segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Histórico da exploração petrolífera na porção emersa de Timor-Leste

A exploração petrolífera no Timor-Leste iniciou-se de forma incipiente na primeira década do século passado, na sua porção emersa, através do aproveitamento artesanal de exudações naturais e a perfuração de três poços: Pualaca e Ranoco em 1910 e Mata-Hai em 1914. A profundidade final destes primeiros poços foi muito rasa, variando entre 140 e 170 metros. A lógica para essas perfurações foi a presença adjacente de exudações superficiais de óleo. Esse primeiro ciclo exploratório encerrou-se em 1972. Ao longo do período, foram perfurados cerca de 23 poços, a maior parte por uma empresa australiana chamada Timor Oil Ltd., entre 1957 e 1972. Foram investidos cerca de 100 milhões de dólares norte-americanos, sem sucesso comercial. Entretanto, numerosos indícios de óleo e gás foram reportados, incluindo quatro poços que produziram entre 3 e 110 barris de óleo por dia.

São conhecidas e descritas no Timor-Leste, cerca de 30 localidades onde ocorre pemanente exudação de gás e óleo leve na superfície do terreno. As exudações de gás localizadas em Aliambata, sub-districto de Viqueque, são as mais significativas. Nessas ocorrências, sob financiamento e coordenação do Banco Mundial, uma empresa Neozelandesa, Sinclair Knight Merz, conduziu um estudo de campo preliminar em abril de 2005. Nesse teste de viabilidade, a empresa concluiu que para cada pé cúbico de gás produzido por segundo, poderia ser gerado 130 a 275 kW de energia eléctrica, que permitiria suprir entre 1.300 e 2.750 domicílios residenciais. Sob estimulação, a produção poderia atingir 5 pés cúbicos por segundo, e a exudação poderia suprir electricidade para cerca de 6.500 a 13.000 casas. O sucesso deste teste é encorajador para a avaliação do potencial de outras ocorrências dessa natureza e a implantação de projecto piloto.


A Lei das Actividades Petrolíferas prevê a concessão de autorizações para a exploração das ocorrências de hidrocarbonetos acima descritas, as chamadas Autorizações de Uso de Percolação. Tais autorizações podem ensejar oportunidade de aproveitamento energético desses recursos em bases individuais ou comunitárias, colaborando com o acesso a fontes locais de energia.

As campanhas exploratórias conduzidas na porção terrestre do Timor-Leste foram basicamente focadas nas exudações superficiais e mapeamentos de superfície, além de 9 levantamentos gravimétricos, alguma cobertura de métodos magnetométricos e muito pouco dado de relflexão sísmica, estes adquiridos apenas em 1974. Dados geofísicos adquiridos posteriormente pela empresa indonésia Pertamina, não estão disponíveis.

Com base nos fortes indícios da existência de hidrocarbonetos no território emerso de Timor-Leste, na limitada cobertura de dados geológicos/geofísicos e na incipiente exploração a que essa região foi submetida, fica clara a necessidade de estímulo a investimentos nessa área.
O governo do Timor-Leste estuda a possibilidade do lançamento, ainda em 2007, de uma rodada de licitação para contratos de exploração e produção de petróleo em blocos localizados na porção emersa. A área promete.

Nenhum comentário: