segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Entre a fome, a sede e os carros (cap. I)

A partir da próxima segunda-feira, o Clube do Petróleo inicia uma série de artigos apresentando algumas tendências geopolíticas e ambientais que prometem marcar as discussões das próximas décadas e definir os rumos da nova organização mundial. Pretendemos, através de um compreensivo estudo, chegar a um modesto e objetivo rascunho do que acontece hoje à nossa volta, bem como traçar perspectivas futuras e, naturalmente, observar possíveis maneiras de lidar com esta nova realidade.
Em um primeiro momento, buscaremos analisar a questão do preço crescente dos alimentos – levando em conta seu vínculo (geralmente esquecido) com nossa própria cultura alimentar – e também expor o quanto pequenos sacrifícios em nossos hábitos alimentares já poderiam minimizar de maneira significativa a demanda dos recursos naturais necessários (incluindo a água e a energia gerada a partir do petróleo, vital para o processo de “produção” dos alimentos).
Outra temática será a água e seu desperdício, essencialmente devido ao uso inadequado, à má distribuição e à desastrosa e crescente poluição. Interessante observar como o maior potencial de água do planeta costuma estar devidamente preservado em regiões onde não se aglomeram grandes populações, em contrapartida com a água escassa e geralmente poluída das regiões mais densamente povoadas. O ponto de suma importância é exatamente pensar como faremos para reduzir a poluição e garantir que estes recursos hídricos fluam até os lugares onde a demanda é maior.
Teremos oportunidade de analisar também a crise energética mundial, explorando em especial a questão da balança de produção/consumo, a qual aparentemente acusa um desequilíbrio de complexa reversão, uma vez que, apesar do elevado preço do petróleo, a frota de automóveis mundial continua em rápida expansão (potencializada pelo aumento progressivo da frota chinesa e indiana). Tanto a China quanto a Índia, assim como os EUA, mantêm uma política de tributação sobre os derivados que vêm estimulando o consumo, evidentemente agravando a questão.
Outro foco de nossa atenção – assunto que não poderíamos deixar de analisar em se tratando de uma nova ordem mundial – será a evolução econômica da China e as maneiras como a nova potência poderá contornar os obstáculos gerados pela falta de recursos naturais finitos (entre eles a água) e sustentar sua expansão meteórica. Sabemos que hoje a potência emergente já coloca-se em busca de fornecedores de petróleo, gás natural e inclusive terras para a geração de alimentos em países do continente africano e até mesmo no vizinho Cazaquistão – o que conseqüentemente nos remete à complexa situação geopolítica envolvendo o Mar Cáspio, região que há muitos anos se apresenta como uma promessa de novas reservas de petróleo e gás suficientes para equilibrar o aumento do consumo mundial e amenizar os graves problemas energéticos do mercado europeu, da China e do Japão.
Será com estes temas e outros pontos em torno deste eixo que contamos poder identificar algumas das mais relevantes causas que limitam a humanidade em seu crescimento objetivo e que a levam a cometer equívocos e ignorar oportunidades relativamente simples de evitar a poluição do solo, da água e do ar. Enquanto esperamos o tempo passar, prosseguimos desperdiçando nossas energias não-renováveis e todo o potencial de nossa espécie (Fonte: Mauro Kahn & Pedro Nobrega - Clube do Petróleo - Leia outros artigos e os primeiros desta série acessando o site www.clubedopetroleo.com.br).

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