terça-feira, 1 de julho de 2008

Guiné-Bissau: Duas empresas alegam compra do mesmo gasóleo ao Estado


Cinco milhões de litros do gasóleo oferecidos à Guiné-Bissau pelo Japão estão no centro de uma acesa polémica com duas empresas a reclamarem que teriam comprado o mesmo produto, numa altura em que há crise do gasóleo no país.


No passado mês de Maio, chegaram ao país cinco milhões de litros do gasóleo, uma oferta do governo japonês à Guiné-Bissau no âmbito do apoio à balança de pagamentos.


O gasóleo, em forma de donativo, seria colocado no mercado para que o dinheiro resultante do negócio pudesse resultar em receitas para o Estado.


O Ministério das Finanças constituiu uma comissão para a negociação do gasóleo, que terá sido vendido a duas empresas diferentes.


O administrador do grupo Belinca, Abel Incada, diz que foi o comprador da totalidade do gasóleo que se encontra armazenado nos depósitos da empresa CLC, na zona do porto de Bandim, subúrbios de Bissau.


Idrissa Djaló, administrador da Total Fina Elf, em Bissau, afirmou, por seu turno, que a sua empresa também comprou 300 mil litros do gasóleo oferecido pelo governo japonês.


Nos últimos dias instalou-se a polémica entre a administração das duas empresas que reclamam a compra do mesmo gasóleo.


O agravante, segundo as duas empresas, é o facto de o gasóleo não ter sido entregue a qualquer uma delas, situação que, alegam, está a motivar a penúria do produto no mercado guineense.


O Procurador-Geral da República (PGR), Luís Manuel Cabral, afirmou que o caso "parece ter contornos de crime" pelo que já deu instruções aos magistrados para que apurassem as circunstâncias da venda do gasóleo no centro desta nova polémica."Parece-me que o mesmo gasóleo, que é um donativo público, terá sido vendido a várias empresas", disse Luís Manuel Cabral à saída de uma reunião com os responsáveis da comissão dos concursos públicos do Ministério das Finanças.


Para Luís Manuel Cabral, a Procuradoria não pode aceitar que o gasóleo oferecido ao país esteja no centro de uma "polémica desnecessária" ao ponto de privar os consumidores deste produto que "alimenta" o país, nomeadamente, 80 por cento do parque automóvel da Guiné-Bissau (Fonte: Expresso / Lusa, 2008-06-10).

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