segunda-feira, 15 de junho de 2009

Galp torna-se maior acionista da Enacol


A petrolífera portuguesa Galp Energia se tornou a maior acionista da Empresa Nacional de Combustíveis (Enacol) de Cabo Verde, decisão que está criando polêmica, principalmente pela "insatisfação" da angolana Sonangol.


A decisão foi tomada em abril em uma assembleia-geral da Enacol, mas mantida em sigilo, uma vez que só foi revelado publicamente que a Galp Energia subiu a sua participação acionária de 33,2% para 45,03%, enquanto a Sonangol passou de 33,2% para 38,13%.


O jornal A Semana, num artigo intitulado "Galp assume controle da Enacol, Sonangol fala em golpe", escreve que o descontentamento da parte angolana foi manifestado na própria assembleia-geral, onde foi aprovado também o aumento de três para cinco o total de administradores.


Desse grupo, três são destacados pela empresa portuguesa - que ficou também com a direção do Conselho Fiscal e da Mesa da Assembleia Geral -, um pela angolana e um pela parte cabo-verdiana.


"Detentora de 45,03% do capital social da Enacol (…) e com os acionistas minoritários a primarem pela ausência durante a reunião da Assembleia Geral, bastou à Galp uma maioria simples para impor a sua vontade", diz o jornal A Semana, que cita fontes oficiais.


Segundo o jornal, a "atitude" da Galp Energia "desagradou" à Sonangol, uma vez que a empresa angolana e portuguesa têm um acordo para os assuntos mais importantes, como a eleição de novos administradores, que devem ser concertados antes da assembleia-geral.



Disputa


Logo após a nomeação dos novos administradores, acrescenta-se no jornal, a parte angolana manifestou, em plena assembleia-geral, que a Galp Energia "não cumpriu", razão pela qual a Sonangol referiu que "vai ver o que se pode fazer para reverter a situação".


A luta entre a Galp Energia e a Sonangol pelo controle da Enacol é já antiga, mas a empresa portuguesa, em 2008, conseguiu obter a maioria das ações depois de adquirir 6,2% delas que obteve, via Bolsa de Valores de Cabo Verde, pela Caixa Banco de Investimentos (CBI).


Pouco depois, as ações da Enacol acabaram por valorizar em demasia e, em 4 de dezembro de 2008, a Bolsa de valores de Cabo Verde foi obrigada a suspender as transações bolsistas, que só seriam retomadas a 14 de janeiro deste ano.


Em março, o Estado cabo-verdiano alienou a sua participação na empresa por uma Operação Pública de Venda (OPC), que envolveu 28% do capital social, mantendo apenas uma golden share, de 2,13%, o que lhe permite ter uma palavra decisiva em questões estratégicas.


"Os acionistas minoritários, com 14,7%, e o Estado de Cabo Verde estão na base da pirâmide, mas os acionistas minoritários podem fazer desequilibrar a balança desde que marquem presença das reuniões da assembleia-geral", remata o A Semana (Fonte: Agência Lusa, 2009-06-12).

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