sábado, 31 de janeiro de 2009

Petróleo nosso, um afrodisíaco


Se olharmos o passado, a Petrobras nunca se meteu em aventuras. Sempre foi cautelosa em anunciar descobertas ou o aumento de suas reservas, de forma conservadora. O melhor exemplo disso é o comportamento adotado na questão do petróleo do pré-sal no litoral de Santos.


Em 2001, os levantamentos por satélite do Geological Survey dos Estados Unidos, já apontavam a localização de importantes jazimentos de óleo a grande profundidade na região da bacia de Santos, em volumes que podiam chegar a 30 bilhões de barris.


Desde então a Petrobras se dedicou a pesquisar com mais intensidade a área, atraindo discretamente parcerias privadas nacionais e estrangeiras, até que as perfurações exploratórias confirmaram a existência de óleo e gás em escala comercial.


Os primeiros anúncios oficiais datam de três ou quatro anos atrás, sempre com números conservadores em relação aos volumes mas hoje não é mais segredo que a soma das descobertas comprovadas está em torno de 80 bilhões de barris. Para se ter uma ideia, semana passada o presidente da Exxon (maior empresa mundial de petróleo), que se associou à exploração de uma pequena área de Tupi, deixou o Brasil calculando que tem lá entre 8 e 10 bilhões de barris. É algo equivalente ao que nós temos hoje em reservas.


Há quem levante dúvidas sobre nossa capacidade técnica e quanto às limitações financeiras para a extração, transporte e industrialização do óleo e gás em grandes profundidades e à distância de 200 ou 300 quilômetros da costa. A Petrobras apresentou um programa bem razoável de exploração, equilibrado, que vai atrair investimentos tanto nacionais como do exterior, estimulados pela demanda do setor nos próximos anos.


Quanto aos recursos tecnológicos, a Petrobras tem uma liderança mundial na exploração a grandes profundidades no mar e nossa indústria já alcançou um estágio de sofisticação que lhe permite atender à substanciais encomendas de equipamentos.


O certo é que vai ter uma demanda nova para a fabricação de equipamentos para o setor de petróleo que a nossa indústria terá que atender. Obviamente que uma parte das encomendas será suprida por fabricantes estrangeiros. Acredito que alguns terão que se instalar aqui para aproveitar as oportunidades de um negócio com enorme potencial de crescimento.


Joelmir Betting no jornal da TV Bandeirantes esta semana, com seu habitual senso de humor, referiu-se ao "efeito afrodisíaco" que plano estratégico da Petrobras para 2009/2013 vai exercer na economia brasileira. É uma boutade perfeitamente adequada, pois o programa do pré-sal tem tudo para se tornar o estímulo que faltava para a aceleração do crescimento pelos próximos anos, garantindo à atual geração de brasileiros que o processo não será interrompido nem por crises de energia nem por déficits em conta corrente.


Vai exigir trabalho inteligente - sem afobações ou surtos midiáticos - e paciência necessária para a maturação do programa que deverá atingir a "velocidade de cruzeiro" daqui a seis ou sete anos.


Não vai depender somente da Petrobras, mas principalmente de ajustes na política de juros, para reduzir as atuais taxas dos níveis indecentes que só o Brasil pratica, a alguma coisa próxima a 3% ao ano reais, como existe nos demais países (Fonte: Diário Comércia Indústria, 2009-01-30).

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