quarta-feira, 18 de abril de 2007

Empresa privada Brasileira inicia produção de petróleo na Bahia

Ivana MoreiraA mineira Egesa começa a produzir nesta semana, no Recôncavo Baiano, 30 barris por dia de petróleo leve. Dentro de 15 dias, deverá fazer o primeiro embarque para um cliente de São Paulo. O investimento em dois poços de plataforma terrestre, que já soma R$ 5 milhões, faz parte do plano estratégico para diversificar os negócios da companhia, uma das grandes empresas de construção pesada do país. Há dois anos, a Egesa começou a apostar em quatro novas linhas de atuação: exploração de petróleo, construção de linhas de transmissão de energia, concessão de limpeza urbana e produção de álcool. A empresa é sócia minoritária, com 10% de ações, na usina de álcool Santa Luzia, em construção em Itumbiara, no Estado de Goiás. Diretor de controle e um dos oito sócios da construtora, José Geraldo Mendes diz que todos os novos investimentos são negócios com grande potencial. Não esconde, porém, seu entusiasmo com o petróleo e o álcool. Faz suas contas numa calculadora e profetiza: "A Egesa Petróleo poderá ser maior do que é hoje a construtora". E completa: "mas é o álcool que vai nos dar dinheiro mais rápido." A usina de Itumbiara, que entrará em operação em 2008, deverá produzir 114 milhões de litros no primeiro ano. A R$ 0,84 por litro, garantirá um faturamento de R$ 95,7 milhões. Como a capacidade da usina pode chegar a 240 milhões de litros, a receita poderá ser de até R$ 200 milhões anuais. O diretor da Egesa - um ex-engenheiro da construtora Mendes Júnior que fez carreira no Iraque, como quase todos os demais sócios - ainda se espanta com a velocidade do negócio de cana-de-açúcar e álcool. Além das ações na usina Santa Luzia, que por sua vez é dona de 20% na usina Cachoeira Dourada, em Sertãozinho (SP), a Egesa detém uma cota de 25% em 10 mil hectares de plantio de cana em Itumbiara. Como a usina só entra em operação em 2008, não faltam propostas para a compra da cana neste ano. De olho nesse mercado, a empresa já está negociando mais terras na região. No negócio do petróleo, os donos da Egesa resolveram entrar em 2005, por pressão de antigos colegas da Mendes Júnior que hoje atuam no setor. Venceram a licitação da Agência Nacional do Petróleo (ANP), com oferta de R$ 3,1 milhões (R$ 400 mil de bônus e R$ 2,7 milhões em investimentos) para explorar dois poços, Araças Leste e Sete Galhos, perfurados pela Petrobras. Já investiram mais do que pretendiam na plataforma mas estão otimistas. O óleo que primeiro jorrou é do poço onde nem a Petrobras, quando explorou a região, chegou a encontrar petróleo. O que significa que são boas as chances de que a Egesa consiga produzir petróleo nos dois poços. No outro, a própria estatal já tinha encontrado óleo. José Geraldo Mendes já trabalha com a perspectiva de produção diária de 100 barris, 50 de cada poço. "US$ 2,16 milhões por ano", traduz ele. No lote da Egesa no Recôncavo Baino há ainda um terceiro poço perfurado pela Petrobras e a possibilidade de investir na perfuração de outros poços. A construtora também não descarta a possibilidade de disputar outras rodadas da ANP. Aparentemente com menor potencial, os dois outros novos negócios da Egesa - limpeza urbana e transmissão de energia - também não fazem feio no balanço financeiro. A divisão que disputa concessões municipais de limpeza urbana faturou R$ 20 milhões no ano passado. Em apenas dois anos, já conseguiu os contratos de cinco cidades da região metropolitana de Belo Horizonte. O mais recente é com Ribeirão das Neves, município de 300 mil habitantes. Para construir duas linhas de transmissão de energia, uma no Mato Grosso e outra no Tocantins, os contratos assinados pela Egesa somaram R$ 70 milhões. Nesta área, a construtora ainda trabalha como prestadora de serviços. Tentou mais ainda não conseguiu vencer a disputa em leilões da Agência Nacional de Energia (Aneel). "Vamos continuar disputando", diz Mendes. Para construir as duas linhas, a Egesa investiu R$ 40 milhões. Metade do dinheiro foi gasto em ativos, equipamentos específicos para este tipo de trabalho. "Agora que temos os ativos, não vamos sair do negócio." A construtora mineira foi fundada em 1962, mas foi depois de 1985, quando os ex-engenheiros da Mendes Júnior assumiram o controle, que ela despontou no mercado da construção pesada rodoviária. No ano passado, a empresa faturou R$ 350 milhões. Para 2007, a meta é crescer 20% e atingir R$ 420 milhões. "Formamos um grupo de pessoas que se conhecem há muitos anos, que têm muita afinidade profissional, por isso os negócios dão certo", avalia o diretor de controle. Para garantir que as coisas continuem indo bem, há uma semana a Egesa assinou contrato com a consultoria Proudfoot. Quer um diagnóstico da gestão, saber onde está acertando e, principalmente, onde pode melhorar. (Valor Econômico)

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