quinta-feira, 12 de junho de 2008

Maiores consumidores de petróleo querem fim dos subsídios ao produto


Ministros de Energia dos maiores consumidores mundiais de petróleo pediram neste sábado, no Japão, o fim dos subsídios aos combustíveis e aumento da produção. Representantes da China, Índia, Coréia do Sul e Estados Unidos e Japão, que juntos consomem mais da metade do petróleo do mundo, não chegaram, contudo, a um acordo sobre como e quando a mudança deve ser feita. O pedido foi feito um dia depois da alta recorde do petróleo desta sexta-feira, quando o barril do petróleo fechou próxmo dos US$ 139.

O secretário de Energia dos Estados Unidos, Sam Bodman, argumentou que boa parte da responsabilidade pela alta do petróleo são os baixos preços na Ásia, onde as economias apresentam rápido crescimento e os subsídios têm promovido um aumento explosivo no consumo nos últimos anos.

- É impressionante, porque a produção mundial de petróleo tem se mantido em 85 milhões de barris diários. Sabemos que a demanda está aumentando porque muitas nações ainda subsidiam o petróleo - afirmou.

O embaixador da Índia disse que não era possível abandonar o controle dos subsídios, que ajudam a proteger a população de mais de um bilhão de pessoas e implicaria risco a estabilidade política e social da região.

- Como um país em desenvolvimento, não temos condição de abandonar totalmente os subsídios - disse Hemant Krishnan Singh, que participaou do encontro representando o ministro de Energia da Índia.

Tentativas recentes de reduzir os subsídios na Índia e na Malásia levaram a greves e confrontos.

Segundo analistas, esse tipo de problema deve se repetir antes do fim da crise causada pela alta nos preços do petróleo e dos alimentos.

Nesta semana, a Índia, Indonésia e Siri Lanka elevaram os preços do petróleo no mercado doméstico, pela segunda vez em dois anos. Mas analistas afirmam que um aumento de 10% tem pouco impacto para deter uma alta acelerada dos preços. A China, segundo maior consumidor de petróleo do mundo, já havia elevado seus preços em meados de 2006 e depois aumentou de novo em 10% em novembro. Os analistas vêem poucas chances do governo daquele país tomar medidas eficazes para combater a inflação. Analistas temem petróleo a US$ 150 em julho.

O salto registrado sexta-feira na cotação do petróleo - que subiu mais de US$ 10 em um único dia, batendo US$ 139,12 - trouxe o fantasma de um barril a US$ 150 às vésperas das férias de verão no Hemisfério Norte. Como mostra reportagem publicada pelo Globo, neste sábado, o banco de investimentos Morgan Stanley afirmou, em relatório, que o barril pode chegar a US$ 150 até 4 de julho, o Dia da Independência nos EUA, em que muitos americanos viajam. Em maio, o Goldman Sachs previra que, em dois anos, o barril chegaria a US$ 200.
"As exportações de petróleo do Oriente Médio estão estáveis, mas a Ásia está tomando uma fatia sem precedentes", afirmou o relatório, lembrando que os estoques americanos já caíram em 35 milhões de barris desde março.

Este ano, os preços do petróleo avançaram 44%, ameaçando o crescimento da economia dos principais países consumidores, incluindo os EUA, já abalados pela crise no mercado imobiliário. Segundo analistas, a dramática alta da commodity tem sido puxada pela demanda da China e de outros emergentes, bem como por investidores buscando proteção contra a desvalorização do dólar e a inflação nas economias desenvolvidas.

A alta do preço da commoditie se deveu ao recuo do dólar frente ao euro, após a divulgação do aumento do desemprego nos Estados Unidos, e às ameaças de um ataque israelense ao Irã. Em Nova York, o barril do tipo leve americano saltou US$ 10,75 (8,41%), para o recorde de US$ 138,54, tendo sido negociado a US$ 139,12 durante o pregão. Nos EUA e no resto do mundo, as bolsas desabaram. O índice DOW Jones recuou 3,1%. A Bolsa de São Paulo caiu 2% (Fonte: O Globo, 2008-06-07).

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