de desenvolvimento do Bloco Boyaca 6 na Faixa Petrolífera de Orinoco - local que quarta-feira será visitada pelo primeiro-ministro.

As petrolíferas venezuelana e portuguesa a assinaram ainda acordos para a transacção entre dois e quatro milhões de barris de petróleo por ano e um projecto para a construção na Venezuela de quatro parques eólicas na Venezuela.

Segundo a GALP, os quatro parques eólicos na Venezuela terão uma capacidade de 72 megawatts (Fonte: RTP/Lusa - 2008-05-13).

Sonangol fecha negócio com BCP


O BCP e a Sonangol chegaram finalmente a acordo e hoje Carlos Santos Ferreira irá anunciar, durante a conferência de imprensa de apresentação de resultados do primeiro trimestre, a entrada da petrolífera angolana no capital do seu banco em Angola.

Segundo avança o Diário Económico, os termos da parceria serão anunciados esta segunda-feira, bem como o calendário para a concretização do negócio. «Foi combinado entre as duas partes que os termos do acordo fossem comunicados segunda-feira [hoje], sendo que tudo deverá ficar concluído ainda durante o mês de Maio», precisou o mesmo responsável. Ou seja, o negócio será concretizado dentro de poucas semanas.

A Sonangol e o Banco Privado Atlântico, um banco que tem como principal accionista a petrolífera angolana, irão entrar no capital do Millennium Angola com 49,9% do capital. O BCP mantém os restantes 50,01%.

A parceria permitirá ao BCP respeitar as directrizes das autoridades angolanas, que exigem a entrada de parceiros locais no capital dos bancos estrangeiros a operar em Angola e, por outro lado, facilitará a expansão do banco português naquele país.

O BCP decidiu, ainda com Paulo Teixeira Pinto na presidência, alargar a sua intervenção em Angola, tendo transformado a sua sucursal num banco de direito local, depois de definir o país como uma prioridade da estratégia de internacionalização do BCP. Essa decisão ocorreu em simultâneo com a entrada da Sonangol no próprio BCP, de que a petrolífera já é um dos principais accionistas.

Embora não tenha sido comunicada oficialmente, a participação da Sonangol deve rondar actualmente os 7% (Fonte: Diário Digital, 2008-05-12).

Angola: Crescimento do PIB abranda em 2009


O crescimento da economia angolana deverá abrandar para 5,1 por cento em 2009, metade do previsto para 2008, devido à quota de produção petrolífera da OPEP, segundo dados hoje divulgados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

O crescimento real do PIB angolano "deverá abrandar em 2008 e 2009" para 11,5 por cento e 5,1 por cento, respectivamente, "à medida da travagem do crescimento da produção petrolífera, para 11 por cento e dois por cento, assumindo que o país cumpre a nova quota de produção petrolífera da OPEP [Oganização de Países Exportadores de Petróleo], de 1,9 milhões de barris diários".

Os dados constam do relatório "Perspectivas Económicas para África 2008", da OCDE e do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), hoje divulgado à margem da abertura da Assembleia Geral do BAD, em Maputo, Moçambique.

Para o país anfitrião da conferência, é previsto um ligeiro abrandamento da economia moçambicana - de sete por cento este ano, para 6,8 por cento em 2009 - e também da cabo-verdiana - de 7,6 por cento para sete por cento.

Segundo os dados da OCDE e BAD, a economia angolana creceu 19,8 por cento no ano passado, acelerando 1,2 pontos percentuais face a 2006.

Quanto ao sector petrolífero, OCDE e BAD sublinham a existência de "progressos" ao nível da transparência na gestão de receitas petrolíferas, "embora muito continue por fazer", nomeadamente a adesão ao mecanismo internacional Iniciativa para a Transparência nas Indústrias Extractivas, permitindo que Sonangol e Endiama continuem a ser usadas em operações do governo ou banco central.

O relatório sublinha o contributo positivo que as receitas petrolíferas têm tido para a economia angolana, mas também a "pressão" a que o governo está sujeito, para que o crescimento se traduza em benefícios no nível de vida da população.

"A incapacidade de disseminar os benefícios do crescimento pode causar um aumento das tensões sociais. A pressão política sobre o governo está a aumentar, especialmente com as eleições parlamentares e presidenciais, agendas para 2008 e 2009 e há muito adiadas", lê-se no relatório hoje divulgado.

"A prioridade", dizem BAD e OCDE, "deve ser dada à criação de um ambiente de negócios saudável para os investidores estrangeiros e domésticos, implementar reformas estruturais, continuar a reabilitar as infra-estruturas e melhorar a gestão da despesa através da descentralização dos investimentos públicos para o nível local".

OCDE e BAD sublinham ainda que "o mesmo grupo de pessoas" da elite angolana, nomeadamente os círculos "próximos" do presidente José Eduardo dos Santos, que até ao final da guerra civil tinha "total controlo da economia", continua a ser preponderante.

"Com a pacificação, o mesmo pequeno grupo de pessoas alcançou o acesso a activos anteriormente detidos pelo Estado e muitos pensam que continuam a ter acesso facilitado a licenças, concessões, crédito e oportunidades de negócio em geral", afirma.

Neste sentido, BAD e OCDE recomendam uma "abertura verdadeira da economia", salientando que apesar dos esforços que têm vindo a ser feitos, nomeadamente no campo legal, "fazer negócios em Angola continua a ser difícil", refere o relatório.

Não obstante, adianta, o sector não-petrolífero continua a crescer com "força" e a atrair investimentos. "Os elevados preços e aumento da produção petrolífera continuam a possibilitar altas taxas de crescimento do PIB, e o dinamismo do sector petrolífero atraiu uma grande diversidade de investimento relacionado, como nos serviços financeiros, construção e indústria. A agricultura também começou a mostrar um crescimento forte", nomeadamente "graças à melhoria da segurança nas zonas rurais", adianta.

Um sector cujo desempenho é considerado "decepcionante" é o diamantífero, com um recuo de produção na orgem dos três por cento no primeiro semestre do ano passado, atribuído a difíceis condições climatéricas.

Por outro lado, nos biocombustíveis Angola apresenta-se com potencial para se tornar "um dos mais importantes produtores", nomeadamente com o apoio brasileiro.

O relatório salienta ainda as "novas possibilidades de financiamento" abertas para Angola através do recente acordo com os credores do Clube de Paris, conjugadas com os superávites a nível fiscal e externo, importantes na actual fase de reconstrução (Fonte: Notícias Sapo, 2008-05-12).

quarta-feira, 14 de maio de 2008

BPI diz que descoberta da Eni em Angola pode ser "positiva" para a Galp


Os analistas do Banco BPI consideram que a descoberta por parte dos italianos da Eni de uma jazida significativa de petróleo no poço 'Sangos 1' ao largo de Angola deverá ter um impacto "neutral a positivo" nas acções da Gaçp Energia, uma vez que esta detém participações em blocos que estão na proximidade deste.

Segundo o 'Iberian Daily' de hoje do BPI, a descoberta da Eni "pode aumentar as expectativas de descoberta de petróleo na área".

O documento relembra que a Galp detém participações de 9 e de 5% nos blocos 14 e 32, que são próximos do local da descoberta da Eni, tendo também uma participação de 5% no bloco 33, que está logo abaixo do bloco 32.

No mesmo documento, o BPI diz ser 'neutral' para a Galp as notícias de que a brasileira Petrobras vai começar testes de produção no campo de Tupi, na bacia de Santos, já em 2009. "O 'timing' dos testes de produção não constitui novidade, e tinha sido já avançado pela BG [que também tem participações nesta área]. Isto pode implicar uma produção total de 7,3 milhões de barris, da qual 10% será atribuível à Galp, e que não é assim tão relevante tendo em conta os actuais 4,6 milhões de barris que a empresa teve atribuídos em Angola durante o ano de 2007", diz o BPI.O BPI diz ainda "esperar que a produção em tupi acelere nos próximos 4 a 5 anos para 1,12 milhões de barris por dia, de acordo com as previsões das companhias".

O BPI tem uma recomendação de 'manter' para a Galp, com um preço-alvo de 17,05 euros. Às 12h08, a Galp subia 2,27% para os 16,24 euros (Fonte: Diario Economico, 2008-05-06).

Petrolífera estadunidense manifesta interesse em Angola


Representantes da companhia petrolífera norte-americana Apex Petroleum Engineering encontraram-se, terça-feira, em Ottawa (Canadá), com o embaixador de Angola naquele país, Miguel Nzau Puna, a quem manifestaram o interesse de trabalharem no mercado do crude angolano.

Durante o encontro, os empresários explicaram as potencialidades da companhia e os benefícios que poderá proporcionar à indústria petrolífera angolana por empregar técnicas modernas na prospecção e extracção de petróleo. Referem que em função da experiência da companhia no ramo de formação, poderão, na sua eventual presença em Angola, criar centros de ensino no país para instruir técnicos angolanos nos mais variados níveis e especialidades, de acordo com as necessidades apresentadas.

O embaixador angolano Nzau Puna disse, na ocasião, que o Governo de Angola terá muito interesse em cooperar com a Apex Petroleum Engineering e garantiu prestar o apoio necessário, desde a concessão de visto e de informações, para facilitar a sua entrada no mercado angolano.

A Apex Petroleum Engineering foi representada no encontro pelos seus principais consultores, John Harkrider e Allan Jensen. A companhia, criada em 1999 no estado norte-americano de Colorado, cidade de Denver, com escritórios na província canadiana de Alberta, actua nas áreas de produção, perfuração, armazenamento e tratamento do petróleo. Possui cerca de 60 clientes dentre os quais a Texaco Exploração e Produção, Range Resources, Petrogulf Corporation, Chevron-EUA, Falcon Creek e a Forest Oil Corporation (Fonte: Angola Press, 2008-05-07).

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Grupo sueco pretende produzir etanol em Moçambique


O grupo sueco Sekab (Svensk Etanolkemi AB) adquiriu um terreno em Bagamoyo, Tanzânia, para a produção de etanol a partir da cana-de-açúcar havendo planos para alargar essa actividade a Moçambique, informou em Campala o jornal East African Business Week.

O jornal cita o presidente do grupo, Per Carstedt, para afirmar que na Tanzãnia as primeiras fábricas irão começar em 2011 a processar a cana-de-açúcar que irá ser produzida num terreno com 400 mil hectares.

A Tanzânia e Moçambique tem uma área combinada que é cerca de quatro vezes a da Suécia e a maior parte das receitas geradas com a exportação de produtos é absorvida pela importação de combustíveis.

O governo da Tanzânia tem o apoio da Agência Sueca para a Cooperação e Desenvolvimento Internacional e a Agência Sueca da Energia criou um organismo especial, o "National Biofuels Task Force" para lidar com todos os assuntos relacionadas com a indústria de bio-combustíveis.

O grupo Sekab é um dos principais produtores europeus de etanol tendo sido fundado em 1985 (Fonte: Macauhub, 2008-05-06).

Galp Energia compra Shell em Moçambique, Suazilândia e Gâmbia


A Galp Energia comprou o negócio de distribuição de produtos petrolíferos da Royal Dutch Shell em Moçambique, na Suazilândia e na Gâmbia por 55 milhões de dólares (35,6 milhões de euros), anunciou hoje a empresa em comunicado.

O negócio permitirá um aumento de 45 por cento nos volumes de vendas da distribuição de produtos petrolíferos e uma maior diversificação geográfica em África, com quotas de mercado que variam entre os 15 e os 40 por cento, refere a empresa.

Permitirá também desenvolver os negócios da Galp Energia nos eixos de Moçambique-Suazilândia e Cabo Verde-Guiné-Bissau-Gâmbia e possibilitar colaborações futuras na área dos biocombustíveis.

A Galp Energia refere que o seu foco regional em África inclui ainda uma terceira área que será desenvolvida a partir de Angola.

Segundo o administrador executivo da Galp Energia, Fernando Gomes, "esta aquisição representa uma oportunidade única para aumentar as nossas operações de distribuição de produtos petrolíferos na África Austral e Ocidental, permitindo-nos criar clusters regionais com base em países de língua oficial portuguesa, nos quais estamos já presentes".

A transacção deverá agora ser aprovada pelas autoridades competentes.

Actualmente, a Galp Energia está presente na actividade de distribuição de produtos petrolíferos em África, nomeadamente Angola, Cabo-Verde, Guiné-Bissau e Moçambique.

Em 2007, as vendas da actividade internacional cresceram 38 por cento, para os 369 mil metros cúbicos, nos segmentos de retalho, vendas grossistas, gás propano liquefeito (GPL) e lubrificantes (Fonte: RTP, 2008-05-06).