sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Angola sem aplicações em “produtos de risco”


O ministro das Finanças, Severim de Morais, garantiu que o país não tem aplicações em produtos de risco no mercado financeiro internacional e que a maior preocupação reside na queda dos preços do petróleo.“É evidente que temos boa parte dos nossos depósitos em bancos correspondentes no exterior, mas não estão aplicados em produtos de risco”, garantiu o ministro, acrescentando que “pode haver uma ligação indirecta com a crise, mas no preço do petróleo”.


O principal produto de exportação de Angola, responsável por mais de 90 por cento das exportações do país e 80 por cento das receitas do Estado, já desvalorizou-se 53 por cento, desde Julho, altura em que atingiu 147, 27 dólares em Nova Iorque. Ontem, o preço caiu para 69,95 dólares em Nova Iorque, o valor mais baixo desde Maio de 2007. “O nosso Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2008 foi elaborado com o preço do barril a 55 dólares e para 2009 temos um preço de 65 dólares. Por isso, ainda não é preocupante, mas estamos a seguir os acontecimentos com muita atenção, para podermos tomar as medidas correctivas necessárias”, garantiu o ministro.


Severim de Morais esclarece que o OGE para 2009 é bastante equilibrado, em termos de receitas e despesas, e visa dar corpo financeiro aos objectivos do programa de médio e longo prazo (2009-2013). O ministro desdramatizou os receios quanto à relação entre os bancos angolanos e a crise internacional. Explicou que o sector financeiro angolano é ainda bastante insípido, com uma bancarização da economia na ordem dos 6,5 por cento. “Isto, até certo ponto, funciona como uma certa protecção contra possíveis crises que surjam no mercado financeiro”, afirmou Severim de Morais, sublinhando que o Banco Nacional de Angola tem exercido forte intervenção no mercado interbancário, através de acções do Departamento de Supervisão Bancária.


Igual posição foi defendida pelo antigo ministro da Indústria e do Trabalho de Portugal, Luís Mira Amaral, durante uma conferência sobre o Acordo de Basileia e a Crise Financeira que decorreu, no princípio da semana, em Luanda, numa organização do Banco Bic. Mira Amaral, que tem o master em Economia e é actualmente presidente do Banco Bic português, disse que os efeitos da crise podem ser sentidos na economia real, com a redução das receitas provenientes do petróleo. Ainda assim, salientou que a queda dos preços das matérias-primas é uma questão conjuntural e que podem subir tão logo a economia aqueça e a procura aumente.


Especialistas afirmam que os preços das principais matérias-primas, incluindo o petróleo, seguem o mesmo movimento de sobe e desce das bolsas, desde que a crise de hipotecas nos Estados Unidos (subprime) atingiu o pico, em Setembro, arrasando os maiores bancos de investimento norte-americanos e espalha agora os seus efeitos ao consumo das famílias e à economia real.


O Banco Mundial prevê que os preços ainda vão subir e se vão manter em alta pelo menos nos próximos três anos, recuando a partir daí por acção das forças do mercado (Fonte: Jornal de Angola, 2008-10).

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