sábado, 8 de setembro de 2007

Petrobras analisa expansão de fontes alternativas de energia

O diretor de Gás e Energia da Petrobras e professor titular do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (USP), Ildo Sauer, analisou, nesta terça-feira (04), durante a Escola de Governo, a evolução das matrizes energéticas mundiais e os desafios para a consolidação do mercado de gás natural no Brasil - que atualmente representa 10% da matriz energética nacional.“A face do planeta está mudando. Passamos da era do carvão e da era monopolista do petróleo, com a formação dos grandes cartéis, para a era do gás natural. Há um progresso a seguir, mas o gás já participa da matriz e está se integrando de maneira harmônica ao processo de utilização de recursos energéticos”, declarou. Ele coordena, desde 2003, a mudança de foco da empresa e ampliação do mercado de gás natural.O setor de Gás e Energia da Petrobrás investirá, até 2011, US$ 17,6 bilhões - sendo US$ 11 bilhões no segmento de exploração e produção, voltado à ampliação da cadeia de gás, e o restante na ampliação da malha de gasodutos do país, visando aumentar em 14% por ano o consumo do gás natural. DESCENTRALIZAÇÃO – De acordo com Sauer, a expansão do consumo do gás natural no Brasil só está sendo possível com a participação da Petrobras, que se preocupou em investir na descentralização da produção de biodiesel, gerando oportunidades para a agricultura familiar. “A Companhia tem investido em unidades de produção de biodiesel a partir de óleos vegetais, em que atuamos cooperativamente em regiões mais deprimidas. Por exemplo, em propriedades onde se produzia apenas carne, leite e grãos, agora, inseriu-se a cana-de-açúcar, gerando um subproduto”, explicou Sauer. Segundo ele, a produção da matéria-prima para a fabricação de biocombustível cresce muito no Brasil. Apenas em 2006, usinas de álcool brasileiras produziram 17,8 bilhões de litros. O país conta com 288 unidades na região Centro-Sul, sendo 221 delas produtoras de açúcar e responsáveis por 91% da produção nacional de etanol, e outras 79 unidades na região Norte e Nordeste.Sauer explicou que muitos investidores estrangeiros estão construindo unidades de produção de biodiesel a partir de óleos vegetais no Brasil. “Aqui, o custo para produzir 20 litros de biocobustível é de US$ 0,20 (vinte centavos de dólar). Nos Estados Unidos, para produzir a mesma quantidade o custo é de US$ 0,40 e na Europa, US$ 0,60”, demonstrou. Já em relação à área de plantio para a produção de 3 mil hectares de cana, por exemplo, nos EUA é necessário ocupar 96% da área agrícola ou 44% do território/ano. “A mesma produção, aqui no Brasil, corresponde a 13% da área agrícola ou 4% do território”, comparou. VÍNCULOS - Com o tema central “Energia e Estado”, Sauer propôs novo debate sobre “Biocombustíveis – a teoria das vantagens comparativas 200 anos depois”; “As velhas energias e os fantasmas da reforma liberal” e “Aquecimento global - ciência e interesses de Estado”. Segundo ele, a divisão dos temas foi feita a partir de discussão proposta pela Revista Carta Capital, sendo que os dois primeiros suplementos já foram publicados na coleção Retratos do Brasil e encartados na publicação.Para Sauer, existem vínculos históricos nas transformações das matrizes energéticas naturais, surgidos há 2 mil anos. Esses vínculos foram reforçados com a primeira revolução industrial, que tinha como matriz energética a madeira, e posteriormente, com a segunda revolução com o carvão até chegar ao capitalismo, com cartéis que monopolizam o petróleo. AQUECIMENTO GLOBAL – Sauer lembrou que as reservas mundiais de gás natural como carvão, petróleo e urânio não são renováveis. “Esta visão é importante, porque utilizamos um trilhão de barris de petróleo retirados do centro da terra e ainda temos dois trilhões. Mas, atualmente, retiramos 90 milhões de barris ao dia - ou seja, em 25 anos, nossas reservas terão sido consumidas totalmente”, contou Sauer. Ele contrapôs com os índices de geração de energia sobre a Terra, onde o sol é responsável por 99,98% da energia que chega ao planeta, enquanto a fotossíntese (energia gerada pelas plantas) contribui com apenas 0,23%.“Ao fazermos uma simulação no globo terrestre vemos que a maior parte da energia gerada por plantas (fotossíntese), concentra-se na América Latina, África e parte da Ásia, ou seja, regiões com maior potencial para geração de biodiesel”, destacou o diretor. Em relação ao aquecimento global Sauer criticou pessoas que, segundo ele, polemizam o aquecimento global sem uma análise efetiva dos gases que contribuem para o aquecimento da atmosfera e muitas vezes para encobrir interesses financeiros. (Agência Estadual de Notícias)

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