quarta-feira, 29 de julho de 2009

Perspectivas para o petróleo


O relatório do mercado do petróleo no médio prazo, divulgado terça-feira pela Agência Internacional de Energia (IEA), mostra que até os especialistas desse organismo da OCDE têm dificuldade de fazer projeções, tal o grau de incerteza sobre a economia global. Em vez de um cenário básico, a IEA fez duas projeções, uma otimista, baseada na recuperação esperada pelo Fundo Monetário Internacional, e outra pessimista, supondo um período prolongado de baixo crescimento econômico.


No melhor cenário, o PIB mundial crescerá 1,8%, em 2010, e cerca de 5% ao ano, entre 2011 e 2014. A demanda de petróleo avançará 1,4% ao ano, atingindo 88,99 milhões de barris/dia, em 2014, ante 83,21 milhões de barris/dia, neste ano, e 85,76 milhões, em 2008. Haverá, neste caso, menor capacidade ociosa e a perspectiva de forte volatilidade de preços.


No pior cenário, o PIB crescerá 1,1%, em 2010, e cerca de 3% ao ano, até 2014 a demanda do bruto crescerá 0,5% ao ano, chegando a 84,9 milhões de barris, apontando para preços mais baixos da commodity.


Os preços do petróleo leve tipo WTI chegaram a US$ 147 o barril, há um ano, caíram para perto de US$ 35, em dezembro, e agora estão próximos de US$ 70 o barril. Mas não se sabe se a recuperação recente dos preços é sustentável, advertem os analistas. A alta, notam, pode ser consequência da recomposição de estoques dos setores de atividade que mais dependem da matéria-prima.


Uma das maiores incógnitas está no excedente de capacidade dos países exportadores reunidos na Opep, que atendem a cerca de 35% da demanda global. Esse excedente, que influencia os preços, foi estimado em 1,67 milhão de barris/dia e, agora, em 7,78 milhões de barris/dia ou 8% da oferta global, para 2010.


Como notou o diretor executivo da IEA, Nobuo Tanaka, ao jornal Financial Times, "se a economia crescer muito mais rápido, o mercado poderá ficar muito apertado e nós poderemos ver uma capacidade sobressalente muito menor em 2014".


Os preços do petróleo são vitais para produtores como a Rússia, cujo PIB de 2009 poderá cair 7,9%, como prevê o Banco Mundial, e a Venezuela, onde a estatal PDVSA está lançando títulos no montante de US$ 3 bilhões, endividando-se ainda mais para pagar fornecedores.


No Brasil, o aumento da produção da Petrobrás, estimado em 670 mil barris/dia, entre 2008 e 2014, será decisivo para o crescimento da oferta na América Latina, calculado pela IEA em 847 mil barris/dia (Fonte: Estadao, 2009-07-05).

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