quinta-feira, 21 de maio de 2009

Petrobras define crédito de US$ 10 bi com banco chinês


A Petrobras e o Banco de Desenvolvimento da China (BDC) assinaram ontem o contrato de financiamento de US$ 10 bilhões que serão utilizados no programa de investimentos da estatal brasileira. Segundo maior empréstimo individual obtido pela companhia, a operação eleva a captação de recursos nos primeiros cinco meses de 2009 a US$ 30 bilhões, um valor recorde, três vezes maior do que o registrado no ano de 2008. O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, afirmou que os US$ 30 bilhões suprem as necessidades de financiamento da companhia pelos próximos dois anos. Além dos US$ 10 bilhões do BDC, a estatal obteve US$ 12 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), US$ 6,5 bilhões com um sindicato de bancos e US$ 2 bilhões com o Eximbank.


Segundo Gabrielli, a taxa de juros cobrada pelos chineses está abaixo dos cerca de 6,5% a 7% incidentes nas captações da companhia de prazo semelhante ao do empréstimos do BDC, que será pago em dez anos. O menor custo decorre do fato de que o empréstimo tem como garantia a receita da venda de petróleo da estatal brasileira para a chinesa Sinopec, também fechado ontem, com prazo idêntico.


A Petrobras fornecerá 150 mil barris de petróleo por dia neste ano e 200 mil barris/dia a partir de 2010, quantia que será mantida por nove anos. Isso significa que o financiamento não será pago por meio da entrega de petróleo, como se esperava inicialmente, mas está vinculado à venda do produto durante a vigência do contrato.


Com essas quantias, a Petrobras vai mais que triplicar o volume de exportações para a China, hoje em 60 mil barris/dia. As negociações para os dois acordos tiveram início em novembro de 2008. Os detalhes finais foram definidos em reunião que começou na manhã de segunda-feira e só terminaram às 6h30 de ontem, a tempo de os contratos serem assinados na presença dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hu Jintao.


A cerimônia ocorreu no Grande Palácio do Povo, em Pequim, depois de reunião de trabalho entre os dois presidentes e ministros. No total, foram assinados 13 documentos, entre os quais acordos de cooperação em diversas áreas.


Gabrielli afirmou que o contrato não está condicionado à compra de máquinas e equipamentos da China. Ainda assim, a empresa deverá realizar operações desse tipo. Segundo ele, várias fabricantes chinesas de máquinas e equipamentos manifestaram interesse de instalar plantas no Brasil para suprir a demanda da estatal, que poderia usar parte do financiamento para pagá-las.


Além da Petrobras, o BDC dará linha de crédito de US$ 800 milhões ao BNDES e de US$ 100 milhões ao Itaú BBA. Os dois bancos atuarão como agentes repassadores dos recursos a empresas brasileiras, com prioridade a projetos relacionados de alguma forma à China.


O BDC também fechou acordo com o Banco do Brasil (BB), que permitirá à instituição brasileira repassar recursos do banco chinês a clientes que tenham negócios com o país asiático. Segundo o gerente regional do BB na Ásia, Admilson Monteiro Garcia, as operações devem beneficiar importadores de produtos da China, mas não está descartada a concessão de crédito para a exportação e realização de investimentos (Fonte: Ultimo Segundo - IG/Agencia Estado, 2009-05-20).

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