quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Importação de gás da Bolívia continua importante


O superintendente de Gás e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Gelson Serva, considera que, mesmo com a elevação da produção de gás no Brasil a partir da exploração no pré-sal, a importação de gás da Bolívia continuará sendo importante para o país. Isso porque a produção de gás no caso do pré-sal ocorrerá associada à produção de petróleo, ficando sujeita à variação da exploração do óleo e a problemas técnicos de compressão, tratamento e separação do petróleo. Mas é certo, segundo Serva, que a dependência em relação à produção boliviana vai diminuir, até porque ela deixará de representar metade do consumo nacional, e passará a equivaler a menos de um quarto em 2017, quando a demanda interna (excluindo a região norte) deve chegar a cerca de 140 milhões de metros cúbicos de gás por dia.
- Proporcionalmente, a dependência da Bolívia vai ser reduzida. Mas quando nós tivermos uma ampliação da oferta de gás do pré-sal, que é um gás associado à produção de petróleo, o gás da Bolívia vai ser fundamental para poder fazer o equilíbrio da oferta, pois existe uma variação natural no sistema de produção de petróleo. Então, nos próximos 20 anos, a importância do que é importado vai ser menor, mas será um elemento relevante para a estabilidade de mercado, garantindo os níveis de oferta, que foi o que efetivamente fez o mercado do Sudeste deslanchar - afirmou nesta terça-feira na Rio Oil & Gas.


O sócio diretor da consultoria Gás Energy Marco Tavares, que participou da mesma mesa de debates que Serva, criticou o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, que na semana passada disse que o país terá 60 usinas nucleares em 50 anos. Segundo ele, essa idéia contraria o planejamento desenvolvido pela EPE para os próximos anos e afasta ainda mais os investimentos para a construção de termelétricas a gás. Tavares criticou a visão de que as termelétricas devem ser acionadas apenas nos momentos de seca, para compensar a queda de geração de energia nas hidrelétricas.


- A concepção de que as termelétricas devem funcionar complementarmente às hidrelétricas não atrai investidores. O volume de gás que eu vamos ter no futuro é tão grande que temos que desenvolver um modelo para o gás. Não é para ele ser complementar à energia elétrica. Isso afasta investimentos e, assim, vamos continuar importando carvão, vamos construir 60 usinas nucleares - disse (Fonte: O Globo Online, 2008-09-16).

Nenhum comentário: