sábado, 20 de setembro de 2008

Angola: Avaria no campo Plutónio faz cair exportação de petróleo angolano


Uma avaria no campo Plutónio vai fazer com que as exportações de petróleo de Angola caiam 10 por cento em Novembro para o valor mais baixo dos últimos nove meses, informou a agência noticiosa Bloomberg.


A agência cita petrolíferas como a BP, Total, Chevron e outras que prevêem exportar um total de 1,76 milhões de barris diários em Novembro, abaixo do recorde de 1,96 milhões de barris previstos para Outubro.


A agência adianta que a previsão é a mais baixa desde Fevereiro deste ano, em que Angola tem exportado uma média de 1,9 milhões de barris diários, a quota atribuída pela Organização de Países Exportadores de Petróleo.


Angola afirmou-se este ano como o maior produtor petrolífero da África sub-saariana, ultrapassando a Nigéria, cuja produção tem sido afectada por ataques armados contra as infra-estruturas produtivas, nomeadamente da Royal Dutch Shell.


Para o aumento deste ano contribuem principalmente a subida das exportações dos campos Mondo (mais 93,6 por cento, para 122,6 mil barris diários) e Cabinda (mais 29 por cento, para 245,16 mil barris).


Segundo estatísticas da BP, no ano passado Angola produziu 1,72 milhões de barris de petróleo, atrás dos 2,36 milhões de barris diários da Nigéria (Macauhub, 2008-09-18).

São Tomé deve mudar lei para aceitar Galp, diz presidente


A entrada da Galp Energia na exploração de petróleo em São Tomé e Príncipe exige que se "dê um jeito" na lei do setor, que o atual governo está em condições de fazer, disse o presidente do arquipélago, Fradique de Menezes.


As declarações de Menezes foram feitas em Lisboa, durante a apresentação do Guia do Investidor para São Tomé e Príncipe, elaborado pelo Instituto da Terra da Universidade de Columbia, dos EUA.


A instituição também participou da elaboração da lei são-tomense do petróleo, afirmou que o objetivo "não é alterar" a legislação, mas apenas permitir "o tipo de negócios" pretendido pela petrolífera portuguesa, que pode passar por um ajuste direto, contornando a obrigação de licitações públicas.


Além da Galp, o consórcio poderá ainda integrar as petrolíferas estatais do Brasil e de Angola."Com a atual maioria parlamentar de que dispõe o primeiro-ministro, Rafael Branco, estão reunidas as condições para dar um jeito à lei. Não para alterar, não é isso que se pretende. (...) Espero que [o projeto da Galp] possa ir avante", afirmou o presidente são-tomense, sem adiantar que tipo de modificações podem ser introduzidas.



Propostas

Fradique de Menezes reclamou ter "batalhado" desde o início pela criação de um consórcio lusófono que incluísse também a Petrobras e a Sonangol, além da petrolífera são-tomense, mas lembrou que a obrigatoriedade de licitações públicas visa aumentar a transparência na adjudicação de licenças de exploração."Fomos muito rápidos, fizemos uma lei que ultrapassa as nossas possibilidades", afirmou o presidente de São Tomé e Príncipe.


O penúltimo governo são-tomense, chefiado por Tomé Vera Cruz, chegou a apresentar no Parlamento uma proposta de alteração da lei de receitas petrolíferas, que regula a atribuição de licenças na zona econômica exclusiva são-tomense.


A medida criaria um mecanismo de ajuste direto em casos excepcionais, tendo contado então com oposição de forças políticas como o Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe/Partido Social Democrata (MLSTP-PSD), do premiê Rafael Branco.


Branco contestava a forma como o processo foi conduzido, por um governo que considerava ter "os dias contados", e afirmava não ver "razões legítimas" para a alteração. Na apresentação do Guia do Investidor para São Tomé e Príncipe, o presidente do Conselho de Administração da Galp, Francisco Murteira Nabo, afirmou que o projeto está nas mãos da administração da petrolífera."Estamos disponíveis para fortalecer relações, [o projeto] é do interesse do governo português", afirmou Murteira Nabo, também represente do governo luso na petrolífera (Fonte: Agência Lusa, 2008-09-19).

Lula promete fortalecer Petrobras e critica privatização parcial


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou hoje a privatização parcial da Petrobras e prometeu fortalecê-la e prepará-la para a nova era energética do país. "Temos 62% das ações vendidas. O Governo só tem 38% das ações. Menos mal que não tiraram do Presidente da República o direito de designar o presidente da Petrobras e sua direção", disse Lula.


A companhia foi parcialmente vendida nos anos 90, durante o Governo de Fernando Henrique Cardoso (1994-2002), em meio a uma onda de privatizações na América Latina, que vivia uma crise econômica.


Segundo Lula, foi um erro se desfazer do patrimônio público em momentos em que o Brasil tinha problemas de balanço de pagamentos. "Em uma crise, não se deve vender nada porque vai vender mais barato. Nunca aceitei a idéia de que para resolver um problema seria preciso criar outro problema", disse o presidente durante um ato oficial em uma nova plataforma petrolífera da companhia.


O tema da propriedade acionária da Petrobras ganhou maior relevância nos últimos meses, quando a empresa anunciou descobertas de enormes jazidas de petróleo e gás natural na camada pré-sal.


Essas reservas poderiam chegar a entre 50 bilhões e 80 bilhões de barris, o que colocaria o Brasil entre as dez maiores potências petrolíferas do mundo na próxima década, segundo o Governo.


Duas destas jazidas, com até cerca de 12 bilhões de barris, foram descobertas por um consórcio formado pela Petrobras (40%), a portuguesa Galp e a britânica BG. "Não tenho nada contra a Petrobras ter ações na bolsa, mas a verdade é que é uma empresa estratégica para a construção da soberania de um país", ressaltou Lula.


O presidente ainda destacou que agora o país terá que fazer altos investimentos para extrair o óleo e o gás encontrados e transformá-los em mais emprego, saúde, ciência e educação. "Necessitamos fazer com que o resultado seja partilhado entre todos. Se não, uns ficam mais ricos e outros mais pobres", acrescentou o presidente, ao afirmar que as novas descobertas são uma oportunidade para corrigir erros históricos na distribuição da riqueza no Brasil. "Estamos só começando, mas vamos transformar este país. Vamos fortalecer a Petrobras e ter uma indústria petrolífera muito forte no mundo", prometeu o chefe de Estado.


Lula liderou a cerimônia oficial de lançamento da plataforma P-53, com capacidade para produzir 180 mil barris de petróleo por dia, armazenar dois milhões de barris e comprimir seis milhões de metros cúbicos de gás natural.


A gigantesca estrutura foi construída durante mais de dois anos no estado do Rio Grande do Sul, a um custo de US$ 1,3 bilhão.


Ela será instalada no campo Marlim Leste, na Bacia de Campos, a 120 quilômetros do litoral do estado do Rio de Janeiro, a principal província petrolífera do país.

Sua capacidade instalada equivale a 10% da produção atual de todo o Brasil e, segundo a Petrobras, será fundamental para manter a auto-suficiência do petróleo e deve começar a operar ainda em 2008, após ser gradualmente conectada a 13 poços produtores de petróleo e gás em águas de 1.080 metros de profundidade (Fonte: Globo, 2008-09-18).

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Brasil: Programa de capacitação para indústria de petróleo seleciona 42 mil em novembro


O Plano Nacional de Qualificação Profissional do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp) vai abrir, em novembro, seleção pública para capacitação de 42.402 pessoas para o mercado de petróleo e gás.


Os selecionados serão capacitados ainda este ano. O objetivo do Prominp, programa coordenado pelo Ministério de Minas e Energia, é capacitar cerca de 112 mil profissionais nos próximos três anos.


A próxima seleção será em julho de 2009, quando serão abertas 22.545 vagas. As informações são do coordenador-executivo do Prominp, José Renato Ferreira de Almeida, que participou nesta quinta-feira (18) da Rio Oil & Gas, feira e conferência sobre petróleo e gás natural.


Almeida ressaltou que a capacitação é importante em função do crescimento do mercado de petróleo. Ele lembrou que, para o desenvolvimento das atividades do setor petróleo, no país, serão feitos investimentos de US$ 128 bilhões nos próximos quatro anos - US$ 97,4 bilhões da Petrobras e US$ 30,6 bilhões das demais operadoras.


O Prominp projeta que haverá um pico de demanda de 110 mil profissionais no mercado, até 2012, com as novas encomendas na área de petróleo e gás. "As indústrias brasileiras atendem 75% de nossas demandas. O que queremos é garantir que, com o aumento da procura, este percentual seja mantido", justificou.


Mesmo sem levar em conta as demandas do pré-sal, houve um crescimento de 42,8% na expectativa inicialmente prevista da demanda por mão-de-obra especializada. Inicialmente, esta expectativa de pico de demanda de profissionais era de 77 mil.


O coordenador apresentou um mapa geral de competitividade da indústria, onde o Prominp avalia que as indústrias de alta competitividade devem aumentar sua infra-estrutura e capacidade fabril, enquanto as de média competitividade - além de ampliar a infra-estrutura – precisarão investir no avanço tecnológico.


Almeida recomendou, ainda, que, para os bens que não são produzidos no Brasil - a exemplo de motores e turbinas a gás – hajam iniciativas no sentido de atrair indústrias estrangeiras ou de desenvolver fornecedores locais (Fonte: JC Online / Agência Brasil, 2008-09-18).

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Exploração do pré-sal se viabiliza com petróleo a US$ 70, diz estudo


A exploração do petróleo existente sob a camada de sal no Brasil, que exigirá pesados investimentos das companhias envolvidas, será viabilizada mesmo que a cotação do barril caia para o menor patamar de uma projeção de longo prazo, até 2035, feita pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).


Segundo o estudo da EPE, o piso para o barril nas próximas décadas, previsto entre US$ 70 e US$ 75, foi estabelecido considerando o custo do atual produtor marginal - ou daquele último que entra no mercado para equilibrar a oferta e demanda - e está acima do valor que permitiria a extração no pré-sal. "As informações que a gente tem da Petrobras é que (este piso) viabiliza. A Petrobras andou declarando que mesmo um preço de US$ 35 ou US$ 40 o barril deixa viável o pré-sal", declarou nesta quinta-feira (18) Giovani Machado, um dos autores da pesquisa, após palestra na Rio Oil & Gas.


Ele acrescentou ainda que toda companhia do setor trabalha com a visão do preço futuro. "Ela faz uma análise a um preço muito mais baixo, justamente para o caso de eventuais mudanças em todas as condições."


De acordo com Machado, as projeções de preços levam em consideração o tamanho da demanda, a estratégia da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e as restrições futuras para atender aquela demanda.


Projeções

A projeção da EPE indica que o petróleo fecharia na média anual em US$ 102 o barril, mas cairia nos próximos anos, especialmente com uma queda na demanda no principal mercado consumidor, os Estados Unidos, e também com uma mudança de estratégia da Arábia Saudita, que elevaria a sua produção.

O especialista afirmou que alguns documentos indicam que a Arábia Saudita, o maior produtor, tem 268 bilhões de barris no subsolo e não vai querer "morrer com petróleo na mão", na medida em que os preços estratosféricos registrados em julho passaram a impactar negativamente na demanda, ao mesmo tempo viabilizando o desenvolvimento de combustíveis alternativos e renováveis.

Os preços do petróleo atingiram em julho um pico próximo de US$ 150 por barril na bolsa de Nova York, mas perderam quase um terço de seu valor devido à contaminação da crise financeira nos mercados de commodites.

A turbulência, iniciada no setor hipotecário dos EUA, levou muitos especuladores do mercado de commodities, especialmente os bancos e os fundos de investimento, que apostavam numa alta de preços, a liquidarem suas posições para perder menos nos futuros (Fonte: Globo, 2009-09-19).

Portugal: Ministro quer ver preços dos combustíveis a reflectirem baixa das cotações do petróleo


O Ministro da Economia, Manuel Pinho, defendeu hoje que os preços dos combustíveis devem reflectir a redução das cotações do petróleo nos mercados internacionais.


Em declarações aos jornalistas à margem da Conferência sobre Energias Renováveis, na Fundação Oriente, Manuel Pinho considerou "positiva" a descida dos preços do petróleo, mas defendeu que ela deve ser reflectida nos preços dos combustíveis.


O ministro afirmou que "há alguma carga especulativa feita pelas petrolíferas internacionais" que tem impedido a redução dos preços dos combustíveis, apesar da baixa dos preços do petróleo.


O petróleo Brent, de referência para Portugal, abriu hoje em queda acentuada no mercado de futuros de Londres, com o barril para entrega em Novembro a perder 3,56 dólares. A descida, a mais importante dos últimos quatro anos, colocou o barril de Brent a 90,68 dólares.


Desde a semana de 08 de Julho, quando atingiu o máximo de 133,18 dólares (84,45 euros), que os preços do petróleo têm estado a cair nos mercados internacionais. Os preços dos cumbustiveis chegaram, em Julho, aos 1,51875 euros por litro a gasolina sem chumbo 95 e a 1,42225 o gasóleo [preços médios do mês de acordo com dados da Direcção Geral de Energia] e desdes então têm vindo a descer, mas mais lentamente que o preço do petroleo.

Os preços de referência na semana passada estavam em torno dos 1,38 euros por litro de gasóleo e 1,456 euros o litro da gasolina sem chumbo 95, que eram sensivelmente os mesmos de Maio, quando o preço do barril de crude estavam entre os 110 e os 120 dólares o barril [70 a 78 euros], segundo os dados da Direcção-Geral de Energia (Fonte: Sapo/Lusa, 2008-09-16).

Brasil: Campo de Iara pode ultrapassar concessão


O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, afirmou ontem que há indícios de que as reservas do campo de Iara, na bacia de Santos, ultrapassam os limites do bloco concedido à empresa. Nesse caso, disse, seria necessário fazer a unitização das áreas. "Dadas as informações que temos hoje, achamos que provavelmente em Tupi estaremos contidos dentro do bloco, e em Iara provavelmente estaremos fora do bloco", afirmou ele, no encerramento da feira Rio Oil & Gas, no Riocentro, na zona oeste do Rio.


Gabrielli não explicou, porém, se os limites do reservatório se estenderiam sobre áreas da União ou sobre outros blocos já concedidos. Nas proximidades de Iara estão os poços de Pirapitanga, Icarapiá, Tambaú, Uruguá e Tambuatá, operados pela Petrobras, e Atlanta e Oliva, operados pela Shell. A legislação brasileira prevê que, nesses casos, é preciso fazer a unitização das áreas. A ANP (Agência Nacional de Petróleo) ficaria responsável por determinar a participação de cada empresa no bloco.


Segundo Gabrielli, porém, os indícios mostram que o projeto piloto de Tupi, o primeiro que vai entrar em operação, não ultrapassa a área concedida. Ele disse que até agora foram concedidos 41 mil dos 112 mil quilômetros quadrados da área com características geológicas do pré-sal. Isso corresponde a 38% do total. "A nação precisa decidir o que fazer, porque 62% de área não concedida permite ao país aumentar a apropriação da renda petrolífera." Ele defendeu, porém, que as empresas que já arremataram blocos na região não sejam prejudicadas com as mudanças. "Elas assumiram riscos importantes e devem ser remuneradas pelos riscos que correram", afirmou o presidente da Petrobras (Fonte: InvestNews/ Folha de Sao Paulo, 2008-09-19)

Para Gabrielli, presidente da Petrobras, não faltará dinheiro para pré-sal


A crise mundial no mercado financeiro poderá trazer um "pouco de trabalho" para a Petrobrás captar recursos para seus projetos no médio prazo, disse ontem o presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, em entrevista após participar do encerramento da Rio Oil & Gas. Segundo ele, porém, a crise não deve se estender ao ponto de prejudicar o financiamento dos projetos do pré-sal, cujos desembolsos devem ser mais intensos na próxima década.


No curto prazo, disse o executivo, os investimentos já estão administrados e não há problemas. "É claro que ninguém é louco de captar recursos no momento", afirmou. Já no médio prazo, poderá haver necessidade de acessar o mercado. "Mas nossos projetos são bons e o mercado sempre está disposto a financiar bons projetos", frisou o executivo.


Em sua palestra na Rio Oil & Gas, Gabrielli traçou um cenário do mercado de petróleo e disse não apostar em mais nenhuma grande queda ou grande alta no preço no mercado internacional. "Os fundamentos são de aperto entre oferta e demanda, que é o principal componente dos preços altos que vivemos nos últimos tempos", analisou. Ele destacou que os contratos não comerciais de petróleo tiveram papel preponderante nas grandes oscilações do mercado nos últimos anos. "A especulação tem seu sentido porque os fundamentos não podem explicar como nesses três meses o preço do petróleo vai para US$ 147 e chega a US$ 91", comentou.


Na opinião do executivo, porém, não há mais espaço para que os preços caiam para níveis do início dos anos 2000, quando oscilavam abaixo dos US$ 30 por barril, por conta do crescimento da demanda maior do que a oferta e dos altos custos de insumos para o setor. O planejamento estratégico da companhia - que está sendo revisto e deve superar os US$ 112 bilhões previstos até 2012 - indica que os projetos são robustos com o preço do petróleo em US$ 35 por barril, valor que deve ser alterado na nova versão do plano, que será divulgada em outubro. Para o futuro, ele destacou o aperto entre oferta e demanda e as dúvidas a respeito do comportamento do mercado, que hoje é mais influenciado por países em desenvolvimento e de fora da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) do que no passado. Ele também citou a capacidade de expansão dos países tradicionalmente não produtores e os biocombustíveis. "Estamos entrando em um momento em que o futuro vai depender muito mais do desconhecido. A dinâmica de formação de preços e do mercado tenderá a se modificar."Além da pouca distância entre oferta e demanda, disse ele, a variação ocorre pela entrada e saída rápida de capital de outros mercados nas compras de petróleo.


Outros componentes nesse cenário serão as dúvidas a respeito do comportamento do mercado, que hoje é mais influenciado por países em desenvolvimento e de fora da Opep do que no passado, bem como a capacidade de expansão dos países não tradicionalmente produtores, de alternativas não convencionais ao petróleo e ao gás. Pela manhã, em cerimônia de batismo da plataforma P-53, no Rio Grande do Sul, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, José Sérgio Gabrielli destacou que a crise financeira internacional ainda não chegou a afetar a estatal diretamente. Ele observou que o mercado de crédito está se contraindo, mas avaliou que os projetos "que têm sustentabilidade sempre encontrarão financiamento". Mesmo que a oferta de crédito fique menor, o executivo avaliou que os projetos da Petrobrás são "bons e poderemos conseguir financiamento" (Fonte: Estadão, 2008-09-19).

Petrobras: preço do petróleo ainda não afeta, mas crise pode ameaçar investimentos


Os desdobramentos da crise de crédito que vem derrubando os mercados acionários começam a afetar as perspectivas operacionais das companhias. Vislumbrando um horizonte de grande volume de investimentos para a exploração das reservas do pré-sal, a Petrobras ( PETR4 , PETR3 ) já considera repensar seu plano de investimentos para a região.


No evento Rio Oil & Gas, em que a estatal expõe diversas opiniões a respeito de suas atividades, seus executivos comentaram a atual conjuntura econômica internacional de um ponto de vista cauteloso. Pedro Bonésio, gerente-executivo de Finanças da companhia, admitiu que a crise deve impactar as captações de recurso.


Ainda assim, deixou claro que o plano de investimentos da Petrobras não será afetado no curto prazo. Mas tendo em vista o horizonte estipulado para estes investimentos, o médio e longo prazo pode demandar uma alteração da estratégia.


Outra vertente que preocupa diz respeito à cotação do petróleo. O cenário de redução dos patamares de consumo em nível global tem acarretado expressivas desvalorizações aos contratos da commodity, fonte de receitas da estatal.


Petróleo ainda não incomoda


Após bater na casa de US$ 145 por barril em Nova York, o petróleo já opera abaixo de US$ 100 no mercado internacional. Segundo comentários de Bonésio à imprensa, os projetos da companhia suportam as variação no preço e os atuais patamares da cotação ainda não prejudicam os futuros investimentos previstos.


Comentários anteriores do presidente da companhia, José Sergio Gabrielli, já apontavam para a mesma direção. Gabrielli ressaltou que novas captações não serão necessárias no curto prazo, mas podem virar problema se a crise se estender, o que viria a limitar a capacidade de financiamento da estatal (Fonte: Yahoo Notícias, 2008-09-17).

Importação de gás da Bolívia continua importante


O superintendente de Gás e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Gelson Serva, considera que, mesmo com a elevação da produção de gás no Brasil a partir da exploração no pré-sal, a importação de gás da Bolívia continuará sendo importante para o país. Isso porque a produção de gás no caso do pré-sal ocorrerá associada à produção de petróleo, ficando sujeita à variação da exploração do óleo e a problemas técnicos de compressão, tratamento e separação do petróleo. Mas é certo, segundo Serva, que a dependência em relação à produção boliviana vai diminuir, até porque ela deixará de representar metade do consumo nacional, e passará a equivaler a menos de um quarto em 2017, quando a demanda interna (excluindo a região norte) deve chegar a cerca de 140 milhões de metros cúbicos de gás por dia.
- Proporcionalmente, a dependência da Bolívia vai ser reduzida. Mas quando nós tivermos uma ampliação da oferta de gás do pré-sal, que é um gás associado à produção de petróleo, o gás da Bolívia vai ser fundamental para poder fazer o equilíbrio da oferta, pois existe uma variação natural no sistema de produção de petróleo. Então, nos próximos 20 anos, a importância do que é importado vai ser menor, mas será um elemento relevante para a estabilidade de mercado, garantindo os níveis de oferta, que foi o que efetivamente fez o mercado do Sudeste deslanchar - afirmou nesta terça-feira na Rio Oil & Gas.


O sócio diretor da consultoria Gás Energy Marco Tavares, que participou da mesma mesa de debates que Serva, criticou o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, que na semana passada disse que o país terá 60 usinas nucleares em 50 anos. Segundo ele, essa idéia contraria o planejamento desenvolvido pela EPE para os próximos anos e afasta ainda mais os investimentos para a construção de termelétricas a gás. Tavares criticou a visão de que as termelétricas devem ser acionadas apenas nos momentos de seca, para compensar a queda de geração de energia nas hidrelétricas.


- A concepção de que as termelétricas devem funcionar complementarmente às hidrelétricas não atrai investidores. O volume de gás que eu vamos ter no futuro é tão grande que temos que desenvolver um modelo para o gás. Não é para ele ser complementar à energia elétrica. Isso afasta investimentos e, assim, vamos continuar importando carvão, vamos construir 60 usinas nucleares - disse (Fonte: O Globo Online, 2008-09-16).

Pré-sal mais que dobrará demanda por aço e pessoal


A demanda por profissionais qualificados e por aço, importante matéria-prima para a construção de navios, refinarias e sondas de exploração petrolífera, mais que dobrará com o pré-sal, em relação ao atual plano de negócios da Petrobras, afirmou um especialista da estatal.
José Renato de Almeida, coordenador-executivo do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp), chegou a essa conclusão fazendo uma simulação do impacto que os projetos já anunciados pela Petrobras terão para a demanda, em vistas das descobertas de petróleo sob a camada de sal.
"A necessidade passa de 1 milhão de toneladas de aço ao ano para 2,6 milhões de toneladas. A demanda de pessoas, como você tem projetos em lugares diferentes, é cumulativa. Então, a necessidade de qualificação, que era de 112 mil pessoas, tem um novo pico sinalizando cerca de 260 mil pessoas", disse Almeida a jornalistas, após sua conferência na Rio Oil & Gas.
De acordo com ele, essa demanda não inclui a necessidade que será gerada com a produção do petróleo na camada pré-sal e considera apenas atividades de exploração e refino já previstas.
A Petrobras já anunciou a construção de 40 sondas de perfuração (12 serão feitas no exterior), de 146 barcos de apoio, além de cinco refinarias - as duas premium (uma no Ceará e outra no Maranhão); a da Comperj, no Rio; a de Abreu e Lima, de Recife; e a ampliação da refinaria no Rio Grande do Norte.
De acordo com o coordenador do Prominp, a definição exata da demanda de equipamentos e profissionais poderá ser feita após o anúncio da revisão do plano estratégico da Petrobras, esperado para outubro deste ano.
"Quando a gente fala de pré-sal, envolve todo um plano de desenvolvimento da produção, o que estamos falando não tem plataforma", destacou ele, referindo-se aos cálculos feitos pelo Prominp.
Segundo ele, como a Petrobras precisa perfurar poços para delimitar os campos, ela já tomou a decisão de contratar a construção das 40 sondas.
A demanda por pessoal poderá variar dependendo da escolha dos locais para a construção de estaleiros, por exemplo.
"Os barcos de apoio, se forem feitos no Rio, já tem uma margem de pessoas, se for feito no Nordeste, tem que preparar gente nova", afirmou, lembrando que o tempo de construção também influenciará nos números.
"Temos uma infra-estrutura de formação profissional robusta. Na verdade, o nosso problema hoje é escala. Os trabalhadores que vamos precisar são os mesmos que a gente já tem, os equipamentos que vamos usar nas instalações, salvo algumas exceções, também... Mas o pré-sal significa aumento de escala."


INDÚSTRIA PEDE PLANEJAMENTO

A indústria de máquinas do Brasil diz ser capaz de atender boa parte das demandas para o pré-sal, mas avalia que há necessidade de um planejamento e de um estreitamento de relação entre a operadora petrolífera e as empresas produtoras de equipamentos.
"O que precisamos quando falamos do desafio de trabalhar em conjunto, e isso já está ocorrendo, é ter a informação antes da hora (sobre a necessidade de equipamentos)", afirmou José Velloso Cardoso, vice-presidente da Abimaq.
Cardoso disse ainda que a indústria de máquinas não teria problemas para ampliar a sua capacidade de produção, mas seria importante contar com mecanismos que permitam um maior capital de giro para as empresas. "A capacidade a gente resolve."
Ele concordou com a forte capacidade de geração de empregos traçada por Almeida, mas destacou que isso poderia ser ainda maior se o mercado de trabalho crescesse em atividades qualificadas como a de engenharia, e não apenas na indústria de cascos de navios.
Ricardo Pessôa, conselheiro da Abemi (entidade que reúne fornecedores), ressaltou que o setor nunca esteve tão "demandado", uma situação que supera a vivida na década de 70, em que o crescimento esteve acelerado.
"A indústria sempre antecipou as suas necessidades, mas jamais imaginou que iríamos chegar nesse ponto", declarou ele, reforçando que o governo tem que dar atenção especial para o desenvolvimento de tecnologias para o pré-sal. "Não temos engenharia para competir, isso tem que ser incentivado" (Fonte: O Globo Online, 2008-09-17).

Feira de tecnologias e serviços do setor de petróleo e gás é encerrada no Rio


O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, encerra hoje (18), às 16h, no auditório do Centro de Conferências do Riocentro, a 14ª edição da Rio Oil & Gas, feira de tecnologias e serviços do setor de petróleo e gás. Antes, às 14h30, o gerente executivo da Área de Negócios Internacionais da empresa, Samir Awad, fala no painel A Questão de Acesso de Reservas: Cooperação entre Companhias Nacionais e Internacionais de óleo. No mesmo horário, o secretário de Petróleo, Gás e Biocombustível do Ministério de Minas e Energia, José Lima de Andrade Neto, fala no painel Evolução da Regulação do Gás Natural: Impactos e Tendências (Fonte: Agência Brasil, 2008-09-18).

Os produtores africanos e seu melhor cliente*


A Indústria do Petróleo africana, que figura a cada dia mais importante geopoliticamente, caminha hoje entre o tênue fio que separa o potencial desenvolvimento de um país da submissão econômica. Seus produtores mais significativos são Líbia e Argélia (países do norte africano) e Nigéria e Angola (situados na costa oeste da África Subsaariana).

Altamente dependentes do petróleo, esses quatro produtores africanos respondem por estimadamente 9% da produção mundial, com uma produção diária de 8 milhões de barris. No que se refere às reservas, os quatro representam cerca de 8% das reservas mundiais, uma vez que estas totalizam 100 bilhões de barris. Dos quatro, somente Angola possui um R/P baixo. No quesito “consumo”, o quadro muda, pois quase todo o petróleo é para exportação. O consumo diário dos quatro produtores não totaliza sequer 1 milhão de barris/dia ( 876 mil por dia) – ou seja, cerca de 10% de sua produção. Entretanto, cabe ressaltar que este quadro poderá se modificar através das mudanças que certamente virão com as novas perspectivas econômicas e políticas.

Os caminhos de saída do continente africano favorecem os principais produtores. Enquanto Líbia e Argélia se beneficiam do Mar Mediterrâneo para atingir o mercado europeu, Nigéria e Angola têm à sua disposição o Oceano Atlântico, o qual lhes possibilita exportar com tranqüilidade também para as Américas (em 2007, as exportações de Angola para o Brasil praticamente duplicaram graças ao petróleo). O Egito, apesar de possuir reservas bem mais modestas, é largamente compensado por seu potencial logístico. Seu grande trunfo é o Canal de Suez, principal passagem africana para o mercado asiático. O canal detém tanto valor que chegou a ser o estopim para a segunda crise do petróleo (quando, em 1956, Gamal Nasser decidiu nacionalizar o Canal de Suez).

A situação dos dois principais “pares” de produtores é bastante distinta. Enquanto Líbia e Argélia estão posicionados entre os melhores IDHs do continente, Nigéria e Angola apresentam níveis baixos e sofrem com sérios conflitos internos (Angola vive em estado de paz nos últimos anos, o que torna as previsões mais otimistas). O único fio que realmente une estes países é a forte competição econômica envolvendo China e EUA, ambos investidores pesados do continente (a Índia, outro país em desenvolvimento, também investe, no entanto de maneira menos expressiva).

Dependendo das circunstâncias, esta competição pode ser saudável para a África. Na Líbia, país onde o nível de pobreza é baixo em comparação a países vizinhos, a força do Estado e a relativa consistência da economia impedem que os fortes investimentos americanos (e agora chineses) coloquem o país sob jugo estrangeiro e ao mesmo tempo garantem que os contratos internacionais sejam cumpridos. Na Argélia, onde a China ainda tem dificuldades para penetrar, a situação é semelhante, ainda que os EUA tenham bases militares instaladas no país.

Para os países subsaarianos, a situação é mais complexa. A Nigéria é um exemplo bastante ilustrativo: envolvida em conflitos internos, marcada pela pobreza e pela fragilidade da economia nacional, pode vir a tornar-se um alvo fácil para o domínio estrangeiro. Por ora, tanto a Nigéria quanto outros países subsaarianos vêm aproximando-se da China, aproveitando-se da postura chinesa de auxiliar na reconstrução do continente (ao mesmo tempo em que ocupa seu espaço no mercado africano). Em 2004, o crescimento do comércio entre China e África foi de impressionantes 50%, o que prova não ser por acaso a recente decisão dos chineses de injetar dois bilhões de dólares em Angola para a construção de infraestrutura offshore.

Apesar da expressiva produção, o consumo de petróleo dos países africanos é quase insignificante. Há poucas refinarias na África e a distribuição de combustíveis é limitada. Tomemos como exemplo a indústria automobilística: somando os quatro maiores produtores (Líbia, Argélia, Nigéria e Angola), não chegamos nem a quatro milhões de automóveis; com o mesmo número de habitantes (192 milhões de habitantes), a frota do Brasil é de quase 50 milhões de veículos.

É importante lembrar que a China, que tanto ambiciona o petróleo africano para atender sua demanda crescente (contribuindo para uma preocupante disparada nas cotações), também olha com atenção para o mercado consumidor africano. A China investe pesadamente em sua Indústria Automobilística e – com seus preços “tradicionalmente” baixos – poderá, em um futuro não muito distante, revolucionar a frota de automóveis africana. Isso sem contar com os investimentos destinados ao downstream, a ampliação da malha rodoviária, a geração de empregos e o aumento de renda (ou seja, tudo que é necessário para estimular o aumento da frota e, conseqüentemente, do consumo de derivados).

O aumento da frota mundial de veículos tende a crescer, e esta é apenas uma das ramificações de mercado a serem exploradas a partir do petróleo africano. Uma tendência que se pode apontar a partir da questão africana é a manutenção das elevadas cotações do petróleo. Esta tendência poderia ser freada se a produção mundial e o descobrimento de novas reservas viessem a aumentar consideravelmente, mas essas são situações que não dependem somente de questões técnicas e objetivas. Tudo dependerá de fato da geopolítica intercontinental, a cada dia mais complexa.


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Na próxima semana abordaremos as questões que envolvem a exploração e produção do petróleo na América do Norte, comentando particularmente os casos do Alasca (EUA) e do Canadá. Demonstraremos como, mesmo em uma região de grande tranqüilidade internacional, o petróleo ainda encontra obstáculos dentro da própria organização política, econômica e social do país produtor.


* Publicação e divulgação integral deste artigo estão autorizadas desde que sejam preservados os créditos de autoria e mantido inalterado o conteúdo.

(Fonte: Clube do Petróleo).

Exploração e Produção no Hemisfério Norte*

Em 1956, o geólogo da Shell M. King Hubbert previu durante uma conferência o auge e posterior declínio das reservas americanas a partir do final dos anos 60 e início dos anos 70. Com o passar das décadas, sua teoria comprovou-se na prática e os EUA passaram a temer o fim de suas reservas. Hubbert, no entanto, desconhecia o petróleo do Alasca, estado que hoje é a grande promessa dos EUA em termos de reservas. Embora a quantidade precisa de barris a serem explorados na região seja nebulosa e pouco divulgada por órgãos americanos, é provável que seja o suficiente para manter o nível de produção do país por mais algum bom tempo (os americanos permanecem como os terceiros maiores produtores do mundo). Apenas na National Petroleum Reserve a estimativa é de mais de 10 bilhões de barris.

No entanto, alguns obstáculos para que esse petróleo passe de fato a assumir um papel de destaque na produção nacional colocam-se no caminho. O principal deles diz respeito a questões ambientais. Cercada por reservas, a região já sofreu com o grave derramamento da Exxon Valdez em 1989 (até hoje considerado um dos mais traumáticos da História) e com mais um derramamento em 2006 (de menores proporções, mas suficiente para despertar a atenção dos órgãos de proteção ambiental). A pressão vem sendo muito forte por parte dos ambientalistas e – ainda que não impeçam o avanço nos projetos de coligação entre os dutos do Alasca e do Canadá – fazem com que investidores e políticos re-avaliem os benefícios de seguir por este caminho.

A pressão recai especialmente sobre os republicanos, acusados de querer aumentar a produção americana a qualquer custo. A escolha da governadora do Alasca Sarah Palin para integrar a chapa de John McCain é um indício das intenções republicanas, embora o atual governo esteja optando por investir no Golfo do México e fortalecer relações com o Canadá. Uma alternativa capitaneada pelos democratas para atenuar a demanda americana concerne o investimento em bioenergia. Por outro lado, apesar da capacidade americana de produzir o etanol a partir do milho, a quantidade de grãos necessária para produzir combustível de qualidade satisfatória é alta, o que leva a um aumento de preços preocupante para os criadores de gado e ativa os protestos de quem clama ser absurdo plantar energia no lugar de comida.

O Canadá vive uma situação semelhante ao Alasca em relação à questão ambiental. Extraído do arenito betuminoso, o mais promissor petróleo canadense (com reservas estimadas em 175 bilhões de barris) produz pelo menos cinco vezes mais dióxido de carbono, dentre outros danos relacionados ao ar, ao solo, às florestas e à água (a organização não-governamental Greenpeace posiciona-se como um dos mais ferrenhos adversários deste método de produção do petróleo). O gasto com gás natural também é extremamente alto; vale lembrar que os dispêndios atuais seriam o suficiente para alimentar 3,2 milhões de casas (isto se formos nos basear em dados atuais, desconsiderando o futuro aumento de produção).

Outra dificuldade para a extração do petróleo canadense é o custo de produção (o arenito betuminoso é mais caro de refinar e o aproveitamento do material bruto costuma ser menor). Durante muito tempo, devido à falta de tecnologia apropriada, a produção foi barrada por não gerar lucro. Mesmo hoje – quando o custo de extração baixou consideravelmente e o índice de recuperação saltou de 10% para 25% - existe a preocupação com a queda no preço do barril e com os altos investimentos necessários para habilitar uma infraestrutura capaz de suportar a produção em larga escala. O projeto canadense é produzir 4.8 milhões de barris/dia em 2020, o que lhes colocaria entre os 5 maiores produtores de petróleo do mundo.

Logisticamente, o Canadá não tem do que reclamar. Próximo de seu principal consumidor, os EUA, o país pode exportar facilmente seu petróleo através do Atlântico para a União Européia e, em um futuro próximo, poderá também transportá-lo até a China (falta ainda uma rede de dutos que leve o petróleo até o Pacífico). Hoje uma das principais discussões que envolvem o petróleo canadense é exatamente acerca do destino desse petróleo: enquanto alguns defendem que o Canadá se torne um exportador praticamente exclusivo dos EUA, apoiando-se na longa e fértil relação entre ambos os países, outros enxergam nas “areias oleosas” uma oportunidade de reforçar a independência econômica do Estado em relação aos vizinhos.

Como podemos constatar, o problema do petróleo no Hemisfério Norte – ao contrário da maior parte dos produtores – já não é a disputa com vizinhos ou as dificuldades de transporte (embora tais questões sempre existam). Daqui a algum tempo, com novos avanços tecnológicos, talvez nem mesmo a infraestrutura seja mais tão cara. E então o problema continuará sendo, acima de tudo, a responsabilidade internacional de dois países de primeiro mundo em buscar soluções para atender às suas necessidades e interesses, sempre de grande dimensão, sem causar um grande prejuízo ao planeta.


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(Fonte: Clube do Petróleo)